Endividamento com bancos soma 49,5% da renda dos brasileiros

Inadimplência cresce em 2022 e atinge maior nível desde maio de 2020, com destaque para a alta em operações com pessoas físicas

O nível de endividamento no Brasil continua muito elevado. Os últimos levantamentos relacionados a dívidas da população mostram que muita gente sofre para conseguir honrar seus compromissos. E um dos débitos mais recorrentes envolve operações bancárias.

A saber, o endividamento bancário continua afetando a renda dos brasileiros, que já sofrem com inflação e juros elevados. No entanto, vale destacar que o resultado registrado no final do ano passado deu um sinal de otimismo para a população.

De acordo com o levantamento realizado pelo Banco Central (BC), a taxa de dívidas de brasileiros com bancos chegou a 49,5% da renda acumulada nos últimos 12 meses até novembro de 2022. Embora o percentual seja muito alto, ficou levemente inferior ao registrado no final de 2021 (49,7%).

Da perspectiva negativa, o percentual está próximo do recorde, registrado na metade do ano passado, quando a taxa das dívidas atingiu 53,1% no acumulado dos últimos 12 meses. Em síntese, essa foi a maior taxa já registrada pela série histórica, que teve início em janeiro de 2005.

Por outro lado, mesmo com o percentual ainda muito elevado, a taxa vem perdendo ritmo de lá pra cá. Como mostram os dados, os percentuais estão ficando gradativamente menores no país, o que pode ser considerado um reflexo da regressão do nível de endividamento dos brasileiros com instituições bancárias.

A título de comparação, a taxa estava em 41,8% em fevereiro de 2020, último mês antes da decretação da pandemia da covid-19. Isso mostra que a crise sanitária agravou a situação da população, que ficou ainda mais afundada em dívidas, resultando em uma verdadeira crise econômica.

Inadimplência cresce no país

O BC também informou que taxa de inadimplência média registrada pelos bancos nas operações de crédito subiu em 2022. A saber, a taxa passou de 2,3%, em dezembro de 2021, para 3% no final do ano passado. Aliás, esse é o maior patamar de inadimplência desde maio de 2020, quando a taxa chegou a 3,2% no país.

Em resumo, o aumento da inadimplência foi impulsionado pelas operações com pessoas físicas. Isso porque a taxa de clientes com contas e dívidas atrasadas passou de 3%, no final de 2021, para 3,8% em dezembro de 2022.

Da mesma forma, a taxa de inadimplência nas operações com pessoas jurídicas também cresceu no ano passado. Segundo o levantamento, o percentual passou de 1,3%, em dezembro de 2021, para 1,7%, no mesmo período de 2022. A propósito, esse é o maior nível de inadimplência desde agosto de 2020 (1,8%).

Para quem não sabe, a pessoa inadimplente é aquela que possui dívidas ou contas em atraso. A propósito, há alguns fatores que propiciam o aumento da inadimplência entre os consumidores, mas o principal deles é não se atentar à própria saúde financeira, contraindo mais dívidas do que sua renda é capaz de quitar.

Aliás, os dados do BC mostram que as pessoas físicas têm uma tendência maior de cair na inadimplência. Entre as pessoas jurídicas, a taxa é um pouco menor. Ainda assim, ambas as operações estão nos maiores patamares dos últimos anos, o que indica a dificuldade da população em quitar seus débitos em dia.

Juro bancário alcança maior nível em seis anos

O BC também revelou que os juros bancários médios do país chegaram a 42% ao ano em 2022. Essa taxa é a mais elevada desde 2016, quando o país enfrentou uma grave crise econômica, o que fez a taxa média alcançar 51% ao ano.

Todos estes dados refletem as dificuldades que as famílias do país enfrentaram no ano passado. Inclusive, a alta registrada poderia ter sido ainda maior, visto que a taxa média de juros havia chegado a 43,5% em novembro, mas recuou 1,5 ponto percentual em dezembro, para 42%.

A saber, os juros cresceram no país devido ao aumento da taxa Selic. Em suma, o Banco Central elevou em 4,5 pontos percentuais a taxa básica de juro da economia em 2022, de 9,25% para 13,75% ao ano. Em outras palavras, a taxa subiu bem menos que a taxa média de juros com recursos livres, impulsionada pelas operações com pessoa física.

A saber, a Selic é o principal instrumento do BC para segurar a inflação no país. A alta da Selic eleva os juros praticados no país, atingindo a maioria dos setores, inclusive o bancário.

Com isso, reduz o poder de compra do consumidor e, consequentemente, desaquece a economia. Tudo isso para que a inflação caia, pois a demanda fica enfraquecida, mas os efeitos colaterais são bem sérios, como o endividamento e a inadimplência. Por isso, é importante ficar atento à própria saúde financeira para fugir destes números.

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