Endividamento CRESCE no Brasil em janeiro; Inadimplência recua

Os brasileiros receberam uma notícia negativa neste mês. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), o percentual de endividamento das famílias do país cresceu pelo segundo mês consecutivo.

Esses avanços sucederam cinco meses de queda, período em que o endividamento caiu para o menor patamar em quase dois anos. Aliás, o percentual geral de 2023 caiu 0,1 ponto percentual (p.p.) em relação a 2022, primeira queda em quatro anos.

Em resumo, 78,1% das famílias do país relataram ter dívidas a vencer em janeiro deste ano. Esse percentual ficou ,5 p.p. acima do nível observado em dezembro de 2023 (77,6%). Em outras palavras, a quantidade de pessoas sofrendo com dívidas e contas atrasadas cresceu novamente no país.

Embora o nível de endividamento tenha avançando em janeiro, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, afirmou que, em aspecto geral, os dados da Peic de janeiro indicam um cenário positivo para 2024.

As pessoas estão conseguindo, aos poucos, quitar suas dívidas para contrair outras e adquirir novos produtos, planejar viagens, enfim, voltar a consumir com mais fôlego“, disse Tadros.

Endividamento continua elevado no país

A saber, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) é responsável pela Peic. A entidade revelou que o endividamento ganhou força no país em janeiro entre as faixas de renda mais baixas.

Por sua vez, o percentual de dívidas entre os consumidores com os maiores rendimentos se manteve estável ou recuou no mês passado. Ainda assim, vale destacar que todas as taxas seguiram elevadas, acima de 70%.

Veja os percentuais de endividamento por faixa de renda em janeiro:

  • Renda de 0 a 3 salários mínimos: 79,2%;
  • Renda de 3 a 5 salários mínimos: 80,2%;
  • Renda de 5 a 10 salários mínimos: 76,4%;
  • Renda superior a 10 salários mínimos: 74,9%.

No mês passado, o endividamento cresceu 1,0 p.p. para as famílias que recebiam até 3 salários mínimos, segundo maior avanço entre as faixas de renda. A saber, a maior alta foi registrada pela segunda faixa de renda, de 3 a 5 salários mínimos, que cresceu 1,4 p.p. Esses resultados fortaleceram a trajetória de alta do endividamento no país.

Em contrapartida, as famílias com renda de 5 a 10 mínimos registraram uma forte queda de 1,9 p.p. do endividamento em janeiro. Apesar dessa redução, o endividamento geral no país cresceu no mês.

Já a última faixa de renda, com mais de 10 salários mínimos, registrou estabilidade no percentual de endividados em janeiro. Essa foi a menor taxa entre todas as faixas de renda, mostrando que as pessoas de maior renda estão com menos dívidas que os brasileiros de renda mais baixa.

Cartão de crédito impulsiona endividamento

A Peic também revelou quais foram os principais tipos de dívidas dos consumidores do país em janeiro. Veja abaixo os percentuais registrados:

  1. Cartão de crédito: 86,8%;
  2. Carnês: 16,2%;
  3. Crédito pessoal: 9,7%;
  4. Financiamento de casa: 8,4%;
  5. Financiamento de carro: 8,4%;
  6. Crédito consignado: 5,8%;
  7. Cheque especial: 4,5%;
  8. Outras dívidas: 2,7%;
  9. Cheque pré-datado: 0,6%.

Cabe salientar que, na comparação com janeiro de 2023, o percentual de endividados no cartão de crédito cresceu 1,0 p.p. no país. Também registraram aumento das dívidas no mês: crédito pessoal (1,6 p.p.), financiamento de casa (1,3 p.p.), crédito consignado (0,6 p.p.) e outras dívidas (0,6 p.p.).

Por outro lado, os seguintes tipos de dívidas tiveram queda em seu percentual em janeiro: carnês (-2,4 p.p.), cheque especial (-0,5 p.p.) e financiamento de carro (-0,1 p.p.).

Cartão de crédito lidera dívidas no país em janeiro, atingindo quase 87% da população
Cartão de crédito lidera dívidas no país em janeiro, atingindo quase 87% da população. Imagem: Fotos Públicas.

Inadimplência recua em janeiro

Embora o endividamento tenha crescido em janeiro, o número de famílias inadimplentes encolheu no primeiro mês de 2024 no país. Segundo os dados da Peic, quase três em cada dez famílias estavam com dívidas atrasadas no país.

A taxa chegou a 28,3% no mês passado, recuando em relação à taxa de inadimplência registrada em dezembro (28,8%). O número também é menor que o observado em novembro de 2022 (29,9%).

As quedas de endividamento e inadimplência nos últimos meses estão sendo possíveis graças a diversos fatores. De acordo com o economista-chefe da CNC e responsável pela pesquisa, Felipe Tavares, o programa Desenrola ajudou muito a reduzir os números no país.

Em janeiro, o Rio Grande do Norte teve o maior nível de famílias com contas em atraso (56,2%), cerca de duas vezes maior que a média nacional. Na outra ponta da tabela, Paraíba teve o menor nível de famílias com contas atrasadas no país (6,3%).

Já em relação às famílias que não terão condições de pagar as dívidas em atraso, a taxa do Brasil ficou em 12,0%. Entre os estados, o Rio de Janeiro apresentou a maior taxa do país (21,5%), enquanto Tocantins teve o menor percentual (1,1%).

Endividamento x Inadimplência

No final do ano passado, o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, explicou que existe uma diferença muito grande entre endividamento e inadimplência.

Endividamento é algo fundamental para o desenvolvimento econômico, pois o crédito é o trampolim do sistema capitalista. A inadimplência é um resultado adverso do endividamento, causado pela renda baixa do brasileiro e pela volatilidade da economia do País“, explicou Tavares.

Por fim, a expectativa para 2024 é que o endividamento cresça no país, sinalizando o fortalecimento da economia brasileira. Já a inadimplência deverá seguir perdendo força, graças ao aumento da renda da população.

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