Brasileiros se ASSUSTAM com aumento dos juros bancários em 2022

Juro bancário alcançou o maior nível em seis anos, com destaque para as operações com pessoas físicas, cuja taxa disparou no ano

Os juros bancários médios do país alcançaram o maior patamar dos últimos seis anos. De acordo com o Banco Central (BC), a taxa média de juros com recursos livres de pessoas físicas e empresas chegou a 42% ao ano em 2022.

A saber, a taxa é a mais elevada desde 2016, quando o país enfrentou uma grave crise econômica, o que fez a taxa média alcançar 51% ao ano. Aliás, os juros saltaram 8,2 pontos percentuais (p.p.) no ano passado, em relação a 2021, que chegou ao fim com uma taxa de 33,8% ao ano.

Embora o aumento tenha sido bastante expressivo, a variação acumulada em 2021 foi ainda maior. Enquanto a taxa média teve alta de 8,2 p.p. no ano passado, o avanço em 2021 foi de 8,4 p.p., maior avanço desde 2015, quando o juro bancário subiu 9,9 p.p.

Todos estes dados refletem as dificuldades que as famílias do país enfrentaram no ano passado. Inclusive, a alta registrada poderia ter sido ainda maior, visto que a taxa média de juros havia chegado a 43,5% em novembro, mas recuou 1,5 ponto percentual em dezembro, para 42%.

A propósito, o Banco Central (BC) divulgou os dados nesta sexta-feira (27). Em suma, o indicador da entidade financeira não inclui os créditos habitacional, rural e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Juros disparam para pessoas físicas

Segundo o BC, a taxa média de juros cobrada nas operações com empresas alcançou 23,1% ao ano em 2022. Isso representa um aumento de 3,4 p.p. na comparação com dezembro de 2021, quando a taxa encerrou o ano em 19,7% ao ano.

Por sua vez, os juros médios cobrados nas operações com pessoa física disparara, 10,8 p.p. em 2022. Em resumo, esse avanço foi mais de três vezes superior à variação registrada nas operações com empresas.

Isso fez a taxa média de juros passar de 45% ao ano em 2021 para 55,8% ao ano em 2022. Aliás, tanto o avanço dos juros médios quanto o das operações com pessoa física avançaram mais que a taxa Selic no ano passado. Apenas as operações com empresas tiveram uma alta mais tímida.

A saber, os juros cresceram no país devido ao aumento da taxa Selic. Em suma, o Banco Central elevou em 4,5 pontos percentuais a taxa básica de juro da economia em 2022, de 9,25% para 13,75% ao ano. Em outras palavras, a taxa subiu bem menos que a taxa média de juros com recursos livres, impulsionada pelas operações com pessoa física.

Para quem não sabe, a Selic é o principal instrumento do BC para segurar a inflação no país. A alta da Selic eleva os juros praticados no país, reduzindo o poder de compra do consumidor e desaquecendo a economia. Assim, a inflação tende a cair também, pois a demanda fica enfraquecida.

Isso acontece porque os juros de diversos setores, como o bancário e o imobiliário, também sobem. Com isso, o consumidor se vê obrigado a modificar seus hábitos, reduzindo o consumo, que, consequentemente, desacelera a atividade econômica do país.

Como os juros a serem pagos são mais elevados que no ano anterior, muita gente prefere fugir dessas modalidades. Ao mesmo tempo, como a inflação também estava elevada, a renda acaba mais corroída, e os brasileiros precisam pagar mais caro por itens que, anteriormente, custavam bem menos.

Cuidado com o cartão de crédito

O BC também revelou as variações registradas pelo cheque especial e pelo cartão de crédito. No caso do cheque especial, a taxa média de juro cresceu 4 pontos percentuais, de 127,9% ao ano em 2021 para 131,9% ao ano em 2022. Em resumo, esse avanço foi menor que a alta da taxa Selic, mas o patamar seguiu bastante elevado no país.

No entanto, o grande destaque ficou com a variação do cartão de crédito rotativo, cuja taxa média de juros cobrada pelos bancos disparou 61,9 pontos percentuais. A saber, as pessoas que recorreram a essa modalidade se viram diante de juros de 409,3% ao ano em 2022, ante uma taxa de 347,4% ao ano no final de 2021.

Em síntese, esse foi o maior patamar desde agosto de 2017 (428% ao ano). Como a linha de crédito é muito cara, os analistas recomendam que o consumidor a evite, seja qual for a situação em que estiver.

Vale destacar que o rotativo é a linha de crédito pré-aprovada no cartão, o que facilita o seu uso pelas pessoas. Além disso, o rotativo inclui saques feitos na função crédito do meio de pagamento. Contudo, esses benefícios não compensam os juros, que são extremamente altos.

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