Selic subiu, a poupança rende mais?

Apesar da ligeira melhora, muitos fatores precisam ser considerados

Talvez você já saiba que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reuniu-se neste mês de dezembro para decidir os novos rumos da taxa Selic. Após considerações dos analistas, chegou-se ao consenso de que a taxa básica de juros deveria sair de 7,75% para 9,25% ao ano.

Essa mudança é significativa para uma das mais tradicionais aplicações do brasileiro: a poupança. Será que ela passa a ser um bom investimento?

Qual é a função da poupança?

A poupança pode ser comparada a uma conta bancária qualquer. Com funções limitadas, ela tem um limite de transações por mês e oferece ao cliente um pequeno rendimento mensal.

Algumas pessoas não sabem que, ao abrir sua conta em um banco, é como se você estivesse emprestando dinheiro para ele. Por sua vez, a instituição financeira, remunera o cliente com os juros da poupança.

Rendimento da poupança: como funciona?

A regra da taxa de rendimento da poupança foi estabelecida em 2012 pelo Governo. Desde então, a aplicação tem se tornado cada vez menos rentável ao poupador.

Quando a Selic fica acima de 8,5% ao ano (valor que não é superado desde setembro de 2017), os valores guardados na caderneta, depois de 2012, voltam a ter remuneração de 0,5% ao mês, mais a taxa referencial (TR), que hoje está zerada.

Quando os juros estão abaixo de 8,5% ao ano, como tem sido o caso desde setembro de 2017, os recursos da poupança rendem o equivalente a 70% da Selic, acrescidos da TR (igualmente zerada neste momento).

A poupança passa a valer a pena?

Apesar da ligeira melhora do rendimento, lembre-se que o nosso poder de compra é sempre é alterado pela inflação. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) anunciou que a inflação ficou em 10,67% nos 12 meses, encerrados em outubro. Dessa forma, quem tem dinheiro na poupança está perdendo poder de compra.

Especialistas explicam que a melhora na taxa de rendimento não torna a caderneta de poupança mais vantajosa do que aplicações de renda fixa, como títulos do Tesouro Selic, CDBs (Certificado de Depósito Bancário) e até fundos DI (aplicações com a união de capital de vários investidores).

Isso acontece porque a alta da Selic não impacta somente a rentabilidade da poupança, mas também a de outros ativos pós-fixados atrelados à ela e ao CDI (Certificado de Deposito Interbancário), explica Arley Matos da Silva Junior, analista de investimentos do Santander.

“A rentabilidade da poupança fica limitada a 0,50% ao mês mais a TR, enquanto os produtos pós-fixados atrelados à Selic e ao CDI irão acompanhar o movimento dos juros futuro.” – fala o analista para a Exame Invest.

Poupança: rendimento mensal x diário

Outra característica que influi no rendimento da poupança em relação a outras aplicações é a sua falta de liquidez. Isso acontece porque a remuneração da poupança é mensal, e a forma de remuneração de CDBs e do Tesouro Selic é diária.

Dessa maneira, caso o investidor resgate o dinheiro antes da data de aniversário da caderneta, ele fica sem o rendimento daquele mês. Isso a torna desvantajosa para quem precisar do dinheiro de forma rápida.

Histórico da poupança no Brasil

Na década de 90, mesmo com o confisco do dinheiro dos poupadores, o índice da poupança foi utilizada no controle da inflação. Então, o seu valor era alto.

Hoje, como a taxa Selic faz esse controle,  a TR passou a ser apenas um índice de reajuste para as aplicações e empréstimos.

Estando a TR zerada desde o segundo semestre de 2017, o rendimento da poupança se torna ainda menor.  Sem contar que, em 2015 e 2016 a caderneta perdeu para a inflação, ao invés de render.

Tendências da poupança para 2022

Segundo o Relatório de Mercado Focus, a desvantagem entre a caderneta de poupança em relação a outras aplicações de renda fixa deve aumentar em 2022. A projeção afirma que a Selic alcançará o percentual de 11,25% ao ano no primeiro trimestre de 2022, e assim permaneça até o fim do ano.

Outro ponto importante diz respeito à TR. É provável que ela deixe de ficar zerada no próximo ano, pois historicamente a taxa fica positiva nesse patamar da Selic. Mas ainda assim, é esperado que a TR não alcance um nível que concorra com a atratividade dos outros investimentos também atrelados à Selic.

Opções mais rentáveis que a poupança

Agora que você se informou sobre o rendimento da poupança, pode ser que considere ir em busca de ativos mais rentáveis, buscado a melhor alternativa para o seu dinheiro.

Investimentos seguros e mais rentáveis que a caderneta de poupança

Muitos ainda preferem a poupança por sua segurança, com a proteção do Fundo Garantidor de Credito (FGC).

Só que existem também muitos investimentos que possuem exatamente a mesma garantia.

A seguir, conheça aplicações tão seguras quanto a poupança, mas que rendem muito mais:

CDB

O CDB é o Certificado de Depósito Bancário. Ele é um título de renda fixa emitido pelos bancos.

A sua taxa de rentabilidade pode ser de duas formas: prefixada ou pós-fixada.

A primeira consiste em uma taxa fixa. Por exemplo, de 7% ao ano. Esse rendimento é garantido até a data do resgate.

A taxa pós-fixada está atrelada a um indexador da economia, como o CDI ou o IPCA.

Caso deseje sacar o valor em um curto prazo, existe a opção do CDB com liquidez diária. É uma boa opção para fazer uma reserva de emergência, pois permite o resgate a qualquer momento.

LC

A LC (Letra de Câmbio) é emitida por uma financeira. Por isso, essa aplicação tende a oferecer taxa de rentabilidade mais atrativa. Principalmente para aplicações de longo prazo.

Tanto a LC como o CDB estão sujeitos ao pagamento da alíquota do Imposto de Renda. Isso acontece de forma automática, sem que você tenha trabalho. Mesmo assim, os rendimentos líquidos superam em muito os da poupança.

LCI e LCA

A LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e a LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) são outras duas opções de renda fixa.

Emitidas pelos bancos, contam com a vantagem de isenção de impostos.

Tesouro Direto

O Tesouro Direto é um é um título público, então, o governo é quem paga os retornos.

Pode ser considerado como a aplicação mais segura do país, com menos riscos até que a poupança. Com apenas R$ 30,00 você pode começar a investir nele.

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