Endividamento das famílias CAI no Brasil pela primeira vez em 2023

Os brasileiros receberam uma notícia animadora nesta quarta-feira (9). Pela primeira vez em 2023, o percentual de endividamento das famílias do país caiu. Isso mostra que a quantidade de pessoas sofrendo com dívidas e contas atrasadas foi menor que o do mês anterior.

Em julho de 2023, o endividamento atingiu 78,1% das famílias do país. Esse é o menor patamar desde janeiro, ou seja, em seis meses. Além disso, a queda é a primeira desde novembro de 2022, visto que, em todo o primeiro semestre de 2023, os números só cresceram ou se mantiveram estáveis.

No último ano, o Brasil teve o maior percentual de endividados já registrado pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), e a situação financeira das famílias do país continua complicada neste ano.

Endividamento segue elevado no país

De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), responsável pela Peic, o endividamento perdeu força no país em julho, mas continua muito elevado.

Confira abaixo as taxas de endividamento dos brasileiros nos últimos meses:

  • Janeiro de 2023: 78,0%;
  • Fevereiro de 2023: 78,3%;
  • Março de 2023: 78,3%;
  • Abril de 2023: 78,3%;
  • Maio de 2023: 78,3%;
  • Junho de 2023: 78,5%;
  • Julho de 2023: 78,1%.

A saber, o percentual de endividamento cresceu fortemente no Brasil em 2021, refletindo o impacto da pandemia da covid-19, e a trajetória continuou subindo em 2022, até alcançar o seu ponto máximo em setembro (79,3%).

O cenário desafiador em que o país se encontrava, com a inflação elevada, pressionou o Banco Central (BC) a aumentar os juros no país, reduzindo o poder de compra do consumidor.

Entre março de 2021 e agosto de 2022, o BC elevou 12 vezes consecutivas a taxa básica de juro da economia, a Selic. Com isso, a taxa chegou a 13,75% ao ano, maior percentual desde novembro 2016. Contudo, na semana passada, o BC realizou o primeiro corte dos juros em três anos.

Variação do endividamento entre os estados

Segundo a Peic, o percentual médio de endividamento foi de 78,1% em julho. Contudo, 12 estados tiveram percentuais mais elevados que a taxa nacional. Os três estados com as maiores taxas do país foram os seguintes:

  1. Rio Grande do Sul: 96,3%;
  2. Paraná: 95,1%;
  3. Minas Gerais: 94,2%.

O endividamento nestes três estados ficou perto de 100% da população adulta. Estes percentuais são bem mais altos que a média nacional e mostram que a região Sul tinha a situação mais crítica do país, com dois dos três estados liderando o ranking nacional. Santa Catarina ficou na 12ª posição, com 79,1% das famílias endividadas.

Por outro lado, as menores taxas foram registradas em estados do centro-norte do país:

  • Mato Grosso do Sul: 59,0%;
  • Pará: 61,4%;
  • Bahia: 63,9%.
  • Alagoas: 64,2%.

Inadimplência cresce em julho

Assim como o endividamento, o número de famílias inadimplentes também continuou em nível bastante elevado em julho. Segundo os dados da Peic, quase três em cada dez famílias estava com dívidas atrasadas no país.

A taxa ficou em 29,6% no mês passado, superando a inadimplência registrada em maio (29,1%) e junho (29,2%). Da mesma forma, a taxa também foi maior que o número registrado em julho de 2022, em 0,6 p.p., visto que as dívidas atrasadas atingiram 29,0% das famílias do país em julho de 2023.

A pessoa inadimplente é aquela que possui dívidas ou contas em atraso. Aliás, há alguns fatores que propiciam o aumento da inadimplência entre os consumidores, como manter mais de um cartão de crédito e não se atentar à própria saúde financeira e às datas de pagamento das contas.

Inadimplência cresce em julho
Endividamento recua, mas inadimplência cresce em julho. (Imagem: Shutterstock).

Peic tem importância nacional

A saber, a Peic foi utilizada pelo Governo Federal para desenvolver o Programa Desenrola. Em síntese, o objetivo do programa consistia em propor a renegociação de dívidas de pessoas com bancos. O público-alvo do programa deve possuir renda entre R$ 2,6 mil e R$ 20 mil.

Com isso, o endividamento entre os brasileiros de renda média caiu com mais força em julho. De acordo com o presidente da CNC, José Roberto Tadros, “com o início da trajetória de queda da taxa de juros, é esperado um movimento de melhora das condições de compra do brasileiro, o que é positivo para a economia como um todo“.

Cresce população que não tem como pagar dívidas

A Peic ainda revelou que 12,2% das pessoas não terão condições de pagar as dívidas que têm em atraso. Esse percentual subiu tanto em relação ao mês anterior (12,0%) quanto na comparação com julho do ano passado (10,7%), refletindo o aumento das dificuldades financeiras no país no mês passado.

Por isso, para fugir do endividamento e da inadimplência, e não elevar os números de pesquisas semelhantes à Peic, fique atento à sua situação financeira e faça dívidas apenas se houver necessidade.

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