Banco Central mantém taxa de JUROS no maior patamar desde 2016

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manteve pela sétima vez consecutiva a taxa Selic estável em 13,75% ao ano. A decisão foi anunciada nesta quarta-feira (21) e mostra que a entidade financeira mantém um forte aperto na política monetária do país.

Em resumo, a taxa Selic corresponde ao juro básico da economia brasileira. Atualmente, os juros no Brasil estão no maior patamar desde novembro de 2016, ou seja, em mais de seis anos e meio. À época, a taxa Selic estava em 14,00% ao ano, levemente acima do nível atual.

A decisão do BC em manter a Selic estável é positiva, em parte, para a população, pois significa que os juros não subiram no país. Contudo, a manutenção da taxa também pode ser vista como algo negativo, já que os juros continuam muito elevados no país e dificultam a vida dos brasileiros.

O Copom já havia mantido a taxa Selic estável em setembro de 2022, após o maior ciclo de alta dos juros desde 1999. E a manutenção da taxa também aconteceu nas seis reuniões seguintes, com o BC mantendo os juros a 13,75% ao ano no país, incluindo o encontro desta semana.

Em suma, o BC elevou 12 vezes consecutivas a taxa Selic, entre março de 2021 e agosto de 2022. Essa foi a maior sequência de elevações da taxa Selic em 23 anos. No entanto, os avanços cessaram em setembro do ano passado, e a taxa vem se mantendo estável desde então.

Apesar de não subir, o alto patamar em que os juros se encontram afeta diretamente os brasileiros. Aliás, a taxa de 13,75% ao ano deverá seguir assim por mais algum tempo, já que o BC não deu sinais de corte na taxa Selic na próxima reunião do Copom, em agosto. A propósito, a decisão, a manutenção da taxa Selic veio em linha com as expectativas do mercado.

Governo critica e pressiona, mas BC não cede

Nos últimos meses, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou várias vezes o alto nível dos juros no Brasil. De acordo com o petista, o patamar elevado da taxa Selic afeta diretamente a atividade econômica do país, limitando o seu crescimento.

Nos últimos meses, as críticas do presidente à taxa de juros no Brasil preocuparam o mercado, que temia pela perda da autonomia do BC. Contudo, o próprio governo disse que a autonomia da entidade não corria perigo. Ainda assim, o presidente Lula fez questão de afirmar que o BC possui autonomia, mas não é intocável.

Além disso, Lula já criticou algumas vezes a meta central para a inflação no Brasil em 2023. Segundo o presidente, a meta pressiona o BC a elevar os juros para, assim, cumpri-la, e tudo isso limita o crescimento econômico.

Por falar nisso, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para inflação do país todos os anos. E cabe ao BC agir para cumprir essa meta, uma vez que a inflação controlada traz diversos benefícios para o Brasil, como:

  • Maior tranquilidade para investir no Brasil;
  • Mais previsibilidade econômica, permitindo um planejamento das indústrias;
  • Redução da concentração de renda;
  • Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável.

Como a taxa Selic é o principal instrumento do BC para controlar a inflação, a entidade financeira optou por mantê-la estável nas últimas reuniões.

Aliás, a Selic não recuou no país, apesar da pressão do governo, porque o BC ainda está avaliando as variações da inflação, apesar das expectativas de redução da taxa inflacionária em 2023.

BC manteve taxa de juros estável pela sétima vez consecutiva, após o maior ciclo de alta da Selic em 23 anos
BC manteve taxa de juros estável pela sétima vez consecutiva, após o maior ciclo de alta da Selic em 23 anos. (Imagem: Shutterstock).

Entenda a taxa de juros no país

Em 2020, a pandemia da Covid-19 afundou a economia global. Para tentar impulsionar a atividade econômica brasileira, o Copom reduziu a Selic para 2,00% ao ano em agosto daquele ano, mantendo a taxa assim até março de 2021.

A saber, a crise sanitária afetou a cadeia produtiva global de diversos setores, e isso fez os preços de bens e serviços dispararem em 2021 devido a forte demanda. Por isso, o Copom mudou a tática e passou a elevar repetidas vezes a Selic nos dois últimos anos.

Em síntese, a Selic é o principal instrumento do BC para conter a alta dos preços de bens e serviços. Quanto mais alta ela estiver, mais altos ficarão os juros no país. Assim, o crédito fica mais caro, reduzindo o poder de compra do consumidor e desaquecendo a economia.

Como a inflação perdeu força em 2022, o Copom decidiu interromper a sequência de altas e manteve a taxa Selic estável. Contudo, os juros não caíram porque o Banco Central não descarta a elevação da taxa inflacionária ao longo do ano, mesmo que as projeções de analistas do mercado financeiro indiquem o contrário.

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