Queda nas remessas globais pode encarecer dispositivos em 2023

Pesquisas indicam que ciclos de substituição serão estendidos de seis para mais de nove meses em todos os dispositivos

As remessas mundiais de dispositivos (PCs, tablets e celulares) devem cair 4,4% em 2023, totalizando 1,7 bilhão de unidades, segundo a mais recente pesquisa do Gartner, consultoria especializada em tecnologia. O mercado de dispositivos vem de queda de 11,9% em 2022, ou seja, uma diminuição de mais de 15% de mercado em comparação com 2021. Remessas são os envios de dispositivos dos fabricantes para as lojas e revendas.

Segundo o Gartner, a recessão econômica continuará a reduzir a demanda por dispositivos ao longo de 2023, com os gastos dos usuários com esse tipo de produto caindo 5,1% este ano. Com isso, as fabricantes devem diminuir o ritmo de produção, reduzindo o número de aparelhos no mercado. O resultado disso pode ser um aumento de preços para o consumidor final. 

O Gartner até lembra que a confiança empresarial estava começando a se recuperar após o pior da pandemia, mas diminuiu significativamente na maioria das regiões conforme o cenário econômico foi se deteriorando. A consultoria não espera que o alívio da inflação e dessa crise ocorram até o quarto trimestre de 2023.  

No entanto, a tendência de queda diminuirá no mercado de dispositivos, pois a perspectiva econômica será menos pessimista em 2023, devido ao eventual aumento de gastos dos consumidores e das empresas.  

PCs voltarão ao normal no segundo trimestre de 2023 

As remessas de PCs, que inclui desktops, notebooks, ultramobile premium e Chromebooks, continuarão registrando o pior declínio entre todos os setores de dispositivos em 2023. Estima-se que este segmento diminua 6,8% neste ano, após uma queda de 16% em 2022. 

Isso ocorre porque os consumidores e as empresas já fizeram investimentos recentes em PCs para trabalhar durante o ápice da pandemia. Uma nova atualização no parque de computadores não deve acontecer tão cedo. O problema é que os níveis de estoque aumentaram porque os fornecedores acreditavam que essa demanda iria se manter. 

Previsão do Gartner de remessas mundiais por tipo de dispositivo, 2022-2023 (em milhões de unidades) 

Tipo de Dispositivo  Remessas em 2022  Crescimento em 2022 (%)  Remessas em 2023  Crescimento em 2023 (%)  
PC   287,15  -16,0  267,6  -6,8  
Tablet  136,93  -12,0  132,963  -2,9  
Celulares  1.395,24  -11,0  1.339,50  -4,0  
Total   1.819,34  -11,9  1.740,14  -4,4 

Os analistas avaliam que os fornecedores de PC reduzirão seus níveis de estoque no primeiro semestre do ano, devido ao colapso na confiança de clientes e à queda dramática na procura por esses equipamentos. Como resultado, a expectativa é que os estoques voltem ao normal na segunda metade de 2023, após um aumento significativo nas cargas estocadas em 2022.  

Fabricantes se decepcionam com velocidade para atualização para o Windows 11 

Em 2022, embora muitos PCs empresariais pudessem ser atualizados para o sistema operacional Windows 11, muitos ainda não passaram por este processo. Dessa forma, até o final de 2023, o Gartner espera que mais de 25% dos PCs corporativos sejam atualizados a nova edição do sistema. 

No entanto, o Windows 11 não gerará vendas suficientes para atingir os mesmos volumes vistos entre 2020 e 2022. A recessão reduzirá os gastos e orçamentos discricionários. O Gartner estima que consumidores e empresas estenderão seus ciclos de substituição de PCs e tablets para acima de nove meses até o final de 2023. 

A situação não será muito melhor para as remessas mundiais de smartphones, que cairão 4% em 2023. Estima-se que este mercado totalizará 1,23 bilhão de unidades em 2023, abaixo das 1,28 bilhão de unidades em 2022. Os gastos dos usuários finais com celulares devem cair 3,8% em 2023, avalia o Gartner.

Isso acontece porque os consumidores estão mantendo seus celulares por mais tempo do que o esperado – cerca de seis a nove meses a mais – e mudando de contratos fixos para flexíveis na ausência de novas tecnologias significativas. Além disso, com os fornecedores estão repassando os custos inflacionários dos componentes para os consumidores, isso acaba diminuindo ainda mais a demanda.

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