Otimismo impulsiona intenção de consumo das famílias em agosto

As famílias do país estão cada vez mais dispostas a manterem seus hábitos de consumo em 2023. Em agosto deste ano, a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) cresceu 1,4% na comparação com julho, para 101,1 pontos, mantendo a tendência de alta observada nos últimos meses no país.

Com o acréscimo deste resultado, o indicador chegou ao maior nível desde abril de 2015. Isso quer dizer que todas as preocupações trazidas pela pandemia da covid-19 foram superadas no país, visto que o indicador recuperou as perdas dos últimos anos. A saber, o ICF havia chegado a 99,3 pontos em fevereiro de 2020, último mês antes da decretação da pandemia.

Aliás, vale destacar que a marca de 100 pontos separa o otimismo e o pessimismo. Assim, taxas maiores que essa marca indicam que a intenção de consumo as famílias está positiva, na zona de otimismo. Por outro lado, dados inferiores a 100 pontos refletem pessimismo dos consumidores.

O resultado de agosto deste ano é um grande marco para o ICF. Em resumo, a taxa não chegou apenas ao maior nível desde abril de 2015. Na verdade, este mês foi a última vez que o indicador havia chegado à zona de otimismo, e isso voltou a aconteceu neste mês de agosto, um intervalo de mais de oito anos.

Todos esses dados fazem parte do levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Em agosto, os consumidores se mostraram ainda mais otimistas com a recuperação econômica do Brasil neste ano, e isso se refletiu na variação do ICF.

Queda da inflação fortalece consumo

Segundo o levantamento, a melhora dos dados relacionados à inflação está ajudou a impulsionar a intenção de consumo dos brasileiros. Em julho deste ano, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,12% em relação a junho, variação bem menor que as registradas no ano passado.

Vale destacar que IPCA acumulado em 2022 subiu 5,79%. Essa variação foi bem menor que a registrada em 2021, quando o índice havia disparado 10,06%. Já a expectativa para 2023 é que o indicador suba 4,90%, abaixo da taxa do ano passado, mas levemente acima da meta da inflação.

Apesar da possibilidade de estouro da meta, a inflação desacelerou significativamente no país desde maio graças à mudança da política de preços da Petrobras. Como os combustíveis exercem forte impacto na taxa inflacionária, e seus preços caíram com a nova política da companhia, os analistas passaram a projetar taxas cada vez mais animadoras em relação à inflação.

Essa queda, que vem superando as expectativas, contribuiu para aumentar a disposição dos consumidores para gastar“, explicou Izis Ferreira, economista da CNC responsável pela ICF. A propósito, o IPCA é a inflação oficial do Brasil, ou seja, é o termo que se refere ao aumento generalizado dos preços de produtos e serviços.

“Embora otimistas e com juros de mercado desacelerando, o endividamento ainda em nível elevado limita a capacidade de consumo e os efeitos benéficos da maior renda disponível. Tanto que 40 em cada 100 consumidores ainda indicam que estão comprando menos do que há um ano. Nesse contexto, as vendas no varejo têm demonstrado dificuldade de sustentar crescimento de forma uniforme entre os segmentos”, avaliou a CNC.

Desaceleração da inflação impulsiona intenção de consumo
Desaceleração da inflação impulsiona intenção de consumo. Imagem: Pixabay.

Veja detalhes do desempenho do ICF em agosto

O indicador de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) possui sete componentes. Em agosto, seis deles registraram taxas positivas, impulsionando o resultado mensal do indicador. Confira abaixo os crescimentos percentuais mensais:

  • Momento para duráveis: 3,4%;
  • Acesso ao crédito: 2,2%;
  • Nível de consumo atual: 1,8%;
  • Emprego atual: 1,1%;
  • Renda atual: 1,0%;
  • Perspectiva de consumo: 0,7%;
  • Perspectiva profissional: -0,2%.

A CNC explicou que a forte alta registrada por momento para duráveis aconteceu, principalmente, por causa da base comparativa fraca. Em suma, o componente continua com um nível muito baixo (63,4 pontos), bem distante da marca dos 100 pontos, que indica zona de otimismo dos consumidores.

Cabe salientar que, entre os sete componentes, quatro deles apresentaram taxas superiores a 100 pontos: emprego atual (125,0 pontos), renda atual (118,7 pontos), perspectiva profissional (118,1 pontos) e perspectiva de consumo (105,1 pontos).

Por outro lado, as demais taxas permaneceram na zona de pessimismo, apesar do avanço disseminado em agosto. Enquanto os componentes de acesso ao crédito (91,5 pontos) e nível de consumo atual (85,6 pontos) tiveram taxas próximas de 100 pontos, a situação mais crítica continua com o componente momento para duráveis (63,4 pontos).

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