Inflação e PIB em alta: analistas elevam projeções para 2023 22/02

Relatório Focus traz estimativas de analistas de mais de 100 instituições do mercado financeiro sobre indicadores econômicos do Brasil

As projeções para a inflação no Brasil em 2023 continuam pessimistas. De acordo com o relatório Focus, que traz estimativas de analistas de mais de 100 instituições financeiras sobre indicadores econômicos do país, a taxa inflacionária deverá crescer mais que o esperado neste ano.

Em síntese, a inflação deverá encerrar este ano em 5,89%, taxa superior à projetada na semana passada (5,79%). Esse avanço reflete o pensamento dos analistas, que estão acreditando em um taxa inflacionária ainda mais intensa neste ano no Brasil.

Aliás, o avanço é o décimo consecutivo, refletindo o aumento gradativo das incertezas sobre a manutenção da taxa inflacionária em níveis mais baixos até o final do ano. A propósito, o Banco Central (BC), responsável pelo levantamento, divulgou as novas estimativas dos analistas nesta Quarta-Feira de Cinzas (22).

Vale destacar que essas projeções deixaram a taxa inflacionária ainda mais distante da meta para este ano. E isso não é um dado positivo para o Brasil, que busca uma taxa abaixo da meta da inflação, cumprindo a meta definida.

Para 2024, a taxa também subiu, de 4,00% para 4,02%. Esse foi o quinto avanço consecutivo, indicando que o sentimento para o próximo ano também é de maior pessimismo.

Meta da inflação em 2023

O Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para inflação do país anualmente. A partir destes dados, o BC age para cumprir a meta definida, uma vez que a inflação controlada traz diversos benefícios para o Brasil. Veja abaixo alguns desses benefícios:

  • Maior tranquilidade para investir no Brasil;
  • Mais previsibilidade econômica, permitindo um planejamento das indústrias;
  • Redução da concentração de renda;
  • Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável.

Para 2023, o CMN definiu uma meta central de 3,25% para a inflação brasileira, podendo variar entre 1,75% e 4,75%. Isso acontece porque a entidade também determina um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo. Assim, valores dentro desse intervalo indicam que a inflação foi formalmente cumprida.

Contudo, os analistas não acreditam que o Brasil cumprirá a meta. Caso isso realmente aconteça, a inflação irá estourar a meta pelo terceiro ano consecutivo, algo bastante negativo para a população, que sofre para comprar produtos e contratar serviços ainda mais caros que em 2022.

Inflação pode voltar a subir no Brasil

Em 2023, os brasileiros poderão voltar a enfrentar uma inflação mais elevada. Isso porque o governo federal pretende voltar a arrecadar impostos sobre combustíveis a partir de março. E estes itens impactam de maneira expressiva a taxa inflacionária no país.

Na verdade, os desafios mais recentes começaram em 2020, com a pandemia da covid-19. Em resumo, a crise sanitária impactou as cadeias globais de suprimentos, afetando toda a logística mundial. Isso reduziu a oferta, apesar de a demanda começar a se recuperar em 2021.

Como a procura estava maior que a oferta, houve um aumento expressivo dos preços de bens e serviços. E, quanto mais elevada a inflação, maior o custo de vida da população.

Aliás, a pandemia também provocou a perda de milhões de empregos em todo o mundo. Assim, as pessoas não conseguiram manter os mesmo hábitos de consumo, devido aos custos de vida elevados.

Em 2022, as cadeias globais de suprimentos, que começavam a se estabilizar, sofreram um novo golpe: a guerra entre Rússia e Ucrânia. Isso fez os preços de diversos itens dispararem, principalmente o das commodities.

Para segurar a inflação, os Bancos Centrais passaram a elevar os juros com mais intensidade em 2022. No Brasil, o BC elevou 12 vezes consecutivas o juro da economia entre março de 2021 e agosto de 2022. Com isso, a taxa Selic chegou a 13,75% ao ano, maior patamar desde 2016.

Inclusive, a alta dos juros ajudou a segurar a inflação no país em 2022. No entanto, os impactos de uma Selic mais elevada costumam ser vistos com maior nitidez apenas um ou dois anos após os aumentos. Por isso, a inflação do Brasil, que já perdeu força no ano passado, deverá cair ainda mais neste ano e em 2024.

Estimativas para o PIB brasileiro subiram

O relatório Focus também revelou as novas projeções dos analistas sobre o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Nesta semana, o mercado financeiro voltou a elevar levemente as projeções para o crescimento da economia brasileira em 2023, de 0,76% para 0,80%.

A saber, a alta sucedeu dois recuos consecutivos, e agora mostra maior otimismo dos analistas do país.

Já para 2024, as projeções se mantiveram estáveis em 1,50% pela sexta semana consecutiva, ou seja, o PIB brasileiro deverá crescer mais expressivamente no ano que vem, uma vez que os impactos da inflação deverão estar bem menores no país.

Por fim, os analistas estimaram que a taxa Selic ficará em 12,75% ao ano em 2023. Esse indicador se refere à taxa básica de juro da economia brasileira. Já para o ano que vem, a taxa Selic deverá ficar em 10,00%, patamar ainda elevado e que continuará afetando a renda dos brasileiros.

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