Está FALTANDO OVO em diversos países; Brasil corre risco de escassez?

Proteína animal vem se tornando item de luxo nos Estados Unidos e em países europeus, e brasileiros temem pelos impactos no país

Milhões de pessoas estão sofrendo ao redor do mundo com a redução na oferta de ovos de galinha. Pode-se dizer que já há uma escassez global dessa proteína, que é tão consumida no Brasil. Aliás, a população daqui teme que esse cenário eleve ainda mais os preços no país.

A saber, há diversos relatos em redes sociais sobre a falta de ovo em supermercados de vários países. Há reclamações sobre a situação nos Estados Unidos, na Nova Zelândia, em Portugal, no Reino Unido e em vários outros países europeus.

Embora esteja havendo, de fato, uma escassez global de ovos de galinha, os motivos que fizeram a situação chegar a esse ponto são específicos a cada região.

Gripe aviária afeta produção nos Estados Unidos

Em síntese, a falta de ovo nos Estados Unidos está acontecendo, principalmente, por causa de um surto de influenza aviária. Na verdade, o país enfrenta estes surtos com uma certa frequência, mas a gravidade da gripe atual vem se mostrando bem maior que a dos últimos anos.

De acordo com uma reportagem do jornal The Washington Post, que citou dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, mais de 44 milhões de aves poedeiras já morreram nos EUA devido ao surto de influenza. Isso representa cerca de 4% ou 5% do plantel do país.

“A gripe é o fator mais importante afetando o preço dos ovos”, disse disse Maro Ibarburu ao Washington Post. Ele é analista de mercado do Egg Industry Center da Universidade Estadual de Iowa.

“Neste surto, em termos de aves poedeiras, nós perdemos 10 milhões de aves a mais do que no último surto, em 2015”, acrescentou Ibarburu.

Em suma, o volume elevado de animais mortos neste surto se deve à sua área de abrangência, uma vez que 47 dos 52 Estados americanos foram atingidos com a epidemia de influenza aviária desde fevereiro de 2022.

Além disso, há legislações locais que proíbem a criação de galinhas em gaiolas para promover o bem-estar animal. Essa decisão retirou alguns produtores do mercado, reduzindo a oferta no país, o que ajudou à agravar a escassez de ovo de galinha em vários locais dos EUA.

A título de comparação, o valor da dúzia de ovos custa, atualmente, US$ 7,37 (R$ 38,14) na Califórnia, segundo o jornal Los Angeles Times. No início de dezembro, há um mês e meio, o valor era de US$ 4,83. Já há um ano, as pessoas pagavam apenas US$ 2,35 pela dúzia, conforme dados do Departamento de Agricultura dos EUA.

Guerra entre Rússia e Ucrânia pressionam custos de produção

Já na Europa, o principal problema que vem reduzindo a oferta de ovos é a guerra entre Rússia e Ucrânia. Em resumo, o conflito teve início em 24 de fevereiro de 2022, ou seja, completará um ano daqui a pouco mais de um mês.

Os impactos da guerra vêm alcançando todo o planeta, especialmente os países que dependem diretamente de recursos de algum ou de ambos os países envolvidos. E, para quem não sabe, a Rússia e a Ucrânia são dois dos maiores produtores e exportadores mundiais de commodities.

A escassez de ovos não está sendo sentida apenas agora, no início de 2023. Por exemplo, no Reino Unido, diversos estabelecimentos impuseram limites de compra de ovo aos consumidores ao longo do ano passado.

No entanto, ao contrário dos EUA, que sofrem com a influenza aviária, na Europa o que mais agrava a situação são os custos de produção. Isso porque o milho, utilizado para alimentar as galinhas, ficou muito caro após o início do conflito no leste europeu.

Legislação na Nova Zelândia reduz oferta de ovo

Por sua vez, na Nova Zelândia, o que mais vem reduzindo a oferta de ovos de galinhas é a sua nova legislação. Desde 2012, o país deu início a um processo gradual para eliminar as aves poedeiras criadas em gaiolas. Isso aconteceu com o mesmo objetivo dos EUA, para promover o bem-estar animal.

O plano do país era eliminar toda essa criação até 1º de janeiro de 2023, mas isso não aconteceu. Ainda assim, houve uma redução expressiva no número de animais nessas condições. A saber, 86% das galinhas poedeiras da Nova Zelândia eram criadas em gaiolas em 2012. Já em dezembro de 2022, esse percentual era de apenas 10%, segundo o jornal britânico The Guardian.

Essa mudança também aumentou os custos de produção, mas não houve aumento proporcional da demanda por ovos no país. Isso fez a quantidade de ovo produzido cair, resultando na escassez do item.

Brasil corre risco?

No Brasil, a população não deverá sofre com a escassez de ovos de galinhas. Pelo menos é o que afirma Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e do conselho administrativo de Instituto Ovos Brasil.

Contudo, os preços do ovo deverão continuar bastante elevados em 2023. Em síntese, isso acontecerá, principalmente, por causa dos altos preços que o milho atingiu em 2020, e cujas consequências ainda estão sendo sentidas pela população.

“O Brasil não está sofrendo isso [escassez de ovos]. Nós nunca tivemos influenza aviária e sofremos o problema do custo com mais força em 2020, devido à seca”, disse Santin.

“Tivemos uma queda de 5% da produção de ovos em 2022 e estamos projetando recuo de 2% em 2023, fruto da diminuição de matrizes [aves poedeiras] no tempo do pico do milho, quando ele chegou próximo a R$ 100 a saca”, acrescentou.

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