Confiança dos empresários do COMÉRCIO sobe em março

Segundo avanço consecutivo elimina quase toda a queda registrada em janeiro, mas confiança segue em patamar baixo, indicando pessimismo dos empresários

Os empresários do comércio se mostraram mais otimistas em relação à atividade econômica do Brasil pelo segundo mês consecutivo. Após cair 4,4 pontos em janeiro, a confiança do setor subiu 3,0 pontos em fevereiro e 1,1 ponto em março, eliminando praticamente todo o tombo registrado no primeiro mês de 2023.

Em síntese, o Índice de Confiança do Comércio (Icom) vinha de uma trajetória descendente, registrando quedas nos dois últimos meses de 2022 . Isso mostra que os empresários do setor encerraram o ano passado mais pessimistas, e isso continuou em janeiro. No entanto, em fevereiro, a trajetória reverteu e passou a ser ascendente, bem como em março.

“Depois de uma virada de ano negativa, a confiança do comércio voltou a subir pelo segundo mês consecutivo”, disse Rodolpho Tobler, economista do FGV IBRE.

A propósito, o Instituto Brasileiro de Economia Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), responsável pelo levantamento, divulgou os dados na semana passada.

Com o acréscimo do resultado de março, o indicador chegou a 86,9 pontos, após atingir em janeiro o menor patamar em quase dois anos. Contudo, o patamar da confiança do setor segue em nível baixo no país.

Vale destacar que taxas superiores a 100 pontos indicam otimismo dos empresários. Por outro lado, taxas inferiores a essa marca refletem o pessimismo do comércio. Nos últimos meses, isso acabou se intensificando, mas o resultado dos últimos meses traz esperanças para dados mais positivos ao longo do ano.

Otimismo com situação atual impulsiona confiança

Em resumo, o Icom é composto por dois indicadores, o Índice de Situação Atual (ISA-COM) e o Índice de Expectativas (IE-COM). Em março, os índices seguiram a mesma trajetória e impulsionaram a confiança dos empresários do país.

A saber, o ISA-COM subiu 0,3 ponto em março, para 86,9 pontos, após saltar 6,7 pontos no mês anterior. Estes resultados eliminaram a maior parte da queda de 8,8 pontos registrada em janeiro, mas as perspectivas sobre o cenário atual do país continuam bastante pessimistas.

Na verdade, mesmo com dois avanços consecutivos, a confiança dos empresários do comércio segue abaixo do nível observado em dezembro de 2022 (88,7 pontos). Em outras palavras, o ISA-COM segue distante dos 100 pontos, marca de neutralidade do Icom.

Da mesma forma, o IE-COM avançou em março, mas a alta foi mais expressiva, de 1,6 ponto, para 85,7 pontos. Nos últimos quatro meses, o indicador subiu três vezes, ou seja, há um maior otimismo dos empresários do comércio com o futuro do setor no país.

O avanço fez o indicador se aproximar um pouco mais da marca dos 100 pontos, mas a taxa segue mais de 14 pontos afastada, refletindo a falta de confiança dos empresários do setor com o futuro.

“Em março, houve alta nos indicadores dos dois horizontes temporais, influenciados por uma melhora na situação atual e nas perspectivas mais otimistas no horizonte de seis meses, mas ainda distantes das perdas recentes, mantendo o indicador em nível historicamente baixo”, disse Rodolpho Tobler.

Avanço em março fica restrito a dois segmentos

Segundo o levantamento, o avanço da confiança do comércio em março foi bastante restrito, atingindo apenas dois dos seis principais segmentos do setor. Embora a maioria dos componentes não tenha avançado no mês, o Icom avançou devido ao forte impacto exercido pelos resultados positivos.

Aliás, vale destacar que o resultado do indicador em março ainda não pode ser considerado como uma tendência, mesmo sendo a segunda alta consecutiva. Isso porque o avanço ficou concentrado em poucos segmentos, apesar das altas nos dois horizontes mensurados, referentes ao presente e ao futuro.

“Para esse cenário se sustentar seria necessário, nas próximas divulgações, resultados mais positivos e com maior amplitude, o que não parece ser o caminho dado o ambiente macroeconômico delicado”, avaliou o economista do FGV IBRE.

A propósito, o resultado no primeiro trimestre de 2023 ficou negativo, mesmo com os avanços registrados nos dois últimos meses. Como o resultado de janeiro foi mais intenso, a queda do indicador não foi superada por completo no período.

“Apesar da recuperação da confiança nos últimos dois meses, o patamar médio do primeiro trimestre de 2023 ficou abaixo do final do ano passado, mantendo a trajetória negativa pelo segundo trimestre consecutivo”, explicou o FGV IBRE.

“A continuidade desse cenário desfavorável foi mais influenciada pela piora na percepção da situação atual, que registrou queda de 9,1 pontos na passagem trimestral, enquanto o IE-COM caiu 1,9 ponto”, informou a entidade.

Por fim, Rodolpho Tobler pontuou que “esse resultado reforça o cenário de desaceleração do setor em 2023”. De acordo com ele, a “queda mais acentuada nos indicadores do presente” sugerem que a demanda segue em ritmo fraco no país.

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