Confiança do consumidor brasileiro tem leve queda em abril

Índice de confiança se acomodou em abril e continua em nível historicamente baixo, refletindo o pessimismo dos consumidores

A confiança dos consumidores do Brasil não consegue alcançar níveis muito elevados em 2023. Após subir 2,5 pontos em março, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) voltou a cair em abril, mesmo que de maneira bem tímida.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), responsável pelo levantamento, o ICC caiu 0,2 ponto em abril, para 86,8 pontos. Esse resultado mostra acomodação do indicador, que reflete o sentimento dos consumidores do país.

Em resumo, a confiança do consumidor continua em um nível historicamente baixo, longe da marca dos 100 pontos, que reflete neutralidade. A saber, níveis inferiores a 100 pontos indicam pessimismo dos consumidores, enquanto valores superiores a essa marca representam otimismo.

Vale destacar que esse resultado negativo do ICC pode ser explicado pelas projeções pouco expressivas para o crescimento da economia brasileira em 2023. Após avançar 2,9% em 2022, o Produto Interno Bruto (PIB) do país deverá crescer menos de 1% neste ano.

Confira abaixo as variações do Índice de Confiança do Consumidor nos quatro primeiros meses de 2023:

  • Janeiro: -2,2 pontos;
  • Fevereiro: -1,3 ponto;
  • Março: +2,5 pontos;
  • Abril: -0,2 ponto.

Esses dados mostram que há uma tendência de queda, com a maioria dos meses registrando resultados negativos. A variação em abril foi bem tímida e reflete uma acomodação da confiança dos consumidores. O problema é que o nível é baixo e continua distante do nível de janeiro de 2020 (90,4 pontos), período anterior à pandemia da covid-19.

Em síntese, a crise sanitária afetou todo o mundo, provocando a perda de milhões de empregos, bem como a elevação da inflação. Tudo isso corroeu a renda das pessoas, inclusive no Brasil, e isso explica o patamar enfraquecido do ICC.

Expectativa com futuro derruba confiança

Em abril, o leve recuo do ICC foi puxado tanto pelas perspectivas em relação ao futuro, apesar da melhora em relação à situação atual. Em suma, o ICC possui dois componentes, o Índice de Situação Atual (ISA) e o Índice de Expectativas (IE), que seguiram direções opostas no mês.

Segundo o levantamento, o ISA subiu 0,1 ponto, para 72,1 pontos, melhor resultado desde outubro de 2022 (74,5 pontos). Por sua vez, o IE caiu 0,4 pontos, para 97,6 pontos.

Esses resultados mostram que ambos os componentes estão com taxas abaixo de 100 pontos. Contudo, ao compará-los, vê-se que o indicador relacionado aos próximos meses se mantém em nível bem mais elevado que o índice referente à situação atual do país.

Segundo Viviane Seda Bittencourt, coordenadora das sondagens do FGV IBRE, o cenário nacional continua bastante desafiador em 2023.

Em suma, as taxas de juros permanecem elevadas, bem como a inflação. Tudo isso ajuda a desacelerar a atividade econômica do país e, consequentemente, enfraquece o mercado de trabalho.

Na verdade, a inflação desacelerou, mas ainda está mais alta que o esperado. Esse cenário pressiona o Banco Central a manter a taxa de juros elevada, pois esse é o principal instrumento da entidade financeira para segurar a inflação.

Contudo, tudo isso resulta na perda de poder de compra do consumidor. Por isso, a expectativa, que já tinha sido verbalizada pela coordenadora em março, é que a confiança dos consumidores continue próxima do patamar registrado em abril, ou seja, em nível historicamente baixo.

A confiança dos consumidores acomodou em abril em patamar considerado baixo em termos históricos. Assim como no mês anterior, a heterogeneidade dos resultados torna difícil uma sinalização mais clara sobre as perspectivas futuras”, explicou.

Famílias de baixa renda estão mais pessimistas

Neste mês, as faixas de renda continuaram com pouca confiança em relação à situação do país. No entanto, o aumento do pessimismo das famílias de baixa renda enfraqueceu o ICC, ao despencar 7,9 pontos, após alta de 4,0 pontos em março.

A confiança das famílias com faixa de renda entre R$ 2.100,01 e R$ 4.800 também caiu no mês (-1,1 ponto), mas as outras duas faixas de renda tiveram resultados positivos. O maior avanço foi registrado pela famílias com faixa de renda acima de R$ 9.600 (+2,8 pontos), enquanto a faixa restante subiu 1,2 ponto no mês.

Confira abaixo o índice de confiança dos consumidores por faixa de renda:

  • Até R$ 2.100: 80,5 pontos;
  • Entre R$ 2.100,01 e R$ 4.800: 80,4 pontos;
  • Entre R$ 4.800,01 e R$ 9.600: 90,9 pontos;
  • Acima de R$ 9.600: 91,9 pontos.

“Há um aumento do pessimismo das famílias com renda familiar mais baixas e redução para as famílias de maior poder aquisitivo. Esse cenário pode estar relacionado ainda a um alto endividamento das famílias, principalmente de menor renda, junto com um aumento das perspectivas de inflação para os próximos meses e dificuldade de acesso ao crédito”, disse a coordenadora.

“Ainda que o novo arcabouço fiscal tenha sido apresentado, isso está gerando incerteza, o que afeta as decisões no curto prazo”, finalizou.

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