Depois de pretender que houvesse a privatização das UBSs (Unidades Básicas de Saúde), o ministro da Economia, Paulo Guedes, falou recentemente de um suposto “voucher da Saúde”. Mas será que isso realmente vai funcionar? O que dizem os especialistas? Leia o artigo até o final e veja uma análise completa.
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No último 27 de abril, sem dar muitos detalhes sobre o assunto, Guedes mencionou o vale da saúde. Veja aqui outras coisas ditas por ele no mesmo dia.
“Vamos ter que fazer na saúde igual se fez no auxílio emergencial. Pobre está doente? Dá um voucher para ele. Quer ir ao [Hospital Albert] Einstein? Vai ao Einstein. Quer ir ao SUS, pode usar seu voucher onde quiser. Não tem gestão na saúde pública”, relatou.
Para se ter uma ideia da importância do SUS, sete em cada dez brasileiros dependiam do sistema, antes da pandemia.
Voucher da saúde e recursos
Ainda não há informações mais concretas sobre a ideia. Mas o que se sabe é que o governo daria uma espécie de “cheque” para as pessoas buscarem o atendimento por conta própria.
O próprio ministério da Saúde, não se pronunciou sobre o assunto. “A orientação é procurar o Ministério da Economia para os questionamentos da demanda”, disse em nota a Uol.
“Qual é a proposta? Não sabemos”, lamentou, em entrevista a Uol, a pesquisadora Ana Carolina Navarrete, coordenadora do Programa de Saúde do Idec.
“Se for dividir o orçamento do ministério (R $ 125,8 bilhões) em vouchers, a gente vai jogar dinheiro fora porque o SUS barateia o serviço por ser o dono da própria rede e eliminar intermediários”, relatou.
Veja 3 motivos que não será possível se tratar no Einstein
Por meio de entrevistas com especialistas, a Uol levantou três motivos negativos quanto a proposta e embasam a afirmação de especialistas que o brasileiro médio não conseguiria este atendimento.
1 – Há separação entre riscos
“O Banco Mundial recomenda o sistema de mutualismo, como é o SUS ou um sistema de seguro saúde”, diz Ana. “O dinheiro de todo esse grupo é acionado quando um único de seus membros é diagnosticado com câncer, por exemplo”, completou.
“Já o voucher não tem esse compartilhamento de risco. A pessoa arca sozinha, é um risco individual. Se o tratamento for muito caro e o voucher não cobrir, o problema é dela”, criticou.
2 – A negociação poderia não ser ideal
A especialista defende que enquanto a negociação é comum para o SUS ou hospitais particulares, será mesmo que “um consumidor sozinho consegue negociar com um hospital?”.
3 – Não haveria acompanhamento da saúde
Outro problema é que o voucher só seria usado em caso de doenças.
“Sem o acompanhamento da atenção básica ao longo da vida, o paciente terá um consumo ineficiente do voucher e o serviço será ineficaz”, diz Cintra.