Vale-refeição dura APENAS 11 DIAS no Brasil, revela pesquisa

Antes da pandemia, vale-refeição durava 18 dias no país; em 2023, brasileiros precisam desembolsar 11 dias do salário para almoçar no mês

Os trabalhadores do Brasil estão enfrentando muitas dificuldades nos últimos anos. Desde a decretação da pandemia da covid-19, em março de 2020, o mercado de trabalho brasileiro sofreu diversos impactos. E um dos mais evidentes tem relação com a alimentação dos profissionais.

De acordo com um levantamento realizado pela Sodexo Benefícios e Incentivos, o saldo do crédito do vale-refeição se mostra insuficiente para os trabalhadores do país. Em resumo, o estudo revelou que o vale-refeição tem durado apenas 11 dias, em média, no mês.

O tempo de duração do saldo do crédito era de 13 dias, em média, em 2022. Isso quer dizer que os trabalhadores perderam mais dois dias de refeição na passagem para 2023.

Aliás, na comparação com 2019, quando o mundo ainda não enfrentava a pandemia da covid-19, o tempo médio era de 18 dias, ou seja, sete dias a mais do que neste ano.

Tudo isso mostra que a situação do trabalhador está ficando mais difícil no país. Em suma, o vale-refeição não se mostra suficiente para cobrir o valor das refeições. Inclusive, isso já acontecia antes mesmo da pandemia. Contudo, a situação ficou mais séria desde então.

Trabalhador usa salário para pagar refeição

Nos últimos anos, tem sido cada vez mais difícil para os trabalhadores do país se alimentarem. Um dos direitos trabalhistas, que nem sempre é disponibilizado aos empregados, é o vale-refeição. No entanto, o saldo de crédito deste benefício não está conseguindo acompanhar o aumento do preço médio da refeição fora de casa.

Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT), os brasileiros gastaram, em média, R$ 40,64 para comer fora de casa em 2022, com base nos clientes da empresa, que divulgará um novo levantamento em junho deste ano.

Em 2022, as médias nacionais por modalidade foram as seguintes:

  • Comercial/Prato Feito: R$ 30,59
  • Autosserviço/quilo: R$ 35,91
  • Executivo: R$ 50,23
  • À la carte: R$ 64,83

Ao fazer uma média desses valores, o custo de uma alimentação fora de casa chegou a R$ 40,64. Para o levantamento, a ABBT considerou o saldo de crédito médio do vale-refeição de R$ 450. Assim, os cálculos da entidade revelaram que os trabalhadores conseguiriam utilizar o saldo do crédito por apenas 11 dias em 2023.

Por sua vez, a alimentação nos 11 dias restantes, considerando um mês com 22 dias úteis, teria que ser paga com o salário do trabalhador. Isso quer dizer que os empregados estão tendo que pagar para se alimentar em metade dos dias de trabalho todos os meses.

No entanto, vale destacar que os profissionais que optarem apenas pela refeição comercial ou prato feito conseguirão utilizar o saldo do crédito do vale-refeição por 14 dias, em média.

Isso mostra que os trabalhadores podem buscar meios de economizar ao escolher refeições mais baratas. Dessa forma, poderão gastar menos do próprio salário para se alimentarem. Aliás, ter que escolher opções mais baratas para ter saldo por mais tempo evidencia as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores do país.

Preço da alimentação fora de casa dispara

Vale destacar que está cada vez mais difícil comer fora de casa no Brasil. Um levantamento realizado pela Ticket em 2022 revelou que o preço médio da refeição fora de casa disparou 48,3% nos últimos 11 anos.

Em síntese, o levantamento mostrou que o valor médio gasto nas refeições fora de casa era de R$ 27,40 em 2013. Já em 2023, o valor alcançou R$ 40,64, pressionando ainda mais a renda dos brasileiros.

Embora a alta seja bastante expressiva, ela ficou abaixo da inflação oficial do país. A saber, o levantamento levou em consideração os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do Brasil, que acumulou uma alta de 73,8% no mesmo período.

Isso quer dizer que a refeição completa custaria, em média, R$ 47,62 caso fosse corrigida de acordo com a inflação oficial do país. Por falar nisso, o termo “inflação” corresponde ao aumento contínuo e generalizado dos preços de bens e serviços.

Esse dado mostra que a situação dos trabalhadores, já bastante complicada, poderia ser ainda pior no Brasil. O problema é que isso realmente está acontecendo, porque, ao mesmo tempo em que a inflação está elevada, os juros também o estão.

Em resumo, o Banco Central (BC) manteve pela quarta vez consecutiva a taxa Selic estável em 13,75% ao ano. A taxa corresponde ao juro básico da economia brasileira e permanece no maior patamar desde novembro de 2016, quando a estava em 14,00% ao ano.

Por fim, a inflação e os juros elevados corroem a renda da população, e o reflexo desse cenário é o aumento dos preços e a incapacidade que os trabalhadores têm para manter o mesmo ritmo de consumo. Isso se aplica à alimentação, e a falta de saldo de crédito no vale-refeição é apenas um indicativo disso.

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