Trabalho por conta própria é opção para desempregados do país

Três em cada dez pessoas buscaram trabalho por conta própria por estarem desempregadas, precisando de um rendimento

Os trabalhadores informais somaram mais de 38,8 milhões no trimestre móvel de setembro a novembro de 2022. A alta proporção de trabalhadores nessa situação (38,1% da população ocupada) evidencia a falta de formalização do mercado de trabalho brasileiro.

De acordo com os dados mais recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 25,5 milhões dos informais eram trabalhadores por conta própria. Isso quer dizer que quase dois terços dos informais geravam renda de forma independente.

Em meio a esses números expressivos, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) começou em dezembro de 2022 a divulgar um levantamento sobre o mercado de trabalho brasileiro, focando nestes profissionais que atuavam por conta própria.

Trabalhadores com carteira assinada

Um dos quesitos abordados pelo FGV Ibre se referiu à atividade laboral exercida pelos trabalhadores por conta própria antes de se enquadrarem nessa modalidade.

A saber, 66,5% dos trabalhadores por conta própria não pertenciam a essa categoria anteriormente. Por outro lado, 33,5% dos entrevistados afirmaram que sempre pertenceram a essa categoria.

Após esta questão, o FGV Ibre perguntou aos 66,5% qual atividade laboral que eles exerciam antes de se tornarem trabalhadores por conta própria. Confira abaixo quais foram as respostas:

  • 57,1% eram trabalhadores com carteira assinada;
  • 16,0% eram trabalhadores sem carteira assinada;
  • 15,9% estavam desempregados;
  • 2,9% eram empregadores com CNPJ.
  • 2,9% eram empregadores sem CNPJ.

Os demais 5,2% dos entrevistados responderam que se enquadravam em outras situações, mas o levantamento não especificou quais seriam.

Vale destacar que, na análise por renda, a segunda opção mais citada pelos trabalhadores que recebem até dois salários mínimos foi “desempregado”. Já entre os trabalhadores com uma renda superior a essa, houve maiores proporções de “trabalhadores sem carteira assinada” e “empregadores”.

Busca por rendimento leva a trabalho por conta própria

A pesquisa também revelou os motivos que levaram os trabalhadores a começarem a gerar renda de maneira independente. Em suma, diversos fatores impulsionaram o trabalho por conta própria, mas a necessidade de ter um rendimento foi o principal motivo citado.

Veja os fatores mais citados pelos entrevistados:

  • 32,1% estavam desempregados e precisavam de um rendimento;
  • 22,9% buscavam independência;
  • 13,6% queriam flexibilidade de horário;
  • 12,3% possuíam necessidade de uma fonte de renda extra;
  • 8,0% tinham dinheiro e surgiu a oportunidade de começar um negócio próprio;
  • 7,2% estavam com dificuldade em emprego com salário bom.

Os demais 3,9% dos entrevistados citaram outros fatores, que não foram explicitados pelo FGV Ibre.

A saber, entre os trabalhadores de menor poder aquisitivo, as principais razões citadas foram: “estavam desempregados e precisavam de um rendimento”, “independência” e “necessidade de uma renda extra”, nesta ordem.

Por sua vez, entre os trabalhadores com maior rendimento, os fatores mais citados foram: “independência”, “flexibilidade de horário” e “estavam desempregados e precisavam de um rendimento”, nesta ordem.

Veja os principais temores dos trabalhadores

O levantamento quis saber dos entrevistados quais seriam os maiores riscos vislumbrados por eles. Em síntese, o questionamento se referia a um prazo de três anos e pedia que os trabalhadores citassem os principais temores para eles e suas famílias.

A saber, este questionamento foi aberto para todos os entrevistados, e não apenas para um grupo específico. Dessa forma, o FGV Ibre poderia medir com maior precisão os riscos que afligem os trabalhadores por conta própria do país.

De acordo com a pesquisa, os maiores temores citados pelos trabalhadores foram:

  • 58,9% temem ficar doentes ou incapacitados;
  • 47,4% temem enfrentar dificuldade para cobrir todas as despesas (trabalhar, mas com renda muito baixa);
  • 39,2% temem perde o emprego e/ou principal fonte de renda;
  • 36,2% temem crime ou violência;
  • 27,9% temem ter dificuldade em garantir cuidado para familiares dependentes;
  • 12,1% temem ter dificuldade em ter creches ou escolas de boa qualidade para os filhos.

Em resumo, os entrevistados poderiam citar mais de um risco que temiam para o futuro. Em relação às faixa de renda, ambos os trabalhadores citaram “ficar doentes ou incapacitados” como maior temor.

Entretanto, a “dificuldade para cobrir todas as despesas” foi citada por 49,9% dos trabalhadores de menor rendimento e por 43,5% dos trabalhadores com maior poder aquisitivo. Já o “medo de perder o emprego” foi maior para os de maior remuneração (43,2%), ante 38,5% dos que recebiam até dois salários mínimos.

FGV lança nova sondagem

Por fim, o FGV Ibre lançou a Sondagem do Mercado de Trabalho (SMT) no início de dezembro do ano passado. A saber, a pesquisa consulta cerca de 2 mil pessoas físicas mensalmente. Aliás, as entrevistas englobam pessoas com mais de 14 anos de idade e ocorrem em todo o território nacional.

Em resumo, a SMT “é uma pesquisa mensal que tem por finalidade gerar indicadores que antecipem tendências dos principais indicadores de mercado de trabalho e aprofundar o entendimento de alguns temas dentro do mercado de trabalho”, explicou o FGV Ibre. Saiba mais sobre a pesquisa clicando aqui.

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