Trabalhadores temem demissão em massa em montadoras do país

No início da semana, algumas montadoras deram férias coletivas aos trabalhadores. Mas qual a chance de demissão em massa?

No início desta semana, as principais montadoras de automóveis do país decidiram paralisar parte das suas atividades e conceder férias coletivas para os seus funcionários. Empresas como General Motors, Volkswagen, Hyundai, Mercedes-Bens e Stellantis seguiram o mesmo roteiro. Agora, trabalhadores temem a possibilidade de uma demissão em massa.

Mas qual é a real chance deste processo acontecer? Para o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, não há com o que se preocupar. Ele participou nesta quarta-feira (22) de um encontro com representantes do setor e com o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). 

“Não acredito (nas demissões em massa). O Brasil já teve uma oportunidade muito grande de crescimento. Isso foi apresentado com exportações, lembrando que o que limitava nosso crescimento era a crise dos semicondutores”, afirmou Márcio de Lima Leite.

Especificamente sobre o encontro com Haddad, ele disse que a reunião teria sido “muito produtiva”. “São medidas de curto, médio e longo prazo para reduzir o custo Brasil, como desburocratização do sistema, alguma regra administrativa que já perdeu o sentido pela evolução tecnológica”, disse Leite.

Medidas para o setor

O representante da categoria também disse que deve aumentar as discussões com o Governo Federal em torno de medidas para alavancar o setor.

“O setor, por exemplo, tem hoje R$ 15 bilhões de créditos de tributos que poderiam ser usados em investimento, em geração de emprego e hoje o dinheiro fica sem fazer a economia girar”, disse ele.

“Há 2 anos e meio, o mercado [automobilístico] vendia 70% a prazo e 30% a vista. Nesse mês, nós estamos vendendo 70% a vista e 30% a prazo. O que isso significa? Que esse consumidor desapareceu e ele está indo para o mercado de usados. Temos que ter uma atenção especial para voltar com esse mercado em patamares elevados.”

Leite também disse que há uma convergência do setor em torno de um apoio ao texto da Reforma Tributária.

“Nós apoiamos a reforma tributária veementemente. Entendemos que a reforma tributária é importante para o país e consequentemente para o setor. Procuramos trazer algumas sugestões e contribuições, mas sempre respeitando o texto proposto”, declarou ele.

Montadoras

A realidade das montadoras no Brasil, no entanto, não parece ser das mais fáceis.

  • Hyundai

Concedeu férias coletivas de três semanas para os seus trabalhadores dos três turnos que atuam na unidade e que produzem os modelos HB20 e Creta em Piracicaba (SP).

  • Stellanis

Dispensou por 20 dias os funcionários do segundo turno da fábrica da Jeep na cidade de Goiana, em Pernambuco. Há um esquema de escalonamento para que outros empregados sejam suspensos depois.

  • General Motors

Anunciou a suspensão da produção da picape S10 e do SUV Trailblazer em São José dos Campos. A paralisação destas atividades é válida entre os dias 27 de março e 13 de abril.

Queda da produção

A produção nacional de veículos em fevereiro de 2023 caiu 2,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados são da própria Anfavea. Foram 161,2 mil veículos fabricados, o menor número para este mesmo período desde 2016.

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