Tebet contraria Lula e diz ser contra programa de barateamento agora

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou nesta quarta-feira (12) que o Governo Federal está estudando a criação de um novo programa de barateamento de eletrodomésticos. A notícia pegou muita gente de surpresa, inclusive a própria área econômica do Governo. A Ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB) não ficou confortável com a promessa do petista.

Logo depois do evento em que Lula anunciou o programa de barateamento, a ministra foi perguntada sobre o programa em questão. Inicialmente, ela respondeu “calma, calma”, mas depois de muita insistência por parte dos jornalistas, ela seguiu com um “pergunta para o Alckmin”. Até então, Tebet não vinha mais falando publicamente sobre este assunto.

Depois de participar de um evento no Rio de Janeiro, Tebet foi perguntada mais uma vez sobre o programa e respondeu que a prioridade do Governo não deveria ser este programa de barateamento, mas o projeto que prevê a redução do número de endividados no Brasil, mais conhecido como Desenrola.

“O mais importante e primordial para que isso aconteça é, antes, acontecer o Desenrola (programa de negociação de dívidas). As famílias estão endividadas, então na adianta lançar uma linha branca com desconto. As pessoas não vão comprar ou vão pedir empréstimos com juros caríssimos”, ponderou a Ministra.

Dados mais recentes da Confederação Nacional do Comércio (CNC) apontam que 78,3% das famílias possuem alguma dívida para pagar, estejam elas em atraso ou não. O número total dos endividados já se aproxima dos 70 milhões de cidadãos, e a situação só piora desde o início da pandemia do coronavírus.

Haddad marca encontro

Independente desta opinião de Tebet, fato é que o presidente Lula tem um encontro marcado com o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) próxima sexta-feira (14). Em entrevista nesta quinta-feira (13), o chefe da pasta econômica confirmou que vai discutir o tema com o presidente. Ainda não se sabe se Tebet será ouvida ou não.

“Se o governo pagar 10% de juro real, quem compra uma geladeira paga 20%, 30%. Amanhã (sexta, 14) tem despacho com o presidente Lula e esse deve ser um dos temas”, disse o ministro da Fazenda em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, da Rede TV.

O barateamento dos eletrodomésticos

Caso o programa de barateamento de eletrodomésticos seja confirmado, esta será a segunda vez que o presidente Lula aplica um programa de crédito para estas reduções de preços. A primeira vez foi ainda em 2009, quando ele estava próximo da conclusão do seu segundo mandato.

Naquela ocasião, o projeto proporcionou o seguinte cenário:

• o imposto sobre geladeiras caiu de 15% para 5%;
• o imposto sobre fogões caiu de 5% para zero;
• o imposto para máquinas de lavar roupas caiu de 20% para 10%;
• e o imposto para tanquinhos caiu de 10% para zero.

Abaixo, você pode conferir quais eletrodomésticos fazem parte do sistema da linha branca e poderão ter algum desconto caso o programa de barateamento seja mesmo confirmado:

• geladeira;
• fogão,
• micro-ondas;
• refrigerador;
• ar-condicionado;
• forno elétrico;
• cafeteira;
• torradeira;
• aparelho purificador de água;
• máquina de lavar roupas;
• secadora de roupas;
• tanquinho;
• máquina de lavar louça;
• adegas/frigobar.

O que disse Lula?

No evento desta quarta-feira (12), o presidente Lula revelou que já vem conversando com o vice-presidente Alckmin sobre o assunto, mas evitou dar mais detalhes.

“Até falei para o Alckmin: ‘Que tal a gente fazer uma aberturazinha para a linha branca outra vez?’. Facilitar a compra de geladeira, de televisão, de máquina de lavar roupa”, disse o presidente.

“As pessoas, de quando em quando, precisam trocar os seus utensílios domésticos. Quando a geladeira velha está batendo, não está gelando a cerveja bem, e está gastando muita energia, você tem que trocar. E, se está caro, vamos baratear, tentar encontrar um jeito”, completou.