Propagação de nuvens: como é feita e como funciona?

Essa ação é um tipo de modificação do clima

Os humanos podem não ser capazes de controlar o clima, mas certamente podemos modificá-lo. Propagação de nuvens – o ato de injetar produtos químicos como gelo seco, iodeto de prata, sal de cozinha nas nuvens com o objetivo de alterar o resultado do tempo (mais chuva, mais neve, menos neblina, menos granizo ) – é um tipo de modificação do clima.

Países que fazem isso têm o intuito de praticar a propagação de nuvens para aumentar a precipitação.

Apesar de sua popularidade como uma ferramenta para lidar com a falta de escassez de água resultante de secas e nevascas, especialmente nos Estados Unidos, as questões e controvérsias em torno de sua eficácia e ética permanecem acaloradamente debatidas.

História da propagação de nuvens

Por mais ultramoderno que pareça a semeadura de nuvens, não é um conceito novo. Foi inventado, por acaso, na década de 1940 pelos cientistas da General Electric (GE) Vincent Schaefer e Irving Langmuir, que estavam pesquisando maneiras de reduzir a formação de gelo nos aviões.

A formação de gelo ocorre quando gotículas de água super-resfriadas que residem nas nuvens atingem e imediatamente congelam nas superfícies da aeronave, formando uma camada de gelo.

Portanto, foi teorizado que se essas gotículas pudessem de alguma forma ser encorajadas a se solidificar em cristais de gelo antes de se unirem à aeronave, a ameaça de formação de gelo nas asas poderia ser reduzida.

Schaefer testou essa teoria em laboratório exalando em um freezer, criando assim “nuvens” com sua respiração e, em seguida, jogando vários materiais, como solo, poeira e pó de talco, na “caixa fria” para ver qual estimularia melhor o crescimento de cristais de gelo.

Ao soltar minúsculos grãos de gelo seco na caixa fria, uma enxurrada de cristais de gelo microscópicos se formou.

Como funciona

Na natureza, a precipitação se forma quando minúsculas gotículas de água (menores em tamanho que o diâmetro de um fio de cabelo humano) suspensas nas barrigas das nuvens crescem em volume o suficiente para cair sem evaporar.

Essas gotículas crescem colidindo e se juntando a gotículas vizinhas, seja por congelamento em partículas sólidas com estruturas cristalinas ou semelhantes a gelo, conhecidas como núcleos de gelo, ou atraídas para partículas de poeira ou sal, conhecidas como núcleos de condensação.

A propagação de nuvens estimula esse processo natural ao injetar nuvens com núcleos adicionais, aumentando assim o número de gotículas que crescem o suficiente para cair como gotas de chuva ou flocos de neve, dependendo da temperatura do ar dentro e abaixo da nuvem.

Esses núcleos “feitos pelo homem” vêm na forma de produtos químicos como iodeto de prata, cloreto de sódio e gelo seco (CO2 sólido), que são dispensados no coração de nuvens produtoras de precipitação por meio de geradores terrestres que emitem produtos químicos no ar, ou aeronaves que entregam cargas úteis de flares cheios de produtos químicos.

Em 2017, os Emirados Árabes Unidos, que realizaram quase 250 projetos de semeadura em 2019, começaram a testar uma nova tecnologia em que drones voam para as nuvens e fornecem um choque elétrico.

De acordo com a University of Reading, que liderou o projeto, esse método de carga elétrica ioniza as gotículas da nuvem, fazendo com que elas grudem umas nas outras, aumentando assim sua taxa de crescimento.

Como elimina a necessidade de produtos químicos como o iodeto de prata (que pode ser tóxico para a vida aquática), pode se tornar uma opção de semeadura mais ecológica.

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