Os brasileiros poderão ter que pagar mais caro para adquirir ovos e tilápia. Na verdade, os preços já estão bastante elevados no país, e isso está se intensificando com a proximidade da quaresma, pois estes itens são tradicionalmente consumidos no período.
Em resumo, os católicos costumam reduzir o consumo de carne vermelha durante a quaresma. Assim, as buscas por outras opções, como ovos e peixes, crescem no país. E, em fevereiro, os preços também subiram, assustando os brasileiros.
De acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP), os preços dos ovos e da tilápia pagos ao produtor dispararam. Com o avanço registrado nas duas primeiras semanas de fevereiro, os valores bateram recorde no país.
Como a demanda está mais intensa, os supermercados e lojas já começaram a estocar os itens para garantir a oferta. No entanto, vale destacar que as granjas e os fornecedores de peixe tiveram uma produção menor do que a esperada pelo varejo e atacado. E isso está ajudando a impulsionar o preço dos itens nas últimas semanas.
Preço do ovo sobe 14%
Entre janeiro e o dia 13 de fevereiro, o preço do ovo disparou no país. A saber, a caixa com 30 dúzias do ovo branco teve um forte aumento de 14% nesse período no município de Bastos. Com isso, o preço médio chegou a R$ 158,38. Aliás, esta é a maior região produtora do estado de São Paulo.
Por sua vez, a caixa com 30 dúzias do ovo vermelho teve um avanço ainda maior no período, de 15,7%. Isso fez o preço médio subir para R$ 180,39 na região, o que representa um recorde para a série do Cepea, que teve início em 2013.
Em síntese, a redução na produção de ovos no país é a principal responsável pelo aumento dos preços deste item. Muitos avicultores reduziram nos últimos meses a quantidade de galinhas poedeiras que possuíam devido ao aumento dos custos de produção. Isso derrubou a oferta de ovos no país, o que impulsionou os seus preços.
Brasil não deve sofrer com escassez de ovos
Embora os preços estejam elevados, a população não deverá sofre com a escassez de ovos de galinhas. Pelo menos foi isso o que Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e do conselho administrativo de Instituto Ovos Brasil, afirmou em janeiro.
À época, ele alertou que os preços do ovo deveriam continuar bastante elevados em 2023, e é justamente isso o que está acontecendo. De acordo com ele, os altos preços que o milho atingiu em 2020 são uma das principais razões para os elevados custos de produção. Até porque as consequências disso ainda estão sendo sentidas pela população.
“Tivemos uma queda de 5% da produção de ovos em 2022 e estamos projetando recuo de 2% em 2023, fruto da diminuição de matrizes [aves poedeiras] no tempo do pico do milho, quando ele chegou próximo a R$ 100 a saca”, informou o presidente da ABPA em janeiro.
Preço da tilápia sobe menos no país
As altas nos preços dos ovos foram bem mais intensas que as registradas pelos pescados. Em suma, o valor da tilápia subiu 1,4% entre janeiro e o dia 10 de fevereiro na região dos Grandes Lagos. Essa região fica na parte noroeste do estado de São Paulo e na divisa de Mato Grosso do Sul.
O avanço fez o preço médio do pescado alcançar R$ 8,79, maior valor já registrado pela série histórica do Cepea, que teve início em agosto de 2021. Vale destacar que esse é o sétimo mês consecutivo que os preços da tilápia sobem no país, segundo o instituto.
Isso está acontecendo, principalmente, por causa do atraso no ciclo de produção do animal. Em resumo, os impactos provocados pelas frentes frias registradas no ano passado, nas regiões Sul e Sudeste, afetaram a produção da tilápia no país, o que diminuiu a oferta do item.
Além disso, os produtores do pescado acabaram reduzindo a quantidade de alevinos nos tanques por causa das incertezas relacionadas à atividade econômica brasileira e à política do país.
Tudo isso mostra que os consumidores precisam ficar atentos para não pagarem muito caro por estes itens nos supermercados e lojas. A consulta a preços em diferentes estabelecimentos pode garantir uma quaresma mais leve nos bolso dos consumidores.