Infectologistas ressaltam que o risco maior que os candidatos ao Enem correm de contrair Covid-19 está nas aglomerações antes da prova. Ou seja, nos transportes públicos durante o trajeto, assim como nos portões dos locais de aplicação.
“São jovens que deveriam estar evitando aglomerações e que vão ser forçados a sair de casa, a pegar transporte público e a talvez encontrar grandes grupos nos corredores e portões”, coloca Alexandre Naime Barbosa, chefe da infectologia da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
“Se for ver todo o processo, a realização da prova em si é o menor dos perigos. A mudança de rotina, sim, vai impactar o número de casos”, acrescenta ele em entrevista ao portal G1.
De acordo com Barbosa, dentro das salas propriamente ditas, pode haver um maior controle dos protocolos sanitários.
Afinal, entre as medidas para o Enem 2020 há o distanciamento entre as carteiras e a abertura total das janelas nas salas, promovendo assim a ventilação natural necessária.
Além disso, pede-se que o candidato use a máscara durante toda a prova, assim como carregue consigo uma máscara reserva caso precise fazer a troca. Também haverá álcool 70% à disposição para a devida higienização das mãos.
“A gente sabe que não há distanciamento social nem limite de passageiros em ônibus, metrôs e trens ou nos barcos da região amazônica”, diz o infectologista.
“E, nos portões [das escolas onde farão a prova], os jovens vão encontrar os amigos ou conhecidos. Em provas de residência médica, recentemente, houve aglomerações absurdas nos corredores e escadas”, diz.
Lembrando que ocorreu o adiamento do Enem no estado do Amazonas em razão do aumento drástico no número de casos e de mortes por Covid-19.
Portões abrem mais cedo para o Enem
A saber, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) resolveu antecipar a abertura dos portões para as 11h30 nos dias do Enem. Trata-se de mais uma medida para evitar aglomerações.
Ainda assim, Barbosa acredita que há risco de formação de grandes grupos ou de desrespeito ao distanciamento social.
De acordo com Ethel Maciel, epidemiologista e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a circulação intensa de estudantes nos dias de Enem gera muita apreensão.
“A gente fica falando para todo mundo se manter nas suas bolhas sociais e, agora, vai estourar a bolha no Brasil todo ao mesmo tempo. É irresponsável”, afirma. “Vai acelerar a segunda onda da pandemia, com o perigo de espalhar novas variantes do vírus’, finaliza a especialista.
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