Inflação da indústria brasileira CAI em fevereiro, revela IBGE

Indústria química e setor de alimentos puxam inflação para baixo, aliviando um pouco o bolso dos produtores

inflação da indústria brasileira caiu 0,30% em fevereiro deste ano, na comparação com o mês anterior. O recuo é o sexto nos últimos sete meses e sucede a alta de 0,29% registrada em janeiro. Com isso, a variação acumulada em 2023 ficou em -0,01%, ou seja, manteve-se praticamente estável.

Nos últimos sete meses, a inflação da indústria caiu 7,37%. Aliás, a queda nos preços, observada nos últimos meses do ano passado, fez a inflação da indústria chegar a 3,13% em 2022.

Essa é a terceira menor taxa da série histórica, que teve início em 2014. A título de comparação, a taxa inflacionária ficou 25 pontos percentuais (p.p.) inferior a de 2021.

Todos os dados se referem ao Índice de Preços ao Produtor (IPP), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador é considerado a inflação da indústria e seus resultados tendem a indicar a trajetória que a inflação ao consumidor seguirá. Assim, quanto menor a variação do índice, melhor para os consumidores.

De acordo com o IBGE, o IPP “tem como principal objetivo mensurar a mudança média dos preços de venda recebidos pelos produtores domésticos de bens e serviços, bem como sua evolução ao longo do tempo, sinalizando as tendências inflacionárias de curto prazo no país”.

“Constitui, assim, um indicador essencial para o acompanhamento macroeconômico e, por conseguinte, um valioso instrumento analítico para tomadores de decisão, públicos ou privados”, informa o instituto.

O IPP analisa o progresso dos preços dos produtos na “porta da fábrica”, sem impostos e frete, medindo a evolução de 24 atividades das indústrias extrativas e de transformação.

Indústria química puxa inflação para baixo

A inflação dos preços em fevereiro ficou negativa, mas não de maneira muito disseminada entre os setores industriais. Segundo o IBGE, a taxa inflacionária apresentou variações negativas em 11 das 24 atividades industriais pesquisadas.

Em suma, as quatro maiores variações registradas em fevereiro seguiram direções opostas. Isso porque três delas ficaram em campo positivo, enquanto a restante se manteve no negativo e puxou a inflação da indústria para baixo no mês.

Veja abaixo as atividades com as maiores variações em fevereiro:

  • Vestuário: +4,91%
  • Indústrias extrativas: +3,00%;
  • Outros produtos químicos: -2,43%;
  • Bebidas: +1,79%.

“A indústria química tem o maior impacto negativo muito por conta da queda de preços de produtos utilizados na lavoura: adubos e fertilizantes e os fungicidas. Isso se deve à redução da demanda e à estabilização de preços após as altas provocadas pela guerra da Ucrânia“, explicou o gerente do IPP, Alexandre Brandão.

“A guerra desorganizou a oferta e agora que ela está se normalizando, os preços começaram a cair. O Brasil importa muito e segue os preços internacionais. Outro fator é que o real está apreciado em relação ao dólar, o que faz com que os produtos fiquem mais baratos em real”, acrescentou.

A saber, a indústria química exerceu o maior impacto no IPP em fevereiro, de -0,21 ponto percentual (p.p.). Em seguida, ficaram as atividades de refino de petróleo e biocombustíveis, (-0,20 p.p. de influência) e alimentos (-0,18 p.p.), também com impactos negativos.

Por outro lado, as indústrias extrativas elevaram a inflação em 0,14 p.p. no mês, mas isso não foi suficiente para impedir a queda do IPP. Aliás, o recuo do indicador foi o terceiro maior para meses de fevereiro desde o início da série histórica.

Preços dos alimentos caem no país

Os preços dos alimentos na “porta de fábrica” caíram 0,73% em fevereiro, após dois meses de alta. Em resumo, a inflação desta atividade ficou negativa, ou seja, os preços dos alimentos caíram no país, ajudando a puxar o IPP para baixo.

Embora a taxa mensal tenha recuado, não foi isso o que aconteceu com a anual. No acumulado de 12 meses, o setor exerceu a segunda maior influência na inflação da indústria brasileira (1,00 p.p.). Inclusive, o IPP acumulou uma alta de 1,38% no período, o que mostra o forte impacto da atividade no indicador.

De acordo com o IBGE, os preços dos alimentos caíram em fevereiro devido ao grupo de fabricação de óleos e gorduras vegetais e animais, cuja taxa recuou 3,95%. Além disso, os preços das carnes também caíram em fevereiro.

“No caso das carnes frescas ou refrigeradas, a queda deve-se ao bloqueio da China à carne bovina devido a ocorrência de um caso de vaca louca. A produção que não foi exportada foi pelo menos em parte direcionada ao mercado interno e os preços caíram”, explicou Brandão.

Em contrapartida, houve alta nos preços dos laticínios (+1,00%) e da fabricação e refino de açúcar (+0,66%), que ajudaram a diminuir a queda dos valores dos alimentos.

Vale destacar que o setor de alimentos é o de maior contribuição no cálculo do IPP. Em suma, o setor responde por mais de 23% da variação do índice, segundo o IBGE. Por isso que sua variação, apesar de não ter sido muito expressiva, foi suficiente para colocar o grupo em destaque em janeiro.

Por fim, “o IPP investiga os preços recebidos pelo produtor, isentos de impostos, tarifas e fretes, e definidos segundo as práticas comerciais mais usuais”. O IBGE revelou que há uma coleta mensal de cerca de seis mil preços em pouco mais de 2,1 mil empresas.

 

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