Economia: Banco Central sinaliza uma deflação para os próximos meses

A inflação anual, no entanto, continua em alta

Depois de muito tempo de inflação alta em todo o país, o mês de julho apresentou uma deflação de 0,68% no preço de produtos e serviços. Todavia, esta estatística positiva veio de um estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Na média do ano, a inflação do país deve ficar em 6,5%, acima da meta estabelecida pelo governo para 2022. Ademais, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira, que espera uma deflação do índice dos preços por um período de dois a três meses.

Roberto Campos afirma que a queda dos preços teve como catalisador, as medidas aprovadas pelo Congresso Nacional. Em síntese, a redução e corte de impostos sobre produtos essenciais, como energia elétrica e combustíveis, trouxeram um alívio para o bolso dos brasileiros que vinham sofrendo com a alta de preços há bastante tempo.  

A inflação negativa em julho foi a primeira depois de 25 meses de alta de preços. Desse modo, apesar da estatística positiva, economistas sugerem cautela, visto que possivelmente as medidas adotadas pelo governo possam pressionar os preços no ano que vem, aumentando a inflação.

Estimativas para a Inflação

A princípio, o presidente do Banco Central afirmou em um evento no Chile, que a estimativa para a inflação em 2022 é de 6,5%, talvez um pouco menor. Ele afirmou que “não estamos celebrando intensamente, há trabalho a fazer. Esperamos dois ou três meses de deflação, muito impactada por energia e medidas”. 

Economistas do mercado financeiro divulgaram na semana passada, uma redução de 7,02% para 6,82% para a inflação deste ano. Aliás, esta foi a oitava queda seguida do indicador. Desta maneira, a previsão do Banco Central sobre o IPCA está um pouco abaixo em relação ao que o mercado espera. No entanto, ainda está acima da meta estabelecida para o ano.

O Conselho Monetário Nacional (CNM), definiu a meta para a inflação anual, de 3,5%, e deve ser cumprida se o índice de preços oscilar entre 2% a 5%. O Banco Central já havia sinalizado que o país não cumpriria a meta estabelecida, com um índice da inflação superior ao teto, assim como aconteceu em 2021.

Segundo Roberto Campos, o setor de serviços vêm preocupando os economistas, mesmo tendo um crescimento de 9% no primeiro semestre. A inflação de serviços ainda vem tendo uma alta, mas com uma maior moderação. Os alimentos vêm puxando os preços para baixo, o que é um bom sinal.

Contas públicas do governo

O presidente do BC afirmou que há uma incerteza sobre o que acontecerá no próximo ano. Isso se deve ao fato de que houve um aumento das contas públicas relacionados aos gastos, um novo mandato, o que diminui a credibilidade do governo. 

O Comitê de Política Monetária (Copom) em sua última reunião subiu o índice de juros básicos da economia nacional para 13,75% ao ano. É a taxa mais alta em seis anos. A preocupação com o aumento dos gastos em razão da PEC Kamikaze, que trouxe diversos benefícios sociais, é que aumente as despesas do governo.

Estas medidas, caso sejam prolongadas, podem aumentar os riscos do país, que causaria um aumento dos juros para a população. Com as contas públicas em risco, a expectativa é a de que a inflação dos produtos e serviços aumentem consideravelmente para 2023.

A mudança de governo para o ano que vem também gera uma série de incertezas, especialmente sobre as contas públicas. O presidente do BC afirmou que é preciso demonstrar ao mercado, que o governo está no caminho de uma  disciplina fiscal. Mas o aumento da taxa básica de juros gera uma incerteza.

Tanto Jair Bolsonaro (PL) quanto Lula (PT), candidatos à presidência, sinalizaram que deverão manter o Auxílio Brasil em R$600 para 2023. Lula afirma que irá terminar com o teto de gastos. Bolsonaro busca a troca do teto, para que seja possível continuar com os programas sociais de transferência de renda.

O fato é que se a deflação se tornar real, ela irá impactar no índice anual dos preços de todo o país. Entretanto, a expectativa é que no ano que vem a inflação retorne a ritmos galopantes.   

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