Consumidor brasileiro está MENOS confiante com economia do país

Índice de confiança recua 1,3 ponto em fevereiro e reflete o aumento do pessimismo do consumidor em relação aos próximos meses

As expectativas para a atividade econômica brasileira em 2023 seguem com pouca expressividade. Os analistas do mercado financeiro projetam um crescimento mais tímido devido aos juros e à inflação elevados. E isso está  se refletindo na confiança dos consumidores, que caiu novamente em fevereiro.

Após iniciar o ano em queda, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) recuou 1,3 ponto em fevereiro, na comparação com o mês anterior. Com isso, o indicador chegou a 84,5 pontos, ficando ainda mais distante do nível de janeiro de 2020 (90,4 pontos), no período pré-pandemia.

Em síntese, a crise sanitária afetou todo o mundo, provocando a perda de milhões de empregos, bem como a elevação da inflação. Tudo isso corroeu a renda das pessoas, inclusive no Brasil.

E o resultado observado neste mês mostra que o consumidor está ainda mais pessimista que no início de 2020, quando os primeiros relatos sobre a pandemia da covid-19 começavam a surgir no planeta.

Vale destacar que o índice de confiança do consumidor continua em um nível historicamente baixo, longe da marca dos 100 pontos. A propósito, níveis inferiores a essa faixa indicam pessimismo das pessoas, enquanto valores superiores a 100 pontos representam otimismo.

O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), responsável pelo levantamento, divulgou os dados na sexta-feira (24).

Pessimismo com a situação atual derruba confiança

Neste mês, o que enfraqueceu a confiança do consumidor brasileiro foi o pessimismo em relação à situação atual do Brasil. Em resumo, as famílias do país não estão muito confiantes com a atual atividade econômica do país, principalmente aquelas de renda mais baixa.

“A confiança dos consumidores cai pelo segundo mês consecutivo. No geral há uma percepção de piora da situação atual, que é mais percebida pelas famílias de menor poder aquisitivo”, explicou Viviane Seda Bittencourt, coordenadora das sondagens do FGV Ibre.

“As perspectivas ainda são cautelosas, apesar dos consumidores ainda serem otimistas em relação ao mercado de trabalho, o que parece ter sustentado as perspectivas sobre economia e emprego com indicadores acima dos 100 pontos”, explicou a coordenadora.

De acordo com Viviane, o cenário nacional continua bastante desafiador em 2023. A saber, o mês de fevereiro não trouxe nenhuma novidade positiva, que ajudasse a reduzir o pessimismo dos consumidores em relação à situação atual do Brasil. Por isso que a confiança caiu.

No entanto, vale mencionar a melhora dos dados em relação ao desemprego, que caiu no trimestre móvel de setembro a novembro de 2022. Na verdade, os recuos aconteceram durante todo o ano passado, mas não há expectativas que indiquem grandes quedas na taxa de desemprego em 2023.

Embora estes dados sejam positivos, as estimativas para o futuro não seguem essa mesma trajetória, pelo menos não com a mesma intensidade. As expectativas para a atividade econômica do Brasil em 2023 são bastante limitadas, e isso vem limitando a confiança dos consumidores, que já estão mudando seus hábitos nos últimos anos.

Todas as faixas de renda estão pessimistas

Em fevereiro, o recuo do ICC não foi mais intenso porque as perspectivas em relação ao futuro não caíram de maneira expressiva. Em suma, o ICC possui dois componentes, o Índice de Situação Atual (ISA) e o Índice de Expectativas (IE), que seguiram a mesma direção neste mês.

Segundo o levantamento, o ISA recuou 1,8 ponto, para 69,3 pontos, menor patamar desde maio de 2022 (69,1 pontos). Por sua vez, o IE caiu 0,9 ponto, para 95,8 pontos.

Esses resultados mostram que ambos os componentes estão com taxas abaixo de 100 pontos, nível que indica estabilidade.

Contudo, ao compará-los, vê-se que o indicador relacionado aos próximos meses se mantém em nível bem mais elevado que o índice referente à situação atual do país. Aliás, o ISA  indica que os consumidores estão bastante preocupados com o momento atual do Brasil.

Seja como for, todas as faixas de renda não estão confiantes com a situação atual do país. Confira abaixo o índice de confiança dos consumidores por faixa de renda:

  • Até R$ 2.100: 84,4 pontos;
  • Entre R$ 2.100,01 e R$ 4.800: 81,6 pontos;
  • Entre R$ 4.800,01 e R$ 9.600: 86,6 pontos;
  • Acima de R$ 9.600: 89,9 pontos.

Os dados acima mostram que as faixas de renda mais elevadas se mostraram mais confiantes, enquanto os consumidores de menor poder aquisitivo ficaram em níveis um pouco mais baixos. Ainda assim, todas ficaram abaixo de 100 pontos.

“O contexto econômico das famílias se altera pouco: maior endividamento, taxas de juros elevadas, desaceleração da atividade econômica e a elevada incerteza devem manter a confiança em patamares baixos em 2023”, explicou Viviane Seda Bittencourt.

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