Vendas no varejo brasileiro encolhem em fevereiro, revela IBGE

Queda de 0,1% no volume de vendas sucede maior variação já registrada em meses de janeiro desde 2000, quando a série histórica teve início

O volume de vendas no varejo brasileiro encolheu 0,1% em fevereiro de 2023, na comparação com o mês anterior. A queda mensal é a terceira em quatro meses, indicando que o setor enfrenta dificuldades para se manter em campo positivo no país.

Em resumo, o leve recuo em fevereiro sucede a disparada de 3,8% registrada em janeiro. Aliás, este foi maior avanço para meses de janeiro desde o ano 2000, quando a série histórica teve início.

Embora tenha recuado, vale destacar que o resultado de fevereiro se manteve praticamente estável em relação a janeiro. Isso mostra que, apesar da queda, as vendas no varejo mantiveram o mesmo patamar, e isso aconteceu, principalmente, por causa da fraca base de comparação.

“Podemos fazer uma leitura dos resultados por consequência de um período de Black Friday e Natal ruins, que resultaram em uma recuperação em janeiro e uma sustentação desse patamar em fevereiro”, explicou Cristiano Santos, gerente da pesquisa.

“Além disso, um cenário de inflação estável em alguns setores importantes para a nossa pesquisa, como a alimentação em domicílio, que impacta a atividade de hiper e supermercados, também ajuda a entender os resultados observados em fevereiro”, acrescentou.

Já na comparação com fevereiro de 2022, o crescimento foi de 1,0%, sétimo resultado positivo consecutivo. Em suma, isso mostra que as vendas no varejo estão mais fortes nos últimos meses, pelo menos em relação ao mesmo período do ano passado.

Queda nas vendas fica disseminada no mês

Ao considerar apenas a base mensal, o volume de vendas encolheu devido à disseminação do resultado em fevereiro. Em síntese, seis das oito atividades pesquisadas fecharam o mês em queda.

Confira abaixo as variações registradas em relação a janeiro:

  • Livros, jornais, revistas e papelaria: 4,7%;
  • Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: 1,4%;
  • Combustíveis e lubrificantes: -0,3%;
  • Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: -0,7%;
  • Móveis e eletrodomésticos: -1,7%;
  • Outros artigos de uso pessoal e doméstico: -2,0%;
  • Tecidos, vestuários e calçados: -6,3%;
  • Equipamentos e material material para escritório, informática e comunicação: -10,4%.

Em fevereiro, o grupo de hiper e supermercados se destacou, influenciando o resultado mensal nacional. A saber, o grupo responde por mais de 40% do peso da pesquisa, ou seja, a variação do grupo exerce muito mais impacto no resultado nacional do que qualquer outra atividade.

Já as atividades de tecidos, vestuários e calçados e equipamentos de informática e comunicação tiveram os recuos mais intensos no mês. Em resumo, estes grupos possuem alta volatilidade, e os últimos resultados vêm mostrando variações bem intensas.

“Um fator que ajuda a explicar esse cenário é que janeiro foi um mês de muitas promoções, como estratégia de grandes empresas desses setores após novembro, com a Black Friday, e dezembro, com o Natal, terem sido meses de baixa. Promoções que não seguiram para fevereiro”, disse Cristiano Santos.

Os dados fazem parte da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada nesta semana.

Resultados positivos

Os dois únicos grupos que registraram aumento nas vendas em fevereiro foram livros, jornais e revistas e artigos farmacêuticos. Esses resultados conseguiram eliminar praticamente toda a queda acumulada pelos demais grupos no mês, já que a taxa variou levemente em relação a janeiro.

Em suma, “fevereiro é um mês que parte dos medicamentos são liberados para um aumento regular e isso refletiu no volume desse mês”, disse o gerente da pesquisa.

“Já a alta em livros, jornais, revistas e papelaria pode ser explicada principalmente pelos artigos relacionados ao material pedagógico”, acrescentou.

No entanto, Cristiano Santos ressaltou que a atividade de livros e papelaria vem perdendo força. De acordo com ele, a perspectiva a longo prazo é que os resultados fiquem ainda mais fracos.

Isso deverá acontecer porque o grupo está muito ligado “ao livro físico, ao jornal físico, à parte física de papelaria”, e boa parte do que é consumido atualmente é digital.

Aliás, vale destacar que, após 36 meses de grande influência da pandemia de Covid-19, o volume de vendas no varejo brasileiro está 3,0% acima do nível de fevereiro de 2020, último mês antes da decretação da pandemia.

De lá para cá, as atividades pesquisadas pelo IBGE acumularam variações bastante distintas. No lado das quedas, a mais intensa foi registrada justamente pelo setor de livros, jornais, revistas e artigos de papelaria (-40,0%). Já no lado das altas, o maior avanço veio do grupo artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (21,4%).

Vendas encolhem em 14 UFs em fevereiro

O IBGE informou que as vendas no varejo brasileiro encolheram em 14 das 27 unidades federativas (UFs) em fevereiro. Por outro lado, cresceram nas 13 UFs restantes. Em síntese, o resultado bastante dividido explica a quase estabilidade da taxa nacional no segundo mês de 2023.

Segundo o levantamento, as UFs que se destacaram negativamente em fevereiro foram:

  • Paraíba: -11,5%;
  • Espírito Santo: -5,2%;
  • Piauí: -1,9%.

Em contrapartida, as UFs que tiveram as principais influências positivas no mês foram:

  • Roraima: 2,7%;
  • Maranhão: 2,0%;
  • Amapá: 1,8%.

Por fim, o IBGE explicou que “a PMC produz indicadores que permitem acompanhar o comportamento conjuntural do comércio varejista no país, investigando a receita bruta de revenda nas empresas formalmente constituídas, com 20 ou mais pessoas ocupadas, e cuja atividade principal é o comércio varejista”.

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