Mesmo com a maior crise hídrica enfrentada pelo Brasil, no período de 91 anos, não há risco de racionamento da energia. A informação foi dada pelo secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia (MME), Christiano Vieira da Silva, que reforçou que não há indicação de falta de recursos para o atendimento da carga de energia do país em 2021.
Christiano disse que a região sudeste, responsável por 70% do armazenamento de água do Brasil, está com 26% de sua capacidade. Acrescentou, ainda, que a bacia mais atingida é a do Rio Paraná e seus afluentes, como o Tietê e o Paranaíba. O que deixou alguns especialistas atentos para possível risco na energia do país.
Por conta deste cenário, o secretário comentou que, desde outubro de 2020, o Organizador Nacional do Sistema (ONS) vem recomendando outras fontes de energia. A principal fonte complementar que foi recomendada pelo órgão é a fonte por meio do acionamento de usinas termelétricas, que costumam servir de complemento da energia do país.
O secretário comentou o uso de usinas termelétricas: “e nós estamos despachando energia termelétrica desde então”, disse. Ademais, o governo também vem adotando outras medidas, como a importação de energia de países vizinhos, facilitação da oferta por parte de usinas sem contrato, e geração excedente de usinas à biomassa.
Manutenção da energia no país
Segundo o secretário, Christiano da Silva, o objetivo é chegar em novembro, que representa o fim do período de seca, em condições adequadas. Até lá, o secretário reforça que as termelétricas continuarão trabalhando para complementar o suprimento de energia elétrica do país.
Além disso, o secretário de Energia falou das atitudes que os cidadãos brasileiros podem tomar para ajudar na economia de energia elétrica. As atitudes são simples e consistem em desligar a luz de cômodos que não estão sendo utilizados, evitar abrir a geladeira desnecessariamente e fechar a porta do cômodo que utiliza ar-condicionado ou aquecedor.
“São pequenos gestos, dentro de casa mesmo, que o consumidor pode fazer e que não vai atrapalhar em nada a rotina dele”, diz o secretário. Deste modo, estes gestos, apesar de pequenos, possuem um grande resultado a longo prazo, que poderá ser responsável por diminuir o risco de racionamento de energia no país.
Racionamento necessário
Segundo o coordenador do Instituto Clima e Sociedade (iCS), Roberto Kishinami, o governo precisa perder o medo de adotar um racionamento de energia. Com a finalidade de evitar o colapso do fornecimento de água para usos ainda mais essenciais. Um desses usos seria o suprimento humano, que é algo essencial para a população.
Roberto Kishinami diz que é preciso assumir que há riscos e agir. “O medo que o governo tem de racionamento tem que ser abandonado, é parte de um discurso negacionista. A gente tem que olhar o racionamento como uma medida racional, pensar daqui para a frente que, tendo menos água, precisamos garantir o suprimento para os usos essenciais, inclusive abastecimento humano”, disse o especialista.
Por fim, segundo Kishinami, existem diversos fatores que representam uma ameaça real para o fornecimento de energia do país. Entre estas estão a junção de escassez de chuva, aumento de consumo e redução da disponibilidade das usinas termelétricas.