O Brasil vem passando por uma preocupante crise hídrica nos últimos meses, o que interferiu diretamente na disponibilidade de energia elétrica no país. Com isso foram criados alguns programas de incentivo a redução de consumo de luz, entre eles, o Resposta Voluntária da Demanda (RVD) voltado ao setor industrial.
O programa estabelecia um pagamento de compensação financeira para as empresas que se disponibilizavam a reduzir o consumo de energia por períodos de quatro a sete horas por dia. O RVD foi anunciado em agosto pelo Governo Federal, porém, com o aumento das chuvas por todo país, foi suspenso na semana passada.
O RVD foi criado pela ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), e segundo a própria organização, já existe garantia de suprimento de energia até o fim do ano, uma das razões da decisão de suspender o programa junto com a chegada das chuvas.
“A melhora das condições hidroenergéticas, a efetividade dessas ações emergenciais e a garantia de suprimento de energia em 2021 são os principais motivadores da decisão do Operador”, informou a ONS. Ao mesmo tempo, a organização não descarta reativar o programa no ano que vem, caso seja necessário.
Setor do comércio é um dos que mais gastam energia
Ao mesmo tempo que a crise hídrica se alastrou, o consumo de energia no país aumentou. O setor do comércio e varejo foi um dos setores mais afetados durante a pandemia, e é um dos maiores responsáveis pelo aumento na utilização de energia que coincide com o avanço da vacinação e com a flexibilização das medidas restritivas em todos os estados.
A alta indica aquecimento do setor, que registrou seu maior consumo de energia no ano, encerrando setembro com alta de 6,45% em relação a agosto. Na comparação com o mesmo mês de 2020, a alta foi de 8,80%. É o que mostra o Índice Comerc Energia.
Juntamente ao aumento do consumo e a crise hídrica que o país está atravessando, está atrelado o aumento no preço do KWh na conta de luz no final do mês. No início da crise, foi estabelecido pela Aneel o acionamento da bandeira vermelha patamar 2, no valor das contas de energia elétrica residenciais.
Como funciona o sistema de bandeiras
O sistema de bandeiras foi criado em 2015 pela Aneel, e segundo a agência, além de possibilitar ao consumidor saber o custo real da geração de energia, o sistema incide nas despesas no orçamento das distribuidoras, evitando assim uma possível quebra financeira das mesmas.
Anteriormente, a tarifa adicional do custo da conta de luz era repassado anualmente, no reajuste de cada empresa, com devidas aplicações de juros. Agora, os recursos são cobrados e repassados às distribuidoras a cada mês do ano.
A bandeira verde, quando não há cobrança adicional, significa que o custo para produzir energia está baixo. O acionamento das bandeiras amarela e vermelha representa um aumento no custo da geração e a necessidade de acionamento de térmicas, o que está ligado principalmente ao volume dos reservatórios e das chuvas.
Confira os valores para cada bandeira, na tabela a seguir:
Bandeiras | Valores |
Bandeira Verde | Sem cobrança adicional |
Bandeira Amarela | R$ 1,84 por 100 kWh consumidos |
Bandeira Vermelha | Patamar 1: R$ 3,971 por 100 kWh consumidos
Patamar 2: R$ 9,492 por 100 kWh consumidos |
Bandeira de escassez hídrica (preta) | R$ 14,20 por 100 kWh consumidos |
Vale lembrar que famílias de baixa renda inclusas na Tarifa Social não pagam a tarifa da bandeira de escassez hídrica (bandeira preta) na conta de energia, que atualmente está em vigor até abril do ano que vem para os demais consumidores. Cenário que pode ser alterado com a chegada das chuvas e a garantia de suprimento de energia elétrica até o fim do ano.