Por que a Farmácia solicita meu CPF na hora da compra? Vale a pena informar?

Muitas vezes, quando vamos a uma farmácia, somos surpreendidos com a solicitação do nosso CPF no momento da compra. Mas, por que isso acontece? Quais as implicações dessa prática para nossa privacidade e segurança? E o que a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) diz a respeito? Vamos entender melhor.

O CPF como moeda de troca

O CPF, ou Cadastro de Pessoa Física, é um documento pessoal que identifica cada cidadão brasileiro. No mundo cada vez mais digital em que vivemos, o CPF se tornou uma espécie de moeda de troca, sendo solicitado em diversas situações cotidianas – e as farmácias não são exceção.

Nas grandes redes de farmácias do país, é comum a prática de solicitar o CPF do cliente no momento da compra. A justificativa é que, com esse dado, seria possível oferecer vantagens, descontos e facilidades ao consumidor. Mas será que essa prática é realmente segura? E, mais importante, está de acordo com a legislação de proteção de dados pessoais?

A posição da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD)

A ANPD, órgão responsável por fiscalizar o cumprimento da LGPD, já se manifestou sobre o tema. Em um relatório publicado recentemente, a ANPD alertou para os riscos associados ao fornecimento do CPF nas farmácias e pediu que os consumidores fiquem atentos.

Existem situações, no entanto, em que a solicitação do CPF é legítima. De acordo com normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o CPF e outros dados pessoais devem ser solicitados ao usuário em casos de venda de medicamentos de receita controlada, como antibióticos ou psicotrópicos.

Porém, em qualquer outra situação que não envolva a venda desses medicamentos, os usuários têm o direito de se recusar a fornecer seus dados pessoais, incluindo o CPF.

O que diz o Código de Defesa do Consumidor?

A prática de fornecer descontos em troca do CPF é considerada abusiva e discriminatória pelo Código de Defesa do Consumidor. Segundo o artigo 43, parágrafo 2º do Código, a abertura de cadastro de dados pessoais só pode ser feita a pedido do cliente ou se ele for previamente comunicado por escrito.

Portanto, oferecer descontos a clientes que fornecem seus dados pessoais, diferenciando-os daqueles que optam por não fornecer, pode ser considerado uma prática abusiva.

A polêmica envolvendo as farmácias e o CPF

A ANPD aponta que as farmácias brasileiras têm solicitado mais dados dos seus clientes do que o necessário. Em alguns casos, até a biometria é solicitada. Com isso, a Autoridade considera que essas empresas podem estar violando a LGPD.

O principal problema identificado pela ANPD é que as farmácias não têm sido transparentes sobre a finalidade e o uso que fazem dos dados coletados. Além disso, há indícios de coleta excessiva de dados pessoais, sem informações claras sobre como esses dados são tratados.

Os riscos de fornecer o CPF

Fornecer o CPF, assim como qualquer outro dado pessoal, pode representar diversos riscos, principalmente em relação à privacidade e segurança dos dados. Vejamos alguns desses riscos:

Violação de Privacidade

O recolhimento de dados pessoais pode levar à violação da privacidade do indivíduo, caso essas informações sejam utilizadas para finalidades além das necessárias para a transação comercial.

Uso Indevido dos Dados

Os dados coletados podem ser usados de maneira indevida, para fins de marketing agressivo, venda para outras empresas ou até para a tomada de decisões que afetem o indivíduo.

Riscos de Segurança

Há o risco de vazamento ou roubo desses dados. As empresas precisam ter sistemas de segurança robustos para proteger as informações pessoais dos clientes.

Perfilamento e Discriminação

Com base nos dados coletados, as empresas podem criar perfis detalhados dos consumidores, o que pode levar a práticas discriminatórias.

Rastreamento e Vigilância

A coleta e análise de dados pessoais podem permitir um grau preocupante de rastreamento e vigilância do comportamento dos indivíduos.

Com essas explicações, é  importante estar ciente dos riscos associados ao fornecimento do CPF e de outros dados pessoais. Antes de fornecer essas informações, é fundamental entender as implicações dessa prática para a nossa privacidade e segurança. E, sempre que possível, questione a necessidade de fornecer esses dados e exerça o seu direito de não fornecê-los.

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