Juros altos atrapalham a indústria nacional (Entenda!)

Setor tem recebido menos investimentos

De acordo com um levantamento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Ied), os juros altos praticados atualmente em todo o país tornam o acesso ao crédito mais caro. Todavia, uma alta taxa Selic atrapalhou o desenvolvimento de setores industriais mas tecnológicos no segundo trimestre deste ano de 2023.

A princípio, apenas a indústria de média-baixa tecnologia, apresentou um aumento de sua produção considerável, em todo o território nacional, durante o período do estudo do Ied. Vale ressaltar que esse setor considera ramos da extrativa. Houve uma grande restrição, principalmente de setores que dependem de financiamento.

Rafael Cagnin, economista responsável pelo levantamento, diz que a indústria de alta e média tecnologia sofrem bastante com os juros altos praticados atualmente no país. Analogamente, a pesquisa realizada pelo Ied divide os ramos industriais em quatro faixas de intensidade tecnológica, alta, média-alta, média, e média-baixa.

Essa metodologia presente no levantamento do Ied, foi estabelecida pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Ademais, no segundo trimestre de 2023, houve um recuo de 1,7% na produção da indústria de alta tecnologia, na comparação com o mesmo período do ano passado.

Juros e a indústria

Entre os setores industriais que mais sentiram as consequências dos juros altos e que tiveram uma redução expressiva em sua produção, podemos destacar o complexo eletrônico, com um corte na fabricação de diversos produtos. Neste sentido, houve uma redução na produção de equipamentos de rádio, televisão, e comunicação.

Em relação à indústria de média-alta tecnologia, o recuo foi bem expressivo, de cerca de 7,6% no segundo trimestre de 2023 em relação a 2022. Deve-se observar que essa é a segunda queda consecutiva. Aliás, o setor sofreu impactos consideráveis pelos bens de capital mecânico e elétrico, e dos produtos químicos.

Cagnin diz que, “o quadro de juros é bastante alto. Nesse período de relativo endividamento, também as garantias e contrapartidas finais para concessão de crédito tendem a ser mais rígidas. Ainda teve o problema da crise das Americanas, que aumentou o spread dos mercados de capital e piorou as condições de financiamento”.

Esses setores industriais são bastante importantes visto que contribuem para a geração de valor de seus produtos, além de replicar o ganho na economia. Portanto, a cadeia produtiva é movimentada, aumentando a oferta de postos de trabalho, mais qualificados, mais bem remunerados e principalmente, formalizados.

Os juros e as indústrias
Os juros e as indústrias/Fonte: pixabay

Tecnologia e produção

Os setores industriais mais tecnológicos, apresentam efeitos ainda mais multiplicadores. Dessa forma, podemos citar como exemplo a indústria automobilística, de média-tecnologia. Ela fomenta o crescimento econômico do país, já que reúne uma grande quantidade de serviços, de componentes e insumos industriais.

Neste setor se engloba a siderurgia, produção de borracha, plástico, tecido, couro, utilizando cada vez mais a tecnologia. No segundo trimestre de 2023, houve uma queda exponencial na produção dos setores de média intensidade tecnológica, segundo o levantamento, de 1,8%. São ao todo sete trimestres de perdas.

Quando a taxa de juros básica da economia, Selic, está alta ela traz inúmeras consequências para a economia do país. Neste cenário, o crédito fica mais caro, o que faz com que o empresário brasileiro invista menos. Dessa forma, o desempenho dos setores industriais mais tecnológicos sofrem bastante e crescem menos.

Aliás, Rafael Cagnin diz que “Têm efeitos multiplicadores maiores. O exemplo mais indiscutível é a indústria automobilística, de média-alta tecnologia, que esparrama muito o crescimento, porque congrega uma diversidade muito grande de serviços e de componentes e insumos industriais, cada vez mais eletrônicos embarcados”.

Taxa de juros Selic

O Governo Federal, desde a posse de Lula (PT), vinha criticando a manutenção da taxa de juros a 13,75% e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Em síntese, ele afirmava que uma taxa Selic alta estava prejudicando a economia do país, devido ao fato de que ela dificultava o acesso ao crédito, reduzindo investimentos.

Em conclusão, o presidente do Banco Central dizia que não reduzia os juros devido à alta da inflação, o que acabou prejudicando a indústria nacional. Como a economia do país apresentou alguns resultados positivos, como a queda da inflação, o Comitê de Política Monetária já reduziu os juros duas vezes em 2023. Atualmente ele está em 12,75% ao ano.

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