Inflação da indústria SOBE 0,92% em agosto e preocupa consumidores

inflação da indústria brasileira subiu 0,92% em agosto deste ano, na comparação com o mês anterior. Apesar da alta mensal, a variação acumulada em 2023 ficou ainda mais negativa, chegando a -6,32%.

Significa que os preços estão menores do que no mesmo período de 2022. Aliás, a inflação acumulada em um ano atingiu a taxa negativa mais intensa desde o início da série histórica, em 2014. Isso quer dizer que os preços da indústria nunca tinham caído tanto no período quanto neste ano, para alegria da população.

Em síntese, o avanço em agosto é o primeiro após seis meses de queda. Confira as variações da inflação entre janeiro e agosto deste ano:

  • Janeiro: 0,29%;
  • Fevereiro: -0,29%;
  • Março: -0,65%;
  • Abril: -0,35%;
  • Maio: -2,88%;
  • Junho: -2,72%;
  • Julho: -0,76%;
  • Agosto: 0,92%.

Nos último meses do ano passado, a inflação da indústria também recuou, resultados que fizeram a taxa anual desacelerar e subir apenas 3,13% em 2022. Já neste ano, o resultado deverá ser bem diferente, mantendo-se no campo negativo. Em suma, a inflação acumulada nos últimos 12 meses até agosto está em -10,51%.

Estes dados se referem ao Índice de Preços ao Produtor (IPP), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgado nesta semana.

Saiba mais sobre o IPP

A saber, o IPP é considerado a inflação da indústria e seus resultados tendem a indicar a trajetória que a inflação ao consumidor seguirá. Assim, quanto menor a variação do índice, melhor para os consumidores.

De acordo com o IBGE, o IPP “tem como principal objetivo mensurar a mudança média dos preços de venda recebidos pelos produtores domésticos de bens e serviços, bem como sua evolução ao longo do tempo, sinalizando as tendências inflacionárias de curto prazo no país“.

Constitui, assim, um indicador essencial para o acompanhamento macroeconômico e, por conseguinte, um valioso instrumento analítico para tomadores de decisão, públicos ou privados“, informa o instituto.

O IPP analisa o progresso dos preços dos produtos na “porta da fábrica”, sem impostos e frete, medindo a evolução de 24 atividades das indústrias extrativas e de transformação.

IPP analisa o progresso dos preços dos produtos na “porta da fábrica”, sem impostos e frete
IPP analisa o progresso dos preços dos produtos na “porta da fábrica”, sem impostos e frete. Imagem: Agência Brasil.

Refino de petróleo impulsiona inflação no país

A inflação da indústria em agosto voltou a ficar positiva, mas isso não aconteceu de maneira disseminada entre os setores industriais. Em resumo, os preços de 12 das 24 atividades industriais subiram no mês, resultado que impulsionou a inflação do setor industrial, tirando-a do campo negativo.

Esse maior espalhamento das variações positivas está em linha com a depreciação de 2,1% do real frente ao dólar, o que não ocorria desde março, e que eleva os preços tanto do que importamos quanto do que exportamos“, explicou Alexandre Brandão, analista da pesquisa.

Veja abaixo as atividades com as maiores variações positivas em agosto:

  • Refino de petróleo e biocombustíveis: 7,52%
  • Indústrias extrativas: 6,56%;
  • Vestuário: 5,89%.

Refino de petróleo respondeu por 0,72 ponto percentual (p.p.) de influência na variação de 0,92% da indústria geral. Houve aumentos tanto do óleo diesel quanto da gasolina, dois produtos de maior peso do refino“, explicou Brandão.

Aliás, o pesquisador destaca que os quatro setores de maior influência responderam por 0,95 p.p. da variação de 0,92% do IPP. Em outras palavras, os outros 20 setores restantes tiveram influência líquida negativa no resultado, de -0,3 p.p.

Essa concentração também se espalha nas grandes categorias econômicas. Da variação de 0,92%, bens intermediários responderam por 0,85 p.p., influenciada, por sua vez, por produtos do refino e das indústrias extrativas: óleo diesel, óleo bruto de petróleo e minério de ferro. Esses produtos foram os que mais influenciaram bens intermediários“, informou Alexandre Brandão.

Inflação da metalurgia cai em agosto

Entre as atividades que apresentaram queda em seus preços, o recuo mais intenso foi registrado pela atividade de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-2,79%). Contudo, foi a metalurgia que exerceu o maior impacto negativo no IPP de agosto.

“Já metalurgia é o único dos quatro de maior influência com indicador negativo (-2,67%). Os preços do minério de ferro tiveram queda significativa nos meses anteriores a agosto, com efeito sobre o setor de metalurgia, cujos preços também caíram devido à redução na demanda pelo aço”, explicou Brandão.

Por fim, cabe salientar que “o IPP investiga os preços recebidos pelo produtor, isentos de impostos, tarifas e fretes, e definidos segundo as práticas comerciais mais usuais”. O IBGE revelou que há uma coleta mensal de cerca de seis mil preços em pouco mais de 2,1 mil empresas.

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