Volta às aulas na pandemia: proposta de “apagar” primeiro semestre

Especialistas debatem a redução da carga horária de 2020, o reinício das aulas em agosto e aproveitamento de horas não presenciais

Com o objetivo de reduzir as desigualdades potencializadas pelo ensino remoto que a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) impôs na educação, especialistas debatem a redução da carga horária de 2020, o reinício das aulas em agosto e aproveitamento de horas não presenciais.

Segundo reportagem do jornal O Globo, o diretor de Estratégia Política do Todos Pela Educação, João Marcelo Borges, diz que é impossível alfabetizar o aluno diante da limitação do alcance ao ensino remoto. “O ensino remoto foi elaborado às pressas em uma situação de enorme estresse mental, sanitário, social e econômico. Se o Brasil passasse dois anos se preparando para iniciar aulas remotas em 2023, haveria soluções testadas, professores capacitados e materiais produzidos, condições que não existem atualmente”.

O especialista defende que o país reinicie do zero o ano letivo por volta de agosto. Para quem teve acesso às atividades do ensino remoto, a proposta é que elas tenham servido como material de apoio e que, depois disso, todos voltem ao mesmo tempo.

Na semana passada, a Câmara dos Deputados realizou uma audiência para discutir o retorno do calendário. O vice-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação, Fred Amâncio, defendeu uma redução de até 25% da carga horária mínima exigida, que atualmente é de 800 horas. Para ele, no entanto, é preciso garantir a aprendizagem dos conteúdos transferindo uma parte deles para 2021.

Mesmo com o retorno das aulas, Fred diz ainda que será necessário um tempo de adaptação, com limitações que incluem salas reduzidas, rodízio de turmas e precauções diárias para evitar que a contaminação do vírus volte a crescer. “Tem que saber priorizar as principais aprendizagens e pensar em um planejamento que envolva o ano letivo do ano que vem”, disse em reportagem ao Globo.

Em abril, o Conselho Nacional de Educação (CNE) publicou um parecer orientando a volta às aulas. O texto diz que a decisão fica a critério dos sistemas de ensino e que ele não precisa corresponder ao calendário civil, ou seja, pode terminar em 2021.

O parecer do CNE ainda aponta alternativas já previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB). Estão incluídas, por exemplo, a reposição presencial das aulas ao fim da pandemia; a realização de atividades pedagógicas não presenciais enquanto persistirem restrições sanitárias; e a ampliação da carga horária diária com a realização de atividades pedagógicas não presenciais após a volta dos estudantes às escolas.

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