Confiança dos empresários do COMÉRCIO volta a CAIR em abril
Recuo acontece após dois meses de alta; confiança permanece em patamar baixo, indicando pessimismo dos empresários do comércio
Os empresários do comércio se mostraram mais pessimistas em relação à atividade econômica do Brasil em abril deste ano. Após avançar nos dois meses anteriores, a confiança do setor voltou a cair no quarto mês de 2023, eliminando a maior parte do ganho acumulado entre fevereiro e março.
Em síntese, o Índice de Confiança do Comércio (Icom) encerrou 2022 em queda, e também caiu em janeiro deste ano. Isso mostra que os empresários do setor estavam pessimistas com o início do governo Lula.
Os resultados de fevereiro e março inverteram a trajetória, registrando alta do indicador. Contudo, a confiança dos empresários voltou a cair em abril, mantendo o Icom em nível historicamente baixo.
“Seguindo um período de oscilações em 2023, o ICOM voltou a cair em abril. O resultado mantém o indicador em patamar baixo, com a média dos quatro primeiros meses ficando perto dos 85 pontos“, disse Rodolpho Tobler, economista do FGV IBRE.
A propósito, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), responsável pelo levantamento, divulgou os dados na última sexta-feira (28).
Com o acréscimo do resultado de abril, o indicador caiu para 83,6 pontos, menor patamar desde janeiro (82,8 pontos), quando o índice havia atingido o menor nível em quase dois anos.
Vale destacar que taxas superiores a 100 pontos indicam otimismo dos empresários. Por outro lado, taxas inferiores a essa marca refletem o pessimismo do comércio. Nos últimos meses, isso acabou se intensificando, e os analistas estão preocupados com os próximos resultados do Icom.
Pessimismo com futuro derruba confiança
Em resumo, o Icom é composto por dois indicadores, o Índice de Situação Atual (ISA-COM) e o Índice de Expectativas (IE-COM). Em abril, os índices seguiram caminhos diferentes, com um deles avançando, enquanto o outro recuou. No entanto, a influência de um destes componentes foi bem maior que a do outro.
A saber, o ISA-COM subiu 0,5 ponto em abril, para 87,4 pontos, terceira alta consecutiva. No período, o indicador acumulou ganho de 7,5 pontos, que eliminou a maior parte da queda de 8,8 pontos registrada em janeiro, ou seja, as perspectivas sobre o cenário atual do país continuam pessimistas.
Aliás, mesmo com os três avanços consecutivos, a confiança dos empresários do comércio segue abaixo dos 100 pontos, marca de neutralidade do Icom.
Por outro lado, o IE-COM recuou em abril, e o tombo foi bastante intenso, derrubando a confiança dos empresários do comércio. Em suma, o indicador despencou 7,0 pontos, para 80,3 pontos, após subir 1,6 ponto em março.
Nos últimos meses, o indicador tem apresentado oscilações variadas, com resultados positivos e negativos. A propósito, a queda em fez o IE-COM cair para o menor nível desde abril de 2022 (79,6 pontos), ou seja, os empresários do setor nunca estiveram tão pessimistas nos últimos 12 meses quanto em abril deste ano.
“Nesse mês, a queda foi puxada pela piora nas expectativas e com leve melhora no índice sobre a situação atual, mas ainda é necessária cautela dado que a recuperação não é expressiva e não está atrelada a um aquecimento da demanda“, disse Rodolpho Tobler.
“O cenário de curto prazo ainda permanece em nível desfavorável com ambiente macroeconômico desafiador e cautela dos consumidores“, acrescentou.
Queda em abril fica disseminada
Segundo o levantamento, o recuo da confiança do comércio em abril foi bem disseminado, atingindo quatro dos seis principais segmentos do setor. Em março, esse resultado também havia acontecido, mas o avanço registrado por dois segmentos conseguiu superar as quedas, algo que não aconteceu em abril.
Como relatado no mês anterior, o avanço da confiança em março ainda não poderia ser considerado como uma tendência, mesmo sendo a segunda alta consecutiva. Isso porque o avanço ficou concentrado em poucos segmentos, apesar das altas nos dois horizontes mensurados, referentes ao presente e ao futuro.
De acordo com o FGV IBRE, o ISA-COM é composto por dois indicadores, o volume de demanda atual e a situação atual dos negócios. Em abril, o primeiro componente caiu 0,9 ponto, enquanto o outro avançou 1,9 pontos. Com isso, o ISA-COM conseguiu fechar o mês em leve alta.
Em março aconteceu a mesma coisa, com o volume de demanda atual caindo 0,5 ponto, mas a situação atual dos negócios subindo 1,1 ponto. Dessa forma, o ISA-COM subiu 0,3 ponto em março.
Segundo o FGV IBRE, “os dois últimos resultados do ISA-COM ainda demandam cautela: o ritmo lento, nível baixo do índice e a queda no indicador sobre volume de demanda mostram que um cenário ainda desafiador no retorno dessa trajetória favorável”.