Empresários industriais estão MENOS confiantes com a economia do país

Percepção negativa em relação às condições atuais do país derruba confiança dos empresários

Os empresários industriais do país estão cada vez menos confiantes com a atividade econômica brasileira em 2023. Após subir em fevereiro, o Índice de Confiança dos Empresários Industriais (ICEI) mudou a trajetória e agora acumula dois meses de queda.

Em resumo, o ICEI caiu 1,1 ponto entre março e abril deste ano, chegando a 48,8 pontos. Esse é o segundo menor patamar de 2023, levemente acima do nível registrado em janeiro. Aliás, nos últimos seis meses, a confiança dos empresários industriais caiu em quase todos.

Confira abaixo o desempenho do ICEI nos últimos meses:

  • Outubro: 60,2 pontos;
  • Novembro: 51,7 pontos;
  • Dezembro: 50,8 pontos;
  • Janeiro: 48,6 pontos
  • Fevereiro: 50,6 pontos;
  • Março: 49,9 pontos;
  • Abril: 48,8 pontos.

Vale destacar a forte queda de 8,5 pontos entre outubro e novembro de 2022. Em suma, a confiança dos empresários industriais despencou naquele período devido à piora das expectativas com o futuro, que tombou 13,4 pontos, puxando o ICEI para baixo.

À época, a polarização política e as incertezas envolvendo o novo governo, que se iniciaria em 2023, aumentaram o pessimismo entre os empresários industriais. De lá para cá, o ICEI não teve mais quedas tão significativas assim, mas permanece em trajetória descendente no país.

A saber, a marca de 50 pontos separa o otimismo e o pessimismo. Em síntese, resultados superiores a 50 pontos indicam que os empresários estão confiantes, enquanto números inferiores a esse patamar refletem a falta de confiança da indústria brasileira.

Em 2023, os empresários se mantiveram pessimistas em quase todos os anos. Apenas em fevereiro, com o avanço de 2,0 pontos do ICEI, que a confiança ficou em campo positivo. No entanto, a situação não se manteve assim em março, e o indicador caiu ainda mais em abril.

Situação da economia preocupa empresários

O ICEI é composto por dois indicadores, o Índice de Condições Atuais e o Índice de Expectativas. Em resumo, o primeiro reflete o pensamento dos empresários industriais em relação à situação atual do setor no país. Já o segundo indicador se refere às expectativas da indústria brasileira em relação aos próximos meses.

Em abril deste ano, o Índice de Condições Atuais caiu 1,7 ponto, para 42,5 pontos. Esse é o menor patamar para o indicador desde julho de 2020, período em que o setor industrial ainda sofria com os fortes impactos provocados pela pandemia da covid-19.

Em suma, o componente do ICEI chegou a cair para abaixo de 30 pontos em maio, mas conseguiu se recuperar com o passar dos meses. Contudo, o resultado de abril deste ano reflete a falta de confiança dos empresários industriais com a situação econômica atual do Brasil, sendo esse o sexto mês consecutivo de queda.

Já o Índice de Expectativas recuou 0,8 ponto neste mês, para 51,9 pontos. Embora tenha recuado, o nível segue acima da marca de 50 pontos, ou seja, indica que as expectativas dos empresários em relação aos próximos meses continuam positivas.

Aliás, o ICEI só não está em patamar mais baixo graças a este indicador, que segue em nível satisfatório. A propósito, a média histórica do ICEI em abril é de 54,2 pontos. Em outras palavras, o nível do indicador em abril de 2023 (48,8 pontos) está 5,4 pontos abaixo da média para o período.

Juros elevados e endividamento afetam indústria

De acordo com a economista da CNI, Cláudia Perdigão, a queda do ICEI nos últimos meses é um reflexo do pessimismo dos empresários com a situação atual do país. E isso acontece, principalmente, por causa dos juros elevados e da alta taxa de endividamento da população brasileira.

“A indústria está em compasso de espera, com queda da demanda, provocada pela alta dos juros e o alto grau de inadimplência e de endividamento das famílias”, disse Cláudia Perdigão.

Em síntese, 78,3% das famílias do país estavam endividadas em março, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Os dados fazem parte da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela entidade.

O percentual é o mesmo de fevereiro, sendo esse o maior desde novembro de 2022 (79,2%). Esse endividamento é explicado, em parte, pelos altos juros no país, que reduzem o poder de compra do consumidor.

A expectativa é que a taxa de juros recue apenas no segundo semestre, ou seja, o ICEI nos próximos meses ainda pode indicar falta de confiança dos empresários industriais. Por isso, a economista Cláudia Perdigão acredita que o pessimismo só dará lugar ao otimismo em alguns meses.

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