A inflação medida pelo Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) subiu 0,02% em fevereiro deste ano, em comparação a janeiro. A taxa ficou menor que a registrada no mês passado (0,05%), refletindo que os preços se mantiveram praticamente estáveis na passagem entre os primeiros meses de 2023.
Em síntese, o índice é responsável por reajustes de contratos de aluguel e planos e seguros de saúde e tarifas públicas, além de medir os preços no atacado. Isso mostra a importância que o IGP-10 para o mercado, antecipando a variação da inflação no país.
A propósito, o levantamento é realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre).
Com o acréscimo do resultado de fevereiro, o índice passou a acumular uma variação de 2,26% nos últimos 12 meses. A taxa anual foi bem menor que a registrada em fevereiro de 2022, quando o IGP-10 acumulava uma variação de 16,69% em 12 meses.
IGP-10 abrange três índices
Em suma, a variação do IGP-10 se dá por três indicadores:
- Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA);
- Índice de Preços ao Consumidor (IPC);
- Índice Nacional de Custo da Construção (INCC).
Vale destacar que cada indicador possui uma influência específica na formação do IGP-10. Enquanto o IPA responde por 60% da inflação do IGP-10, o IPC impacta o índice em 30%, e o INCC em apenas 10%.
Assim, as variações registradas pelo IPA exercem uma influência duas vezes maior que a do IPC. Este, por sua vez, tem um impacto três vezes maior que o INCC.
Seja como for, a taxa de dois dos três indicadores acelerou em fevereiro, na comparação com janeiro. Ainda assim, o IGP-10 foi puxado para baixo pelo IPA, cuja taxa teve um decréscimo no mês, passando de -0,06% para -0,14%.
“Commodities e insumos agropecuários seguem influenciando a desaceleração da inflação ao produtor. Nesta apuração merecem destaque os itens: soja (de -1,13% para -3,34%), bovinos (de 2,40% para -2,51%) e adubos ou fertilizantes (de -3,05% para -6,19%)”, informou André Braz, coordenador dos índices de preços.
O IPA possui alguns estágios de processamento, cujas taxas refletem sua oscilação no mês. Em fevereiro, os preços do índice dos bens finais passaram de -0,59% em janeiro para 0,20% em fevereiro. O avanço aconteceu, principalmente, por causa do subgrupo combustíveis para o consumo, cuja taxa passou de -5,61% para 2,11%.
Da mesma forma, a taxa do grupo bens intermediários acelerou em fevereiro, de -1,33% para -0,65%, mas seguiu em campo negativo. O subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção impulsionou a taxa, com os preços passando de -6,66% para -1,23%.
Por outro lado, o grupo matérias-primas desacelerou fortemente no mês, de 1,87% para 0,10%. Em resumo, as principais quedas vieram de minério de ferro (11,92% para 3,82%), soja em grão (-1,13% para -3,34%) e bovinos (2,40% para -2,51%).
Preços ao consumidor aceleram em janeiro
Em síntese, o decréscimo registrado pelo IPA foi forte o suficiente para puxar o IGP-10 para baixo neste mês. Isso aconteceu apesar da aceleração observada nos outros dois indicadores, cujas taxas ficaram mais elevadas que as de janeiro.
No caso do IPC, a taxa variou 0,55% em fevereiro, após alta de 0,47% no mês anterior. A inflação ao consumidor acelerou devido ao acréscimo registrado por cinco das oito classes de despesas pesquisadas pelo FGV Ibre.
Os avanços vieram dos grupos educação, despesas diversas (0,10% para 1,77%), transportes (0,06% para 0,52%), educação, leitura e recreação (1,13% para 1,51%), habitação (0,12% para 0,32%) e comunicação (0,73% para 0,99%).
Nestas classes de despesa vale destacar a variação dos respectivos itens: serviços bancários (0,00% para 2,76%), licenciamento – IPVA (0,00% para 3,00%), cursos formais (2,49% para 4,77%), tarifa de eletricidade residencial (-0,53% para 0,33%) e combo de telefonia, internet e TV por assinatura (0,77% para 2,57%).
Em resumo, estes foram os itens que registraram os maiores avanços nos preços em fevereiro, na comparação com dezembro, impulsionando os seus grupos de despesas.
“Ao consumidor, os principiais destaques partiram dos serviços: passagem aérea (de -0,15% para -3,86%), aluguel residencial (de -0,44% para -0,55%) e tarifa de telefone móvel (de 0,92% para -0,94%)”, disse André Braz.
Em contrapartida, os grupos alimentação (0,67% para 0,23%), vestuário (0,87% para -0,30%) e saúde e cuidados pessoais (0,69% para 0,45%) tiveram decréscimo em suas taxas de variação em fevereiro.
Estas classes de despesa receberam as maiores influências dos seguintes itens: hortaliças e legumes (4,04% para -4,05%), roupas (1,07% para -0,47%) e artigos de higiene e cuidado pessoal (0,71% para -0,13%), respectivamente.
Inflação da construção também acelera
O terceiro indicador que compõe o IGP-10 também acelerou em fevereiro. No entanto, nem mesmo com isso a inflação do índice subiu significativamente, mantendo-se praticamente estável.
A saber, o INCC acelerou de 0,14% em janeiro para 0,33% em fevereiro. Neste mês, as variações dos três grupos componentes do INCC foram as seguintes: materiais e equipamentos (0,14% para 0,01%), serviços (0,44% para 0,82%) e mão de obra (0,34% para 0,52%).
Estes dados mostram que os principais fatores para a aceleração do indicador em fevereiro foram o aumento do custo da mão de obra e dos serviços. Em suma, os profissionais do setor passaram a cobrar mais caro pelos seus serviços, que também ficaram mais caros, e isso impactou no INCC neste mês.