Brasil encerra 2021 com recorde de endividados, segundo a CNC

Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada hoje (18) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o nível médio de endividamento das famílias brasileiras no ano passado foi a maior dos últimos 11 anos.

Segundo a pesquisa, em 2021 foi batido o recorde total de brasileiros endividados. A média registrada superou os 70,9% das famílias endividadas, sendo que em dezembro alcançou o patamar histórico de 76,3% do total de famílias. Segundo a CNC, em 2021 as famílias recorreram aos cartões de crédito para sustentar o consumo.

Avaliando a faixa de renda, o endividamento médio das famílias que recebem até 10 salários mínimos mensais subiu 4,3 pontos percentuais, chegando a 72,1% do total. Quando consideramos as famílias com renda de mais de 10 salários mínimos, o indicador aumentou 5,8 pontos percentuais e fechou em 66%

Segundo o que avaliou o presidente da CNC, José Roberto Tadros, as famílias que possuem rendimentos superiores a 10 salários mínimos houve uma grande demanda pelo consumo de serviços, fazendo o endividamento aumentar de forma mais expressiva, especialmente no cartão de crédito.

Segundo Tadros, “O processo de imunização da população possibilitou a flexibilização da pandemia, refletindo no aumento da circulação de pessoas nas áreas comerciais ao longo do ano, o que respondeu à retomada do consumo, principalmente de serviços”.

O número de endividados subiu comparado a 2020

Comparando com 2020, considerando todas as 5 regiões do país, apenas a região Centro-Oeste apresentou queda no índice de endividamento, sendo ela de 0,3 ponto percentual. O Norte se manteve estável e a região Sudeste foi a que apresentou maior aumento no número de endividamentos, subindo 5,9 pontos percentuais.

A região com a segunda maior alta no índice foi a Sul, com aumento de 5,5 pontos percentuais, seguido pelo Nordeste com aumento de 4,5 pontos percentuais. Considerando a região com maior número de endividados, a Sul lidera o ranking, com aproximadamente 82%.

Queda no número de inadimplentes

Entretanto, quando analisamos os números da inadimplência em 2021, percebe-se uma queda, ao contrário do número de endividamento. De acordo com o estudo, o percentual médio de famílias com dívidas em atraso teve uma queda de 0,3 pontos percentuais em comparação com o ano de 2020. O total está em 25,2%.

O ano de 2021 iniciou com patamar superior ao registrado no fim do ano anterior, porém o percentual mensal de inadimplência teve redução até o mês de maio. Apesar da queda, desde então, a tendência é de alta. Em dezembro de 2021 o percentual chegou a 26,2% acima da média anual.

Segundo a CNC, “O percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas e/ou dívidas em atraso e que, portanto, devem permanecer inadimplentes também contou com uma redução na comparação com 2020, 0,6 p.p., totalizando 10,5% dos lares no país.

Sobre o endividamento, ela acrescenta que “os números indicam que essa parcela de consumidores apresentou movimentos diferentes ao longo do ano. Enquanto, no primeiro semestre, o indicador de inadimplência recorrente oscilou entre baixa e alta, a partir de julho passou a registrar tendência de queda, encerrando o ano em 10% do total de famílias, abaixo da média anual”.

Para a economista da CNC, Izis Ferreira, responsável pela pesquisa, os números indicam que, mesmo em condições financeiramente adversas, os consumidores conseguiram quitar as dívidas, evitando a inadimplência até o final do terceiro trimestre. Porém, o número de inadimplentes aumentou nos últimos três meses de 2021, evidenciando a tendência de alta para 2022.

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