Vendas de PCs caem no Brasil puxada por falta de demanda

Empresas ficaram com receio de comprar por falta de confiança na economia nacional, enquanto consumidores não viu vantagem nos preços do mercado

No primeiro trimestre de 2023 foram vendidos cerca de 1,86 milhão de computadores no mercado brasileiro, gerando uma receita 24% menor que no mesmo período do ano passado; categoria gamer deve impulsionar as vendas do segundo trimestre 

O mercado brasileiro de PCs fechou os três primeiros meses de 2023 com resultados negativos, tanto em unidades vendidas quanto em faturamento. No período, foram comercializados cerca de 1,86 milhão de computadores, uma queda de 6,3% em relação ao mesmo período de 2022. Os dados são do estudo IDC Brazil PCs Tracker 1Q2023, da IDC Brasil, consultoria especializada no mercado de tecnologia.

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Desse total, 490,5 mil foram desktops, uma alta de 9,8% frente ao primeiro trimestre de 2022, e, aproximadamente, 1,35 milhão foram notebooks, o que representa baixa de 11,3%. Complementando as vendas, foram 11,9 mil de workstations, equipamento corporativo que teve crescimento de 51,2%. 

Entre os motivos para o menor volume de PCs vendido está o desaquecimento do mercado corporativo, que somou 849,8 mil unidades, 12,2% a menos do que nos primeiros meses de 2022. De acordo com a consultoria, os investimentos das grandes empresas do setor privado apresentaram a queda mais expressiva na categoria PCs. 

A IDC explica que a desaceleração é reflexo do fator macroeconômico e o cenário desfavorável com a expectativa de um novo plano de regras fiscais, que só foi apresentado no segundo bimestre deste ano pelo governo federal. 

Por outro lado, empresas de pequeno porte buscaram alternativas para alavancar a estrutura de seus negócios. Neste segmento, ganhou relevância o mercado de PCaaS (PC as a Service), modelo de negócio que oferece soluções de aluguel de equipamentos, com todo suporte necessário às PMEs. 

Vendas para consumidor final não ajudam  

As vendas para o varejo apresentaram estabilidade, com uma queda percentual bem pequena, de 0,6%, mas que representa um volume significativo de 1,01 milhão de unidades. Isso aconteceu porque o varejo entrou no ano de 2023 com alto volume de estoque nos canais de vendas, resultado da baixa demanda por PCs nos dois últimos trimestres de 2022. 

Ainda segundo a IDC, a estratégia da indústria foi conter o abastecimento no início de 2023 para aliviar os estoques e manter a operação saudável nos períodos seguintes. Com isso, a receita geral dos meses de janeiro, fevereiro e março desse ano geraram cerca de R$ 6,8 bilhões, uma retração de 24% na mesma comparação.

Além do impacto do menor volume de unidades vendidas, a receita total do mercado nesse primeiro trimestre refletiu a maior procura por computadores de entrada. A alta demanda por notebooks com especificações mais básicas resultou em uma receita menor para a indústria, se comparado com o mesmo período de 2022. 

Na categoria de desktops, em especial o ticket médio praticado no período foi mais baixo e também puxou o faturamento para baixo. Entretanto vale destacar que a categoria gamer performou positivamente, resultado de maiores ofertas e demandas por máquinas desse tipo. 

Projeções para o trimestre seguinte 

A retração do mercado não é algo inesperado. Em todo o ano de 2022, o mercado de PCs vendeu 2% menos aparelhos do que em 2021, gerando uma receita de R$ 33 bilhões, que é 10% menor do que a de 2021. 

Entre janeiro e dezembro do ano passado, foram comercializados aproximadamente 8,6 milhões de computadores, sendo cerca de 6,51 milhões de notebooks e 2,04 milhões de desktops, reduções de 7% e 20%, respectivamente, além de 38 mil workstations (alta de 59%).  

Para março, abril e junho de 2023, a IDC Brasil espera que os resultados tenham sido melhores, baseados nas vendas do primeiro trimestre do ano. A expectativa é de um crescimento em relação aos primeiros meses, muito em virtude das sazonalidades que estimulam a indústria no período. 

O setor de games, novamente, deve impulsionar a categoria, com mais lançamentos, queda no ticket médio e mais investimentos. A projeção é de uma alta demanda para esses notebooks e desktops.

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