O Banco Central teria duas importantes tarefas esta semana, verificar a taxa exata para aumentar a taxa de juros, diante da inflação, e ainda lidar com as repercussões de subsidiar o preço dos combustíveis, como a gasolina. É o que avalia o diretor-presidente da Tendências Consultoria, Gustavo Loyola, que esteve a frente do Banco Central em duas passagens – de 1992 a 1993 e de 1995 a 1997.
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Loyola ainda avalia que a medida privilegiaria uma classe especifica: “Sou contra dar subsídios ou tabelar os preços dos combustíveis. É como tirar dos pobres para dar aos ricos. O governo gasta para rico andar de carro”, disse ele em entrevista para Uol.
O subsídio poderia ser, na realidade, zerar os impostos sobre a gasolina e o diesel, o que diminuiria os impostos arrecadados e poderia impactar outras receitas e projetos que o dinheiro poderia ser investido.
Reunião do Copom
A reunião do Comitê de Política Econômica (Copom) que aconteceu neste semana deve definir a taxa de juros, afim de reduzir a inflação. Entre as problemáticas discutidas provavelmente a questão da guerra entre a Rússia e a Ucrânia foram levantadas.
Loyola analisa que o Banco Central terá que decidir se responde com medidas pensando no ambiente externo, que aumentou os preços de petróleo e de alimentos, ou então na economia interna, que ainda enfrenta problemas de desemprego alto e baixa renda.
“O Banco Central já tem um dilema. Se se antecipa muito, subindo mais os juros antes da inflação, corre o risco de fazer a sociedade pagar um preço elevado por causa dos impactos na economia, que fica mais fraca. Mas se o Banco Central optar por esperar, pode ficar atrás da inflação, tendo depois que correr para recuperar o tempo perdido com uma alta de juros ainda mais forte do que talvez fosse necessário”, explicou diretor.
A Selic, ou seja, a taxa de juros oficial, tem aumentado significativamente, e de março de 2021 até agora saiu de 2% para 10,75%.
Guerra e preços
Loyola avalia que os impactos da guerra entre a Rússia e a Ucrânia podem ser significativos. “Pode até gerar um choque de preços tão forte como já tivemos antes, nos anos 1970 ou 1990”, disse.
O diretor também comentou porque apesar da inflação não estar diminuindo, o aumento da taxa de juros é necessário. “Não restam alternativas ao Banco Central além de elevar juros. Existe uma regrinha de bolso em economia que diz que, para reduzir demanda, tem que aumentar os juros reais. Se a inflação aumenta, a taxa Selic tem que ao menos voltar ao patamar anterior ao aumento da inflação para impedir a queda dos juros reais”, disse.