A nota de R$200, amplamente criticada e raramente vista em circulação, está prestes a alcançar três anos desde sua introdução. Apesar desse período, ela continua sendo uma das cédulas menos utilizadas no Brasil, até mesmo ficando atrás da de R$ 1, que foi descontinuada em 2020.
Com as mesmas dimensões da nota de R$ 20, essa nova cédula teve críticas das organizações defensoras dos direitos daqueles que possuem deficiências visuais. Isso porque existe a ausência de diferenciação tátil para identificar a nota de R$200.
Essa questão foi tão relevante que a Organização Nacional de Cegos do Brasil (ONCB) acionou a Defensoria Pública da União, que instaurou o processo indo contra o Banco Central. Foi formalmente solicitado o recolhimento das cédulas, mas até o momento não houve progresso nessa solicitação.
Por que a nota de R$200 circula tão pouco?
Em julho de 2021, o Banco Central anunciou o lançamento dessa nova cédula, aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Em 2 de setembro de 2020, a nota de R$ 200 foi emitida e ainda está em circulação.
Segundo o Banco Central, com o início da pandemia de Covid-19, houve um aumento no entesouramento. Isso quer dizer que as pessoas passaram a guardar mais dinheiro em espécie em casa. Tal ação levou à necessidade de uma cédula de valor mais elevado para suprir essa demanda por dinheiro físico.
No entanto, as expectativas econômicas não se concretizaram conforme previsto pelo Ministério da Economia. Embora tenha havido uma quantidade razoável de cédulas em circulação, o poder de compra dos brasileiros não aumentou conforme o esperado.
Como resultado, houve um acúmulo de notas de R$200 nos cofres públicos e nos bancos. A escolha do tamanho que não é convencional também gerou dificuldades desnecessárias.
O Banco Central não quis interromper as produções das demais cédulas para introduzir uma nota nova, embora tenha sido a própria instituição que propôs a criação dela. Além disso, o processo de fabricação das notas de R$ 100 não permitia a inclusão de elementos para a segurança, presentes na nota de R$200, como nas outras notas.
Problemas que o Banco Central teve que enfrentar
Para resolver esse problema, o Banco Central optou por usar máquinas que tinham a capacidade de produzir as notas de R$ 20. Na nota de R$200, a marca tátil é representada por três linhas inclinadas, em comparação com as duas linhas presentes na nota de R$ 20.
O Banco Central acreditava que essas diferenças seriam suficientes para permitir a distinção pelas pessoas com deficiência visual. Entretanto, a Defensoria Pública argumenta que, ao longo do tempo, o relevo tende a se desgastar. Isso torna a cédula de R$ 200 “semelhante ou até mesmo idêntica” à de R$ 20 para pessoas com deficiência visual grave.
Por essa razão, a Defensoria Pública busca o recolhimento completo das notas em circulação e a emissão de novas cédulas com tamanho adequado, facilitando a diferenciação. O processo está em andamento, mas não há um prazo definido para sua conclusão ou para um veredicto.
Enquanto isso, as notas de R$200 permanecem disponíveis. Oficialmente, todas as cédulas foram produzidas e entregues ao Banco Central em 2020, durante a pandemia, quando foram lançadas.
No entanto, sabe-se que apenas 28,4% das cédulas de R$ 200 produzidas foram efetivamente colocadas em circulação pelo Banco Central. Isso corresponde a 128,1 milhões de cédulas, totalizando um valor de R$ 25,6 bilhões.
O restante está armazenado no Banco Central. Desde então, nenhuma nova nota de R$ 200 foi impressa. Consequentemente, essa cédula se tornou um alvo fácil para falsificadores, e até abril deste ano foram apreendidas 13.609 notas falsas de R$ 200, totalizando R$ 2,721 milhões.