Setor de tecnologia se volta ao meio ambiente, com 83% das empresas elaborando relatórios de sustentabilidade

Pesquisa da KPMG mostra que segmento melhora no tratamento da questão, mas ainda há muito a se fazer; maior parte das ações é voltada ao consumo de energia

Uma pesquisa global da consultoria KPMG apontou que 83% das empresas de tecnologia elaboram relatórios de sustentabilidade. O índice coloca as empresas em um patamar semelhante ao de outros setores pesquisados. O estudo analisou relatórios de sustentabilidade de 5,2 mil organizações, sendo 311 de tecnologia, em 52 países.

Ainda de acordo com a pesquisa, metade das empresas de tecnologia reconhece o risco de mudanças climáticas, uma média superior a do setor de indústria (39%), por exemplo. No entanto, ainda está abaixo da marca atingida pelas 250 maiores empresas do mundo, de 56%. 

Para os pesquisadores da KPMG, os dados mostram que o setor de tecnologia tem progredido em termos de relatórios e garantia da sustentabilidade, mas ainda falta muito a ser feito. As empresas precisam assumir compromissos públicos em relação a emissões de gases e desigualdade. Também há uma expectativa de que o setor apresente soluções digitais para ajudar empresas de qualquer segmento a serem mais transparentes sobre o assunto.

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Outro problema é que apenas 24% das empresas de tecnologia utilizam as recomendações da força tarefa sobre divulgações financeiras relacionadas ao clima (TCFD, na sigla em inglês). Este é um grupo de companhias que elaborou uma forma de divulgar relatórios de sustentabilidades. O objetivo é padronizar e quantificar os impactos climáticos. No entanto, o percentual alcançado as coloca acima da média geral das indústrias (18%). 

Empresas se movem para reduzir emissões 

Um dos principais causadores das mudanças climáticas são as emissões de gases de efeito estufa, com destaque para o carbono. De acordo com a KPMG, apenas 44% das empresas de tecnologia vinculam os objetivos de redução de carbono às metas climáticas globais e reconhecem a perda de biodiversidade como um risco nos relatórios. 

Para mudar este cenário, algumas das maiores empresas de TI já começaram a se mover. A Samsung, por exemplo, conseguiu atingir uma meta de 2018, em que se comprometia a usar energia renovável em 100% de todos os seus locais de trabalho nos Estados Unidos, China e Europa até 2020. Em 2019, a Samsung divulgou as seguintes métricas: 

  • Redução de consumo energético anual em 42% em comparação a 2008. Para isso, ela adotou compressores para refrigeradores e trocadores de calor para ares-condicionados mais eficientes. 
  • Coleta cumulativa de lixo eletrônico de 4 milhões de toneladas em dez anos. 
  • 75% de taxa de reciclagem de resíduos em instalações. 

Já a Huawei, uma das maiores fabricantes de produtos de rede de TI e eletrônicos, conseguiu reduzir em 33,2% suas emissões de carbono em comparação com o ano de 2012. O índice superou a meta de 2016, que era de 30%. 

A companhia também mantém um plano de promoção de energias renováveis e considera como parte dessa estratégia a venda de equipamentos para energia renovável. Até 2020, os produtos da empresa geraram 325 bilhões de quilowatt-hora (kWh) de eletricidade, economizando 10 bilhões de kWh, segundo a empresa. Esses esforços resultaram em uma redução de 160 milhões de toneladas nas emissões de CO2. 

Google tem plano bilionário para implementar energia limpa 

O gigante de buscas Google anunciou este ano um investimento de cerca de US$ 4 bilhões para comprar energia limpa. Serão mais de 50 projetos eólicos e solares que vão fornecer a eletricidade para abastecer 100% das suas operações. Ainda segundo a empresa, cinco de seus 23 data centers já operam usando cerca de 90% de energia limpa. 

As outras metas apresentadas pelo Google são: 

  • Usar 50% de plástico reciclado ou renovável em todos os seus hardwares até 2025 
  • Alcançar a certificação de zero resíduos da Underwriters Laboratories, só obtida após tratar ao menos 80% de seus resíduos sólidos. A empresa quer bater a meta até 2022. 
  • Não usar plástico nas embalagens até 2025. 

Em setembro deste ano, o Google ainda pretende oferecer como padrão no Google Maps a rota com a menor pegada de carbono. Além disso, permitirá que o usuário compare o impacto relativo da emissão de carbono entre as rotas.

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