Após decisão unânime, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic, juros básicos da economia, de 9,25% para 10,75% ao ano. Essa decisão já era esperada pelos analistas financeiros, já que o país se vê em meio a um aumento da inflação de alimentos, combustíveis e energia. Com isso, o Banco Central (BC) decidiu apertar ainda mais os cintos na política monetária.
Para melhor entendimento, a Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. Portanto, essa taxa influencia todas as demais taxas de juros do Brasil, como as cobradas em empréstimos, financiamentos e até de retorno em aplicações financeiras.
Pela primeira vez desde julho de 2017 que a taxa Selic atinge o patamar de dois dígitos, em 2017 a mesma também se encontrava em 10,25%. De março a junho do ano passado, o Copom tinha elevado a taxa em 0,75% em cada encontro. Este já é o oitavo reajuste consecutivo na taxa.
No início de agosto, a instituição financeira passou a aumentar a taxa em 1 ponto a cada reunião. Isso tendo em vista o agravamento da inflação e das tensões no mercado financeiro, a partir disso, o reajuste passou para 1,5 ponto nas três últimas reuniões.
Reajuste da taxa Selic
Ainda em comunicado, o Copom indicou que continuará elevando os juros básicos até que a inflação esteja controlada no médio prazo. Contudo, o órgão informou que reduzirá o ritmo das altas da taxa Selic nas próximas reuniões, porque a economia ainda está sentindo o impacto dos aumentos anteriores.
“Em relação aos seus próximos passos, o Comitê antevê como mais adequada, neste momento, a redução do ritmo de ajuste da taxa básica de juros. Essa sinalização reflete o estágio do ciclo de aperto, cujos efeitos cumulativos se manifestarão ao longo do horizonte relevante”, informou o Copom em nota.
Ainda com a decisão ocorrida ontem (2), a Selic continua num ciclo de alta, depois de passar seis anos em alta. Desde julho de 2015 a outubro de 2016, a taxa permaneceu em 14,25% ao ano. Após este período, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018.
Por fim, a taxa voltou a ser reduzida em 2019 no mês de agosto, até alcançar o patamar de 2% ao ano em agosto de 2020. Neste período a taxa foi influenciada pela contração econômica gerada pela pandemia de covid-19. Esse era o menor nível da série histórica iniciada em 1986.
Crédito cada vez mais caro
A taxa Selic é um dos principais fatores que ajudam a controlar a inflação no país. Isso se dá porque juros maiores encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo. Contudo, por outro lado, taxas mais altas dificultam a recuperação da economia. No último Relatório de Inflação, o Banco Central projetava crescimento de 1% para a economia em 2022.
Por outro lado, o mercado projeta crescimento um pouco maior. Ao analisar a última edição do boletim Focus, os analistas econômicos preveem expansão de 1,55% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) durante o ano de 2022.
Ao analisar a redução dos juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Agora, para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.