Se você é um consumidor frequente de plataformas como Shein, Shopee ou AliExpress, é importante ficar atento a mais uma mudança. Os Correios implementarão a partir de amanhã, terça-feira (1), o programa Remessa Conforme.
A partir de agora, as empresas, tanto nacionais quanto estrangeiras, que aderirem ao programa terão isenção do imposto de importação para compras de até US$ 50 (R$ 237 na cotação atual). Porém, acima desse limite, a alíquota de 60% será aplicada para plataformas como a Shopee, AliExpress e Shein. Anteriormente, essa isenção estava disponível apenas para pessoas físicas.
Como será o programa Remessa Conforme para empresas como Shopee, Shein e AliExpress?
O programa Remessa Conforme traz a exigência de que as plataformas de comércio eletrônico cobrem os tributos do consumidor antecipadamente, no momento da compra. Antes, essa cobrança acontecia somente quando a mercadoria chegava ao Brasil.
Outros detalhes importantes do programa incluem a obrigação das varejistas, como Shein, Shopee ou Mercado Livre, de exibir informações claras sobre a importação ao consumidor, já na página do produto antes da compra. Dentre os dados obrigatórios estão a informação de que a mercadoria é proveniente do exterior e será importada, bem como a necessidade de declaração de importação para o produto.
Os valores do frete internacional e do seguro também devem ser informados junto ao preço da mercadoria, exceto quando ambos já estiverem incluídos no valor total da compra. Além disso, as plataformas de comércio eletrônico devem informar de forma explícita;
- Valor da tarifa postal do Imposto de Importação (60%, quando aplicável);
- Do ICMS (17%);
- Valor total da compra.
O governo justifica o Remessa Conforme como uma medida para garantir transparência nas operações da importação, bem como o cumprimento de normas fiscais. Estima-se que até 2027, o governo tenha uma perda de R$ 35 bilhões em compras no exterior que não são taxadas.
Como incentivo para a participação das empresas no programa, o Ministério da Fazenda promete um tratamento aduaneiro mais rápido e econômico para aquelas que aderirem ao sistema.
Temu desbanca outras empresas chinesas
Um app ainda pouco conhecido no Brasil tem causado um impacto significativo nos rankings de downloads nos EUA. O Temu, um marketplace chinês, superou o Instagram, o TikTok e a Shein, assumindo a liderança dos dispositivos móveis norte-americanos.
O Temu foi lançado há menos de doze meses, mas tornou-se tendência no país. Esse aplicativo é uma plataforma online que oferece “descontos agressivos” em uma ampla variedade de produtos fabricados, assim como enviados da China.
O marketplace surgiu realmente no segundo semestre de 2022, rapidamente alcançando o topo dos downloads devido a uma expressiva campanha publicitária. Esta incluiu influenciadores, 8 mil anúncios em plataformas da Meta, além de dois comerciais dentro do Super Bowl.
O aplicativo também implementou um programa para recompensas que acaba estimulando a recorrência das compras. Ademais, tem também compartilhamento com amigos, permitindo até mesmo a obtenção de produtos gratuitamente, dependendo do engajamento dos clientes.
A empresa se autodenomina um e-commerce da nova geração. Ela compartilha informações acerca das compras de clientes com seus fornecedores, possibilitando maior visibilidade das tendências e os níveis do estoque. Esse modelo também elimina intermediários, permitindo que o fabricante despache diretamente para o cliente, reduzindo custos na cadeia tradicional.
A concorrência no Brasil
Em relação à chegada no Brasil, essa estratégia não é inédita. Ela já foi aplicada com bastante sucesso por outra empresa, a Shein, aqui e em outros lugares do mundo. A gigante do varejo da internet pode em breve ver a concorrente ingressar no mercado brasileiro.
Executivos da Temu visitaram o Brasil logo no começo de 2023. Alguns deles permaneceram no país para estruturar a operação. A expectativa é que a empresa inicie suas vendas no Brasil até o final de 2023.
A chegada de mais um e-commerce estrangeiro no país causa preocupação em relação ao desgaste estrutural do segmento de varejo. O setor já é conhecido por:
- Margens estreitas;
- Presença de players internacionais com maior capacidade de investimento;
- Melhor estrutura de capital e dispostos a subsidiar clientes pode tornar a vida das empresas brasileiras mais complicada.
Embora ainda não seja possível avaliar completamente o impacto do Temu no mercado brasileiro, é provável que a empresa replique o modelo implementado nos Estados Unidos. Isso resultará em maior pressão sobre as empresas nacionais.
A competição com empresas estrangeiras que oferecem produtos a preços agressivamente baixos pode levar os concorrentes locais a igualar essas ofertas. Assim, tende a afetar as margens de lucro e até mesmo a sobrevivência de algumas empresas.