O preço da cesta básica subiu em 10 das 17 capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em junho. O resultado é negativo para os brasileiros, já que a maioria dos locais registrou alta, com um resultado semelhante aos dos últimos meses, quando boa parte dos locais registraram preços mais elevados que o mês anterior.
As maiores altas de junho ocorreram em Rio de Janeiro, em Florianópolis, Curitiba e Belo Horizonte. Os preços também subiram em outros locais, para tristeza dos consumidores, sinalizando uma disseminação dos avanços no mês passado. No entanto, não houve apenas elevação dos preços, e alguns locais registraram valores mais baixos que em maio.
Confira as variações da cesta básica em todos os locais pesquisados em junho:
Unidade Federativa | Variação |
Rio de Janeiro | 2,22% |
Florianópolis | 1,88% |
Curitiba | 1,81% |
Belo Horizonte | 1,18% |
Goiânia | 0,98% |
São Paulo | 0,71% |
Belém | 0,67% |
Porto Alegre | 0,43% |
Brasília | 0,21% |
Campo Grande | 0,05% |
Vitória | -0,76% |
Salvador | -1,58% |
Fortaleza | -1,77% |
Aracaju | -3,04% |
João Pessoa | -3,76% |
Recife | -5,75% |
Natal | -6,38% |
Cesta básica mais cara do país
Com o acréscimo das variações de junho, a cesta básica de São Paulo seguiu como a mais cara do país. Em síntese, os moradores da capital paulista tiveram que desembolsar R$ 832,69 no mês passado para adquirir uma cesta básica na região.
Esse preço correspondeu a 59% do salário mínimo vigente no país (R$ 1.412). Assim, o trabalhador que recebia o piso nacional no mês passado, e morava em São Paulo, gastou mais da metade do seu salário para adquirir uma cesta básica.
Por esta razão, todos os meses, milhares de pessoas acabam obrigadas a reduzirem os custos com as demais despesas. Como sobra pouco do salário para que os consumidores utilizem em outra coisa, não tem como aumentar o consumo.
Inclusive, muitos itens e serviços importantes se encaixam nessa “sobra”, como contas de luz e água, aluguel, prestação de casa e carnês de loja, mas seus preços dificultam a vida dos brasileiros. Essa é a quarta vez em 2024 que São Paulo lidera o ranking nacional de preços da cesta básica.
Salário mínimo ideal surpreende
O Dieese não revelou apenas a variação nos preços da cesta básica em junho. A entidade também estimou qual seria o salário mínimo ideal do Brasil. Para isso, levou em consideração o valor da cesta básica mais cara do país no mês passado, que foi a de São Paulo.
Nesse caso, o piso salarial deveria ter sido de R$ 6.995,44 em junho, valor 4,95 vezes maior que o salário mínimo vigente no país. Em junho de 2023, o mínimo necessário deveria ter sido de R$ 6.578,41, valor 4,98 vezes superior ao piso que vigorava na época (R$ 1.320).
A pesquisa também mostrou que para um trabalhador atuante em São Paulo conseguisse adquirir produtos da cesta básica foi necessário um tempo médio laboral de 129 horas e 44 minutos em junho.
Embora a média nacional também tenha ficado bastante elevada no mês passado, não chegou ao mesmo patamar da capital paulista. Segundo o Dieese, o tempo a ser trabalhado no país para adquirir uma cesta básica em junho foi de 109 horas e 53 minutos, tempo inferior ao de maio (110 horas e 31 minutos) devido ao novo valor do salário mínimo.
Em resumo, o valor da cesta básica se refere ao conjunto de alimentos básicos, que são aqueles necessários para as refeições de uma pessoa adulta durante um mês. O cálculo do Dieese considera uma família composta por dois adultos e duas crianças.
Ainda vale destacar que o Dieese levou em consideração os descontos referentes à Previdência Social, de 7,5%. Dessa forma, conseguiu chegar a um valor bastante aproximado do necessário para as pessoas terem uma vida digna no país.
Descubra qual capital teve a cesta básica mais barata
Ainda considerando o levantamento do Dieese, confira quais foram os locais que apresentaram os menores valores do país em relação à cesta básica de junho, ficando bem abaixo do observado em São Paulo:
Unidade Federativa | Preço da Cesta Básica |
São Paulo | R$ 832,69 |
Florianópolis | R$ 816,06 |
Rio de Janeiro | R$ 814,38 |
Porto Alegre | R$ 804,86 |
Curitiba | R$ 754,91 |
Campo Grande | R$ 748,89 |
Brasília | R$ 738,93 |
Vitória | R$ 718,43 |
Goiânia | R$ 711,43 |
Belo Horizonte | R$ 701,55 |
Fortaleza | R$ 697,33 |
Belém | R$ 695,58 |
Salvador | R$ 613,22 |
Natal | R$ 599,29 |
João Pessoa | R$ 597,32 |
Recife | R$ 582,90 |
Aracaju | R$ 561,96 |
Em síntese, Aracaju teve a cesta básica mais barata do país em junho, assim como aconteceu nos últimos meses. Na capital, o valor dos alimentos básicos comprometeu 39,8% do salário mínimo, taxa bem menor que a de São Paulo, mas ainda bastante elevada. Aliás, essa não foi a única diferença entre estes locais.
Quem estava morando em Aracaju em junho precisou trabalhar 87 horas e 34 minutos para adquirir uma cesta básica. A saber, em São Paulo, a pessoa precisou trabalhar quase 42 horas a mais para comprar os mesmos produtos no mês, em relação a Aracaju.
Por fim, caso a cesta básica de Aracaju fosse a mais cara do país, sendo utilizada pelo Dieese para determinar o salário mínimo ideal, os brasileiros deveriam ter um piso de R$ 4.721,03, valor 32,5% menor que o mínimo ideal em comparação à cesta de São Paulo.