A cesta básica ficou mais cara em 11 das 17 capitais pesquisadas pelo Dieese em janeiro de 2023. Boa parte dos brasileiros que foram aos supermercados no primeiro mês deste ano pôde ter uma noção do aumento dos preços de vários itens básicos.
De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o valor da cesta básica subiu principalmente no Nordeste em janeiro. Aliás, os principais avanços vieram da região, enquanto os recuos se concentraram no Centro-Sul do país.
Veja abaixo a variação em cada uma das capitais pesquisadas em janeiro:
- Recife: 7,61%
- João Pessoa: 6,80%
- Aracaju: 6,57%
- Natal: 6,47%
- Salvador: 4,23%
- Fortaleza: 3,95%
- Belém: 2,40%
- Rio de Janeiro: 2,32%
- Belo Horizonte: 1,67%
- Goiânia: 0,85%
- Brasília: 0,13%
- São Paulo: -0,09%
- Campo Grande: -0,15%
- Vitória: -0,35%
- Curitiba: -0,50%
- Porto Alegre: -1,08%
- Florianópolis: -1,11%
Como visto acima, os avanços mais expressivos vieram do Nordeste. Por outro lado, na ponta de baixo da tabela, com os maiores recuos, ficaram as capitais da região Sul.
Após o acréscimo destas variações, a cesta básica de São Paulo continuou como a mais cara do país em janeiro. Em síntese, os moradores da capital paulista tiveram que desembolsar R$ 790,57 no mês passado para adquirir uma cesta básica na região.
Esse valor correspondeu a 60,7% do salário mínimo vigente no país (R$ 1.302). Em outras palavras, o trabalhador do país que recebia o piso nacional em janeiro, e morava em São Paulo, gastou mais da metade da sua renda para adquirir uma cesta básica.
Esse cenário acaba obrigando muita gente a reduzir as demais despesas ao pouco que sobrou do salário. E, nesse ponto, muitos itens e serviços importantes se encaixam, como contas de luz e água, aluguel, prestação de casa, carnês de loja, entre outras coisas.
Salário mínimo ideal surpreende
O Dieese não revelou apenas a variação nos preços da cesta básica em janeiro de 2023. A entidade também estimou qual seria o salário mínimo ideal do Brasil. Para isso, levou em consideração o valor da cesta básica mais cara do país no mês passado, que foi a de São Paulo.
Nesse caso, o piso salarial nacional deveria ter sido de R$ 6.647,58 em janeiro, valor 5,10vezes maior que o salário mínimo vigente à época. Em janeiro de 2022, o mínimo necessário foi de R$ 5.997,14, valor 4,95 vezes superior ao piso que vigorava à época (R$ 1.212).
A pesquisa também mostrou que o tempo médio que um trabalhador necessário para que um trabalhador de São Paulo adquirisse produtos da cesta básica foi de 133 horas e 35 minutos em janeiro.
Da mesma forma, a média geral também ficou bastante elevada no mês. Contudo, o tempo a ser trabalhado não foi tão elevado quanto o de São Paulo, e chegou a 116 horas e 22 minutos.
Em resumo, o valor da cesta básica se refere ao conjunto de alimentos básicos, que são aqueles necessários para as refeições de uma pessoa adulta durante um mês. O cálculo do Dieese considera uma família composta por dois adultos e duas crianças.
Ainda vale destacar que o Dieese levou em consideração os descontos referentes à Previdência Social, de 7,5%. Dessa forma, conseguiu chegar a um valor bastante aproximado do necessário para as pessoas terem uma vida digna no país.
Descubra qual capital teve a cesta básica mais barata
O levantamento se baseou na cesta básica de São Paulo, a mais cara do país, para definir o salário mínimo ideal. Contudo, o Dieese também revelou os valores nas demais capitais pesquisadas. E houve locais com valores bem menores que o de São Paulo.
Confira abaixo o valor da cesta básica em todos os locais pesquisados em janeiro:
- São Paulo: R$ 790,57
- Rio Janeiro: R$ 770,19
- Florianópolis: R$ 760,65
- Porto Alegre: R$ 757,33
- Campo Grande: R$ 743,09
- Brasília: R$ 729,73
- Vitória: R$ 726,23
- Goiânia: R$ 710,62
- Belo Horizonte: R$ 707,93
- Curitiba: R$ 695,18
- Fortaleza: R$ 679,81
- Belém: R$ 654,81
- Natal: R$ 622,16
- Recife: R$ 608,10
- João Pessoa: R$ 600,06
- Salvador: R$ 594,83
- Aracaju: R$ 555,28
No caso de Aracaju, que teve a cesta básica mais barata do país em janeiro de 2023, assim como no ano passado, o valor dos alimentos básicos comprometeriam 42,6% do salário mínimo, taxa bem menor que a de São Paulo. Aliás, essa não foi a única diferença entre estes locais.
Em resumo, quem mora em Aracaju precisou trabalhar 93 horas e 50 minutos em janeiro para adquirir uma cesta básica. Em São Paulo, a pessoa precisou trabalhar quase 40 horas a mais para comprar essa mesma cesta básica.
Por fim, caso a cesta básica de Aracaju fosse a mais cara do país, fator utilizado pelo Dieese para determinar o salário mínimo ideal, o necessário para os brasileiros seria de R$ 4.669,12, valor 29,8% menor que o mínimo ideal quando a cesta de São Paulo foi considerada.