Para a Mercurius Crypto, casa de pesquisa em criptoativos, o ano de 2021 pode ser considerado um dos mais importantes para os investidores do mercado de criptomoedas. A consolidação e o início do processo de regulação de diversos produtos financeiros para o mercado de varejo e institucional, a exemplo dos ETFs de Bitcoin e Ethereum, aprovados no Canadá e Brasil, além do ETF de futuros aprovados nos Estados Unidos, abriram margem para que o setor de criptoativos se expandisse de forma nunca antes vista. Mas o que se pode esperar para o mercado de criptomoedas em 2022?
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A empresa fez uma pesquisa para estipular as tendências de mercado e aponta algumas mudanças que começaram no ano passado. A primeira foi o crescimento significativo do segmento de plataformas de contratos inteligentes, que utilizam a blockchain, assim como as criptomoedas. Esse tipo de uso retirou grande participação de mercado do Bitcoin, segundo a Mercurius Crypto, além de consolidar a posição da Ethereum.
Para Orlando Telles, sócio fundador e diretor de Pesquisa da empresa, a ascensão do mercado de NFTs (tokens não fungíveis) e dos games em blockchain também introduziram um dos conceitos mais revolucionários do mercado de criptomoedas: o play to earn, no qual o usuário ganha dinheiro por jogar, destacando o crescimento de metaverses, como o game Axie Infinity e o The Sandbox.
E em 2022, o que esperar?
De acordo com Telles, que foi o responsável pelo estudo, há tendências com potencial para incomodar o mercado, bem como outras que podem fazer com que o setor de cripto cresça ainda mais.
Entre os aspectos que devem ficar no radar dos investidores está a grande pressão regulatória para o mercado, em especial para o segmento de finanças descentralizadas (DeFi). Telles destaca que autoridades regulatórias norte-americanas e europeias já mostram sinais claros de ressalva quanto ao mercado de Stablecoins, expondo indícios de uma agenda regulatória mais focada em criptoativos para o próximo ano.
No curto prazo, este cenário pode ter um efeito negativo no mercado dado a insegurança regulatória. No entanto, para o longo prazo, há uma perspectiva bem positiva para os criptoativos que já estão com maior conformidade à regulação e podem se adequar mais rápido.
O especialista cita alguns: a Aave, que deve iniciar o Aave Arc no próximo ano, produto com KYC/AML desenhado para atender o público institucional, e a Uniswap, que busca estabelecer parcerias com players centralizados de grande porte, como o Paypal.
Além disso, a mudança da política monetária ao redor do mundo, que deve ocorrer no próximo trimestre devido a amenização da pandemia e o aumento significativo da inflação em diversos países, também pode afetar o mercado de criptoativos de forma negativa, especialmente o Bitcoin.
Telles explica que este cenário pode inibir a presença de investidores institucionais que, devido às baixas taxas de juros, passaram a diversificar e aumentar a possibilidade de retorno de suas carteiras. “Essa classe de investidores pode enxergar nesta movimentação um risco ainda maior em suas posições no mercado.”
Atualizações e escalabilidade para o mercado em 2022
O estudo também aponta que, em termos de atualizações dos protocolos, deve-se observar uma grande movimentação, especialmente no mercado de plataformas de contratos inteligentes, como a Ethereum. Uma das mudanças mais esperadas deve ocorrer logo no primeiro semestre de 2022, quando a criptomoeda cai começar a operar em Proof of Stake, um método que reduz o consumo de energia em sua mineração e que deve trazer um impacto significativo na política monetária do ativo e deve afetar, de forma positiva, o seu valor, segundo Telles.
Além disso, pode-se destacar um mercado voltado para o processo de escalabilidade de blockchain, devido ao grande crescimento das plataformas de contratos inteligentes. Com isso, ativos como a Polygon (MATIC), solução de segunda camada da rede da ETH, devem apresentar uma evolução considerável.
No setor de contratos inteligentes é previsto a consolidação de algumas soluções de primeira camada (Layer 1), com a expansão de diversos ecossistemas, como o da Solana, que possui muitos ativos no setor de games em blockchain e que deve lançar suas soluções nos primeiros trimestres de 2022, e a Polkadot.