Ontem, quarta-feira (2) de fevereiro, o Banco Central decidiu um comportamento de alta da taxa Selic (juros básicos da economia) para o ano de 2022. O crescimento contínuo da taxa continuará a encarecer o crédito e as prestações, diz a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
Apesar de, no final das contas, o impacto desse encarecimento ser diluído por causa da diferença muito grande entre a taxa básica e os juros efetivos de prazo mais longo, quem possui empréstimos vai sentir os efeitos do aperto monetário.
De acordo com a Associação, os juros médios para pessoa física (PF) avançou de 110,17% para 113,03% ao ano. Para pessoa jurídica (PJ), a taxa média subiu de 50,93% para 53,05% ao ano. A Selic passou de 9,25% para 10,75% ao ano.
Para explicar melhor, em uma compra de uma geladeira financiada em 12 parcelas no valor de R$ 1,5 mil, por exemplo, o comprador desembolsaria R$ 13,79 a mais com a nova taxa Selic. O consumidor que entra no cheque especial (Lis) em R$ 1 mil por 20 dias pagará R$ 0,80 a mais.
Simulações
Além dos exemplos citados, a Anefac também realizou outras simulações sobre o impacto da nova Selic sobre os rendimentos da poupança. Com a taxa da inflação em 10,25% a.a., a caderneta só rende mais que os fundos de investimento quando o prazo da aplicação é curto e a taxa de administração cobrada pelos fundos for alta.
De acordo com as simulações realizadas, a poupança rende mais que os fundos em apenas dois cenários: para aplicações de até um ano em relação a fundos com taxa de 2,5% ao ano e o segundo é para aplicações de até dois anos em relação a fundos com taxa de administração de 3% ao ano.
Mesmo com a cobrança do IR e da taxa de administração, os fundos seguem sendo mais vantajosos. Isso porque a poupança, apesar de ser isenta de tributos, rende apenas 6,17% ao ano mais a Taxa Referencial (TR), que aumenta quando a Selic sobe. Esse rendimento da poupança é aplicado somente quando a Selic está acima de 8,5% a.a., o que ocorre desde o último mês de dezembro.
Taxa Selic e inflação
O principal objetivo do Comitê é conseguir trazer a inflação para dentro das metas de 2022 e 2023, que são de 3,5% e de 3,25% ao ano, respectivamente, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Em relação à taxa Selic, uma expectativa mais consensual, é que o comunicado do Copom nesta quarta-feira não faça referência a altas “na mesma magnitude” em relação às reuniões de fevereiro e dezembro.
Segundo o levantamento da BGC Liquidez, o mercado ainda está dividido sobre o conteúdo do comunicado. Para 40%, o texto deve sinalizar uma futura desaceleração explicitamente, enquanto 30% esperam a manutenção de trechos sem alteração, com uma “tentativa de ser neutro”.
Apesar disso, Everton Pinheiro de Souza Gonçalves, superintendente da Assessoria Econômica da ABBC (Associação Brasileira de Bancos), considera que o processo de desinflação em 2022 pode ser facilitado pelas consequências da Selic elevada.