A vida das diaristas não parece ter sido nada fácil durante a pandemia do coronavírus no Brasil. Dados de uma nova pesquisa divulgada nesta semana, mostram que 60% das profissionais da área foram demitidas pelos seus patrões neste período de tempo. A taxa de demissão é uma das maiores entre todos os profissionais de todas as áreas do país.
O levantamento foi realizado pela empresa de pesquisa Plano CDE, para a marca de produtos Veja. Os dados mostram que entre as diaristas que perderam o emprego, 20% afirmaram que tiveram um desconto no salário antes da demissão. Assim, já antes de ficarem desempregadas, elas começaram a receber menos dos seus patrões.
A pesquisa aponta ainda que a maioria das diaristas realizaram atividades que não eram de suas responsabilidades. Assim, é possível notar que boa parte das empregadas trabalhavam mais do que o exigido, passaram a receber menos e terminaram desempregadas. A situação se torna ainda mais complexa porque 50% delas não conhecem nenhum sindicato que defende a categoria.
Dessa forma, boa parte das diaristas não sabiam para quem recorrer nos momentos de abuso de poder por parte dos patrões. É possível imaginar também que ao menos uma parcela das empregadas não sabiam sequer quais eram os seus direitos em situações como estas. Diante do cenário, a pesquisa aponta que 85% delas querem mudar de profissão.
O levantamento revela que a maioria das diaristas deseja uma rotina mais tranquila. Hoje, boa parte dos profissionais precisam realizar longos deslocamentos entre a casa e o trabalho. As trabalhadoras também disseram que pretendem trabalhar com algo que pague melhor daqui para frente. Em geral, as trabalhadoras da área acreditam que a renda atual não é suficiente para sobreviver.
Perspectiva de melhora
Pesquisa divulgada em maio pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que há uma perspectiva de melhora para as diaristas. Segundo o levantamento, o Brasil registrou um crescimento de 20% na contratação de empregados domésticos neste primeiro trimestre de 2022.
É importante deixar claro que o emprego doméstico engloba uma série de profissões, e não apenas o de diarista. Seja como for, o IBGE aponta que há uma espécie de recuperação das vagas para os profissionais que atuam nesta área.
No entanto, a informalidade ainda é um desafio. Dados do mesmo IBGE mostram que o Brasil conta com mais de 5,6 milhões de empregados domésticos. Destes, pouco mais de 4,2 milhões não são formalizados pelos seus patrões.
O dado preocupa porque o indivíduo que está na informalidade possui menos chances de conseguir os direitos trabalhistas da profissão. Analistas explicam que é mais difícil conseguir garantias de que receberá todas as suas verbas trabalhistas, por exemplo.
Auxílios na pandemia
Boa parte das empregadas domésticas que perderam o emprego durante a pandemia, conseguiram uma ajuda do Governo Federal. Em 2020, por exemplo, o Planalto pagou o Auxílio Emergencial de R$ 600 para quase 70 milhões de brasileiros.
De todo modo, o programa já chegou ao fim. O benefício fez seu último pagamento em outubro de 2021. Agora, o Governo Federal segue apenas com os repasses do Auxílio Brasil, que atende pouco mais de 18 milhões de brasileiros.