O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,26% em setembro, acelerando em relação ao mês anterior, quando a taxa avançou 0,26%. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela pesquisa, divulgou os dados nesta quarta-feira (11). A propósito, o IPCA é a inflação oficial do Brasil.
O resultado veio abaixo do esperado pelos analistas do mercado financeiro, cuja média das projeções apontava para uma alta de 0,33% em setembro. Isso aconteceu, principalmente, por causa dos preços da alimentação, com vários itens registrando queda em seus valores no mês passado, limitando a alta da inflação.
Com o acréscimo do resultado de setembro, a variação acumulada pelo IPCA nos últimos 12 meses ganhou força, passando de 4,61% para 5,19%. Com isso, ultrapassou o limite superior definido para a inflação deste ano, de 4,75%. Caso a trajetória continue assim, a inflação devera estourar a meta pelo terceiro ano consecutivo no Brasil.
O que é inflação?
O termo inflação se refere ao aumento geral nos preços de bens e serviços em uma economia. Assim, quando a taxa inflacionária sobe, o dinheiro passa a comprar menos bens e contratar menos serviços, pois o aumento da inflação reduz o poder de compra do consumidor.
No entanto, quando ocorre o contrário, tem-se deflação. Este termo se refere à redução nos preços de produtos e serviços no país. Em 2023, apenas junho registrou deflação. Nos demais meses, os preços só fizeram subir no Brasil.
Cabe salientar que alguns analistas afirmam que deflação só ocorre quando a queda dos preços fica generalizada. Quando isso não ocorre, eles entendem o resultado apenas como uma queda da inflação, e não deflação em si.
De todo modo, o principal objetivo do IPCA é “medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias, cujo rendimento varia entre 1 e 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos”, segundo o IBGE.
Gasolina impulsiona inflação no Brasil
O IBGE revelou que seis dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados registraram alta em seus preços em setembro, indicando um resultado mais forte para os avanços dos preços, fazendo a inflação acelerar em relação a agosto.
Em suma, o destaque em setembro ficou com o grupo transportes, cujos preços subiram 1,40%, acelerando em relação ao mês anterior (0,34%). Com isso, o grupo exerceu um impacto de 0,29 ponto percentual (p.p.) no IPCA de setembro, mais do que a própria inflação do período.
A saber, o item gasolina influenciou o índice em 0,14 p.p., variação que respondeu por metade da alta do grupo transportes. Isso aconteceu porque os preços da gasolina subiram 2,80% em setembro, impulsionando o IPCA.
“A gasolina é o subitem que possui maior peso no IPCA. Com essa alta, acaba contribuindo de maneira importante para o resultado do mês de setembro“, explicou o gerente do IPCA/INPC, André Almeida.
No geral, o preço dos combustíveis subiu 2,70%, impulsionado pela gasolina, mas também pelo óleo diesel (10,11%) e pelo gás veicular (0,66%). Já o etanol ficou 0,62% mais barato em setembro.
Além disso, vale destacar a forte alta de 13,47% nos preços das passagens aéreas, após o recuo de 11,69% no mês anterior. Esse resultado também pressionou a inflação do grupo transportes no mês.
Veja a variação dos grupos do IPCA em setembro
O grupo transportes teve a maior variação entre os grupos pesquisados pelo IBGE. Contudo, não foi o único a registrar alta dos preços no mês. Confira abaixo a variação registrada por todos os nove grupos em setembro:
- Transportes: 1,40%;
- Habitação: 0,47%;
- Despesas pessoais: 0,45%;
- Vestuário: 0,38%;
- Educação: 0,05%;
- Saúde e cuidados pessoais: 0,04%;
- Comunicação: -0,11%;
- Artigos de residência: -0,58%;
- Alimentação e bebida: -0,71%.
A segunda maior variação dos preços foi registrada pelo grupo habitação, que havia liderado as altas em agosto. O grupo impactou o IPCA em 0,07 p.p., impulsionado pelo item energia elétrica residencial, cujos preços subiram 0,99% em setembro, impactando a inflação em 0,04 p.p.
Alimentação mais barata no mês
Embora os preços tenham acelerado em alguns grupos, pressionando a inflação em setembro, não foi isso o que aconteceu com o grupo alimentação. Em síntese, os preços da alimentação já haviam caído em julho (-0,46%) e agosto (-0,85%), e isso também aconteceu em setembro (-0,71%), ajudando a limitar a alta do IPCA, que veio abaixo do esperado.
“É o grupo de maior peso no IPCA e teve deflação pelo quarto mês consecutivo, mantendo trajetória de queda no preço dos alimentos principalmente para consumo no domicílio“, avaliou André Almeida.
Veja as quedas mais importantes registradas em setembro entre os alimentos:
- Batata-inglesa (-10,41%);
- Cebola (-8,08%);
- Ovo de galinha (-4,96%);
- Leite longa vida (-4,06%);
- Carnes (-2,10%).
Por outro lado, dois itens tiveram os principais avanços de setembro: arroz (3,20%) e tomate (2,89%). Entretanto, os avanços não impediram a queda dos preços no grupo alimentação em setembro.