Os analistas do mercado financeiro reduziram pela segunda semana as estimativas para a inflação no Brasil em 2023. Isso quer dizer que os preços dos bens e serviços poderão subir menos que o esperado neste ano, aliviando um pouco o bolso dos brasileiros.
De acordo com a nova atualização do relatório Focus, que traz estimativas de analistas de mais de 100 instituições financeiras sobre indicadores econômicos do país, a inflação deverá fechar 2023 em 5,93%. Na semana passada, as estimativas eram de 5,95%.
Em resumo, essa é a segunda vez em 2023 que os analistas reduziram as projeções para a inflação. Em todas as demais semanas, a taxa cresceu ou se manteve estável. Por isso, mesmo que a queda tenha sido leve, já é algo a ser comemorado, visto que não aconteceu nos primeiros meses do ano.
A propósito, o Banco Central (BC), responsável pelo levantamento, divulgou as novas estimativas dos analistas nesta segunda-feira (20).
Apesar de mais uma queda, as novas projeções para a inflação continuam distantes da meta para este ano. E cabe ao BC agir para buscar uma taxa abaixo da meta definida.
Para 2024, a taxa subiu de 4,11% para 4,13%, segundo avanço após três semanas de estabilidade.
CMN define a meta da inflação
Para quem não sabe, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para a inflação do país todos os anos. Assim, o BC age para cumprir a meta definida, uma vez que a inflação controlada traz diversos benefícios para o Brasil, como:
- Maior tranquilidade para investir no Brasil;
- Mais previsibilidade econômica, permitindo um planejamento das indústrias;
- Redução da concentração de renda;
- Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável.
Para 2023, o CMN definiu uma meta central de 3,25% para a inflação no país, podendo variar entre 1,75% e 4,75%. Isso acontece porque a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Portanto, caso a inflação de 2023 tenha uma variação dentro desse intervalo, entre 1,75% e 4,75%, ela terá sido formalmente cumprida, mesmo superando a meta central de 3,25%.
Como visto no relatório Focus, os analistas não acreditam que o Brasil cumprirá a meta. Caso isso realmente aconteça, a inflação irá estourar a meta pelo terceiro ano consecutivo, ou seja, os preços de produtos e serviços vão subir mais que o esperado mais uma vez.
Inflação em alta no Brasil em 2023
Neste ano, os brasileiros deverão voltar a enfrentar uma inflação mais elevada. Na verdade, a taxa já está mais alta que o esperado, e isso pode ficar ainda mais intenso com a volta da arrecadação de impostos sobre combustíveis.
Em síntese, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou em janeiro deste ano um pacote de medidas adotadas pelo governo federal para reduzir o rombo das contas públicas. Para 2023, o déficit aprovado pelo Congresso Nacional foi de R$ 231,5 bilhões. Contudo, os esforços do governo devem reduzir o rombo para R$ 120 bilhões.
Nesse cenário, o déficit das contas públicas diminui graças ao aumento da arrecadação federal, ou seja, os brasileiros pagam a pagar mais caro, e a inflação se refere justamente a essa alta dos preços.
Para segurar a inflação, o Banco Central elevou 12 vezes consecutivas o juro da economia brasileira, a Selic, entre março de 2021 e agosto de 2022. Com isso, a taxa Selic chegou a 13,75% ao ano, maior patamar desde 2016.
Inclusive, a alta dos juros ajudou a segurar a inflação no país em 2022. No entanto, os impactos de uma Selic mais elevada costumam ser vistos com maior nitidez apenas um ou dois anos após os aumentos.
Por isso, a inflação do Brasil, que já perdeu força no ano passado, deverá cair ainda mais neste ano e em 2024, mas não tanto quanto o esperado, principalmente por causa do retorno dos impostos sobre os combustíveis. Enquanto isso, os juros deverão se manter em patamar elevado por mais algum tempo.
Estimativas para o PIB brasileiro recuam
O relatório Focus também revelou as novas projeções dos analistas sobre o PIB brasileiro. Nesta semana, o mercado financeiro elevou levemente as projeções para o crescimento da economia brasileira em 2023, de 0,88% para 0,90%.
A saber, esse é o quinto avanço em seis semanas, o que indica maior otimismo dos analistas em relação à atividade econômica do país em 2023. Ainda assim, o crescimento do PIB brasileiro deverá ser bem menor que o registrado em 2022.
Já para 2024, as projeções recuaram pela segunda vez seguida, de 1,47% para 1,40%, após 11 semanas de estabilidade. Apesar da queda, o PIB brasileiro deverá crescer mais expressivamente no ano que vem do que em 2023, uma vez que os impactos da inflação deverão estar mais brandos no país.
Por fim, os analistas estimaram pela quinta semana consecutiva que a taxa Selic ficará em 12,75% ao ano em 2023, sexta semana de estabilidade. Já para o ano que vem, os juros deverão ficar em 10,00%, patamar ainda elevado e que continuará afetando a renda dos brasileiros.