A inflação no Brasil e o Produto Interno Bruto (PIB) do país deverão subir mais que o esperado em 2023. Pelo menos é isso o que aponta a nova atualização do relatório Focus, que traz estimativas de analistas de mais de 100 instituições financeiras sobre indicadores econômicos do país.
De acordo com a publicação, a inflação no Brasil deverá encerrar este ano em 5,98%, taxa levemente maior que a projetada na semana passada (5,96%). A saber, a inflação se refere ao aumento contínuo e generalizado dos preços de bens e serviços.
Em suma, essa é a segunda semana consecutiva de alta das projeções, após duas quedas. Inclusive, estas foram as únicas retrações registradas em 2023, visto que, nas demais semanas, a taxa cresceu ou se manteve estável.
A propósito, o Banco Central (BC), responsável pelo levantamento, divulgou as novas estimativas dos analistas nessa segunda-feira (10). É importante salientar que, com mais uma elevação, as novas projeções para a inflação ficaram ainda mais distantes da meta para este ano, o que é ruim para o país, que busca uma taxa inflacionária abaixo da meta definida para 2023.
Quem define a meta da inflação no Brasil?
A saber, o Conselho Monetário Nacional (CMN) é o responsável pela projeção de uma meta central para a inflação do país todos os anos. Assim, o BC age para cumprir a meta definida, uma vez que a inflação controlada traz diversos benefícios para o país, como:
- Maior tranquilidade para investir no Brasil;
- Mais previsibilidade econômica, permitindo um planejamento das indústrias;
- Redução da concentração de renda;
- Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável.
Para 2023, o CMN definiu uma meta central de 3,25% para a inflação no país, podendo variar entre 1,75% e 4,75%. Isso acontece porque a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Portanto, caso a inflação deste ano tenha uma variação dentro desse intervalo, entre 1,75% e 4,75%, ela terá sido formalmente cumprida, mesmo superando a meta central de 3,25%.
Como visto no relatório Focus, os analistas não acreditam que o Brasil cumprirá a meta. Caso isso realmente aconteça, a inflação irá estourar a meta pelo terceiro ano consecutivo, ou seja, os preços de produtos e serviços vão subir mais que o esperado mais uma vez.
A saber, o Conselho Monetário Nacional é composto por:
- Presidente do Banco Central;
- Ministro da Fazenda;
- Secretário Especial de Fazenda do Ministério da Economia.
Inflação em alta no Brasil em 2023
Neste ano, os brasileiros deverão voltar a enfrentar uma inflação mais elevada. Na verdade, a taxa já está mais alta que o esperado e isso pode ficar ainda mais intenso com a volta da arrecadação de impostos sobre combustíveis.
Em síntese, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou em janeiro deste ano um pacote de medidas adotadas pelo governo federal para reduzir o rombo das contas públicas. Para 2023, o déficit aprovado pelo Congresso Nacional foi de R$ 231,5 bilhões. Contudo, os esforços do governo devem reduzir o rombo para R$ 120 bilhões.
Nesse cenário, o déficit das contas públicas diminui, graças ao aumento da arrecadação federal, ou seja, os brasileiros passam a pagar mais caro. Para segurar a inflação, o Banco Central elevou 12 vezes consecutivas os juros da economia brasileira, a Selic, entre março de 2021 e agosto de 2022. Dessa forma, a taxa Selic chegou a 13,75% ao ano, maior patamar desde 2016.
Além disso, é importante destacar que a alta dos juros ajudou a segurar a inflação no país em 2022. No entanto, os impactos de uma Selic mais elevada costumam ser vistos com maior nitidez apenas um ou dois anos após os aumentos.
Por isso, a inflação do Brasil, que já perdeu força no ano passado, deverá cair ainda mais neste ano e em 2024, mas não tanto quanto o esperado, principalmente devido ao retorno dos impostos sobre os combustíveis. Por ora, os juros deverão se manter em patamar elevado por mais algum tempo.
Estimativas para o PIB brasileiro sobem
O relatório Focus também revelou as novas projeções dos analistas sobre o PIB brasileiro. Nesta semana, o mercado financeiro elevou levemente as projeções para o crescimento da economia brasileira em 2023, de 0,90% para 0,91%.
Nas últimas semanas, os analistas elevaram de maneira recorrente as estimativas para o PIB do país em 2023, o que indica maior otimismo para este ano. Ainda assim, o crescimento do PIB brasileiro deverá ser bem menor que o registrado em 2022.
Já para 2024 as projeções caíram de 1,48% para 1,44%. Mesmo com o recuo, o PIB brasileiro deverá crescer mais expressivamente no ano que vem do que em 2023, uma vez que os impactos da inflação deverão estar mais brandos no país.
Por fim, os analistas estimaram pela oitava semana consecutiva que a taxa Selic ficará em 12,75% neste ano. Já para 2024, os juros deverão ficar em 10,00%, patamar ainda elevado e que continuará afetando a renda dos brasileiros.