A produção industrial brasileira encolheu 0,2% em fevereiro deste ano, na comparação com janeiro. A queda é a terceira consecutiva e preocupa ainda mais o país, uma vez que a indústria figura como um dos principais setores econômicos.
Aliás, vale destacar que a produção industrial encerrou 2022 em leve queda, ou seja, os recuos registrados nos primeiros meses de 2023 indicam que o patamar da indústria brasileira só faz cair no país.
O recuo da produção industrial não foi apenas mensal. Isso porque, no acumulado dos últimos 12 meses até fevereiro, a taxa também caiu 0,2%.
Com o acréscimo desse resultado, a atividade industrial seguiu abaixo do nível de fevereiro de 2020, último mês antes da decretação da pandemia da covid-19. Em fevereiro deste ano, a taxa ficou 2,6% abaixo do nível pré-pandemia, ou seja, as perdas nos últimos anos ainda não foram recuperadas.
Além disso, a produção industrial brasileira está 19% abaixo do patamar recorde registrado em maio de 2011.
Todos esses dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A série histórica teve início em janeiro de 2002 e, de lá pra cá, informa o desempenho da produção industrial do país mensalmente.
Indústria recua de maneira isolada
De acordo com a PMI, nove dos 25 ramos industriais registraram resultados negativos em fevereiro. Da mesma forma, duas das quatro grandes categorias econômicas pesquisadas pelo IBGE também fecharam o mês em queda, na comparação com janeiro.
No mês de fevereiro deste ano, os setores que exerceram os maiores impactos negativos na produção industrial brasileira foram:
- Produtos alimentícios: -1,1%;
- Produtos químicos: -1,8%;
- Produtos farmoquímicos e farmacêuticos: -4,5%.
O IBGE destacou que outras atividades deram contribuições relevantes para a queda da produção industrial em fevereiro, como máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-3,5%) e produtos de metal (-1,4%).
Embora a produção industrial tenha caído em fevereiro, 16 dos 25 grupos pesquisados fecharam o mês em alta. Entretanto, isso não impediu a queda da indústria no mês, mas vale destacar as atividades que limitaram o recuo em fevereiro.
Confira abaixo os setores com os maiores impactos positivos na indústria brasileira:
- Indústrias extrativas: +4,6%;
- Bebidas: +3,6%
- Produção de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis: +0,5%;
- Impressão e reprodução de gravações: +11,2%;
- Produtos diversos: +4,0%;
Outras duas atividades também ajudaram a reduzir a queda da indústria brasileira em fevereiro: metalurgia (0,8%) e produção de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (2,0%).
Atividade industrial recua em cinco dos 15 locais
A produção industrial do país encolheu em fevereiro devido à queda registrada em cinco dos 15 locais pesquisados. Apesar de poucos resultados terem ficado negativos, eles foram intensos o suficiente para puxarem a taxa nacional para baixo.
“Na passagem de janeiro para fevereiro, a produção industrial nacional teve o terceiro resultado negativo consecutivo, acumulando queda de 0,6% nesse período. A maior influência sobre esse recuo de fevereiro veio do Rio Grande do Sul, que foi impactado pelos setores de derivados do petróleo e de veículos”, explicou o analista da pesquisa, Bernardo Almeida.
Confira quais locais tiveram taxas negativas em janeiro:
- Rio Grande do Sul: -6,9%;
- Mato Grosso: -4,9%;
- Goiás: -2,5%;
- Ceará: -1,9%;
- São Paulo: -0,7%.
No Rio Grande do Sul, as férias coletivas no setor de veículos enfraqueceram a produção industrial do segmento, afetando o resultado nacional.
“Esse setor vem diminuindo o ritmo de produção em razão do encarecimento de matérias-primas e do desabastecimento de insumos e, do lado do consumo, há a perda do poder de compra das famílias, com a inflação ainda em patamares elevados“, disse Almeida.
Do lado dos avanços, as taxas foram as seguintes:
- Pernambuco: +8,8%;
- Bahia: +4,9%;
- Minas Gerais: +3,3%;
- Pará: +2,7%;
- Região Nordeste: +2,5%;
- Santa Catarina: +1,8%;
- Espírito Santo: +1,6%;
- Amazonas: +1,6%;
- Rio de Janeiro: +1,1%;
- Paraná: +0,4%.
Vale destacar que cada região exerce uma determinada influência na taxa nacional. O grande destaque é São Paulo, que responde por cerca de 34% da produção industrial do Brasil. Por isso que o resultado negativo, apesar de pequeno na comparação com as principais variações positivas, impactou mais fortemente a indústria brasileira no geral.
Indústria nacional segue negativa em 12 meses
Com o acréscimo do recuo mensal, a produção industrial continuou acumulando uma queda nos últimos 12 meses, agora de 0,2%. Embora seja uma taxa negativa, o destaque é a sua desaceleração, que vem sendo registrada desde julho de 2022.
Em síntese, nove dos 15 locais apresentaram taxas negativas no período: Espírito Santo (-9,9%), Pará (-7,7%), Santa Catarina (-4,1%), Paraná (-3,9%), Ceará (-3,0%), Pernambuco (-2,0%), Goiás (-0,9%), Região Nordeste (-0,7%) e Rio Grande do Sul (-0,3%).
Em contrapartida, os avanços vieram de Mato Grosso (+10,7%), Rio de Janeiro (+4,9%), Amazonas (+4,8%), Bahia (+1,2%) e São Paulo (+0,4%). Maranhão, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte não tiveram variações significativas no período.
Por fim, a PIM Brasil produz indicadores de curto prazo desde a década de 1970, segundo o IBGE. Em síntese, o levantamento analista o comportamento do produto real das indústrias extrativa e de transformação.