A Samsung e o Inova-HC iniciaram um estudo para avaliar a utilidade de smartwatches no monitoramento remoto de pacientes em recuperação da covid-19 e acompanhamento de uma das suas principais sequelas, o AVC (Acidente Vascular Cerebral). O projeto utilizará os recém-lançados smartwatch Galaxy Watch4 para aferir e monitorar informações de saúde, como oxigenação do sangue, batimentos cardíacos, pressão arterial e de sono dos pacientes.
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O projeto integra o programa de Saúde Digital desenvolvido pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Com os dados coletados do paciente, em conjunto com o prontuário médico e seu histórico de doenças prévias, os pesquisadores pretendem acompanhar e monitorar alterações nos sinais vitais, identificando, de maneira preventiva, possíveis riscos e a necessidade de intervenções médicas.
Além disso, a pesquisa também terá como objetivo validar as informações coletadas pelos smartwatches. Utilizando equipamentos clínicos tradicionais, os médicos querem garantir a viabilidade em se utilizar estes dispositivos na tomada de decisões médicas de forma preditiva em casos de pacientes em recuperação.
O estudo será realizado com 80 pacientes voluntários em recuperação da covid-19 ao longo de um ano, com possibilidade de extensão para um período de tempo maior, a fim de explorar o uso dos smartwatches em outros contextos médicos.
Benefícios do projeto
Entre os benefícios de se usar um smartwatch para monitorar a saúde, espera-se, além da identificação de doenças e riscos de maneira preventiva, está presente também a melhora da qualidade de vida do paciente. Uma vez que tudo será coletado de maneira remota por conta do smartwatch, o paciente não precisará se deslocar para hospitais ou clínicas para aferir estes dados evitando, assim, exposição aos riscos de ambiente hospitalar.
Além disso, coletar estas informações de forma naturalística e remota, significa reconhecer em tempo real as alterações, evitar deslocamentos desnecessários, gerar economia aos hospitais a longo prazo, já que não haverá mais a necessidade de arcar com custos de hotelaria e medicamentos, por exemplo.
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A Samsung destaca que seus novos smartwatches são equipados com o sensor BioActive que utiliza um único chip para aferir com precisão a frequência cardíaca óptica, o cardíaco elétrico e a avaliação da composição corporal por meio da bioimpedância – um teste que oferece uma compreensão mais profunda da saúde e forma física geral, com medições importantes como músculo esquelético, taxa metabólica basal, água corporal e porcentagem de gordura corporal.
Wearables ganham importância na área da saúde
Vivaldo José Breternitz, professor do Programa de Mestrado Profissional em Computação Aplicada da Universidade Presbiteriana Mackenzie, e seu mestrando Sergio Santos Garcia, os wearables (como o smartwatch da Samsung) vêm ganhando mais confiabilidade na área da saúde. Eles destacam que a maior parte desses equipamentos, incluindo smartwatches, não tem o aval das autoridades de saúde pública para serem utilizados como ferramentas “oficiais” para monitorar a saúde ou diagnosticar.
Mas começam a surgir exceções, como em 2018, quando a Empatica recebeu autorização do FDA (órgão norte-americano que regula o mercado de saúde) para uso de seu relógio inteligente no monitoramento de convulsões, alertando cuidadores quando necessário. No Brasil, em agosto de 2020, a Anvisa aprovou dois aplicativos processados por equipamentos Samsung para eletrocardiogramas e monitoramento de pressão arterial.
Outro benefício dos wearables é possibilidade de compartilhar dados, caso os usuários concordem. A medida pode informar as unidades de saúde locais sobre um aumento repentino no número de casos de determinada doença, assim focando os esforços em prevenção naquela região. Também é possível ajudar equipes médicas durante emergências, usando o histórico de registros do dispositivo como base para determinar os melhores procedimentos.
Eles destacam que estão em desenvolvimento pesquisas no sentido de tornar os wearables ainda mais úteis, gerando estímulos para melhoria do sono e até aperfeiçoando exoesqueletos, estruturas robóticas ligadas ao corpo. Estes equipamentos podem ajudar pessoas a se locomover, gastando menos energia do usuário na execução de tarefas penosas e permitindo que deficientes físicos se movimentem de forma quase normal.